Zanin tem novo encontro com evangélicos, é elogiado por Damares e recebido por Mourão

Indicado de Lula para o STF conversa com ex-integrantes do governo Bolsonaro para firmar apoio em sabatina no Senado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Thaísa Oliveira Paulo Roberto Netto
Brasília e São Paulo | UOL

O advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Lula (PT) para o STF (Supremo Tribunal Federal), encontrou-se nesta quarta-feira (14) com dois senadores que ocuparam altos cargos no governo Jair Bolsonaro (PL): a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

O encontro fez parte de uma agenda da bancada do Republicanos com Zanin. Além de Mourão e Damares, estavam os senadores Mecias de Jesus (RR), líder do grupo, e Cleitinho (MG).

Após a reunião, Damares teceu elogios ao indicado de Lula. Segundo a assessoria da senadora, ela considerou Zanin "muito inteligente" e "gostou muito dele como pessoa". Damares "pediu ainda que ele fosse o ministro das crianças no STF, caso seja aprovado".

O advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Lula (PT) para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal)
O advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Lula (PT) para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) - Pedro Ladeira - 13.jun.23/Folhapress

Em 10 de junho, a ex-ministra de Bolsonaro publicou uma mensagem no Twitter dizendo que seu voto seria contra Zanin e que "nada, nem ninguém" a faria mudar de ideia.

"Acredito que a indicação do Dr. Zanin fere o princípio constitucional da impessoalidade e, portanto, não posso aceitá-la", disse Damares na ocasião. Questionada pela Folha nesta quarta, ela afirmou manter a posição.

Mecias de Jesus, que já havia conversado com o indicado de Lula, disse à Folha que vai votar sim e que fez questão de apresentá-lo aos senadores da bancada. O líder do Republicanos é um dos 27 titulares da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde os futuros ministros do STF são sabatinados.

"Nenhum dos três senadores garantiram que votariam nele, mas todos gostaram muito da conversa, da transparência, da forma equilibrada, e sem ideologia nenhuma", disse o senador sobre Damares, Mourão e Cleitinho.

Zanin também teve um novo encontro nesta quarta com parlamentares da bancada evangélica do Congresso Nacional, em busca de votos para a sabatina no próximo dia 21 no Senado. Ele já havia almoçado com líderes do segmento religioso na semana passada.

A nova reunião foi organizada pelo deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP) e contou com a presença de Damares.

O encontro com os evangélicos durou cerca de 40 minutos e foi realizado na Catedral Baleia, sede da Convenção Nacional das Assembleias de Deus do Brasil Ministério Madureira, em Brasília. Os presidentes da bancada evangélica na Câmara dos Deputados, Eli Borges (PL-TO), e no Senado, Carlos Viana (Podemos-MG), estavam presentes.

Integrantes do encontro desta quarta afirmaram ao UOL, em caráter reservado, que o saldo da reunião foi positivo e que o advogado foi bem-visto pelo grupo.

Um parlamentar relatou que a reunião não teve caráter de sabatina, mas de reafirmação de posições, e que Zanin ouviu promessas de apoio da igreja, ligada a senadores evangélicos, que cobraria votos no advogado.

Ao sair, foi elogiado por pastores que participaram da reunião e até ouviu um "futuro ministro do STF" ao se despedir dos líderes religiosos.

Na semana passada, Eli Borges afirmou ao UOL que Zanin "compreende as pautas" do grupo e que tem ouvido comentários positivos sobre o advogado.

"O que observo em tudo o que ouvi é que ele realmente compreende as pautas que são caras para nós. A pauta da família, da não doutrinação ideológica nas escolas, da não liberação da maconha, da vida e, sobretudo, a pauta da liberdade. São temas caros para a Frente Parlamentar Evangélica e que não estão na mesa de negociação", disse o parlamentar.

O próprio advogado considerou que a reunião foi ótima, repetindo as poucas palavras que têm dado desde o início do périplo com senadores.

Zanin não participou do almoço, organizado pelas lideranças evangélicas, em razão de compromissos no Senado.

Ele tem se aproximado de parlamentares da frente evangélica nas últimas semanas —uma das mais fortes do Congresso. Nos encontros, o advogado tem dito que temas espinhosos em tramitação no Supremo, como o aborto e a descriminalização de drogas, devem ser discutidos pelo legislativo.

O advogado já havia almoçado com Viana e com o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, em 6 de junho. No encontro, tratou de temas considerados caros ao segmento religioso.

Também conversou com o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), e o senador Jorge Seif (PL-SC), ex-secretário da Pesca do governo Jair Bolsonaro.

No momento, a avaliação é que embora a sabatina possa ser dura, Zanin não deve ter dificuldades em ser aprovado para o STF. Parlamentares já até iniciaram uma contagem informal de votos que ele deve ter no plenário.

O advogado obteve na terça (13) o apoio do PSD —partido aliado do Planalto e dono da maior bancada no Senado. O principal questionamento teria sido sobre a possibilidade de o advogado ser "acessível" aos parlamentares após assumir o cargo— algo que é criticado no perfil de outros integrantes da corte.

Zanin também teria acenado aos evangélicos ao dizer que, como juiz, o dever é interpretar as leis e a Constituição ao ser questionado sobre discriminação contra religiosos.

Desde a indicação, o indicado por Lula optou por um "beija-mão" inicialmente discreto e participou de almoços e jantares com parlamentares. Agora, ele começou a circular entre os gabinetes dos senadores. Por ora, não há uma ordem de prioridade —o advogado sinaliza a intenção e encaixa uma audiência na agenda dos parlamentares disponíveis.

Ainda não foi avaliado por sua equipe se Zanin buscará se reunir com Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato e seu principal adversário no processo de Lula.

Nesta quarta, ele ainda se reuniria com a bancada do MDB e com os senadores Jayme Campos (União Brasil-MT), Alan Rick (União Brasil-AC), Eduardo Girão, líder do Novo no Senado, Confúcio Moura (MDB-RO) e Ivete da Silveira (MDB-SC).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.