Descrição de chapéu Folhajus TSE

PDT cobra Bolsonaro inelegível em julgamento no TSE e fala em tentativa de golpe

Partido apresentou ação que pode transformar o ex-presidente em inelegível por oito anos; veja vídeo

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Brasília

A representação jurídica do PDT, que apresentou a ação que pode levar Jair Bolsonaro (PL) à inelegibilidade, defendeu nesta quinta-feira (22) a punição ao ex-presidente aos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o argumento de que houve a tentativa de um golpe de Estado.

O advogado do partido rebateu o argumento da defesa de Bolsonaro de que o TSE não pode analisar todo contexto de ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral, mas apenas a reunião com os embaixadores.

De acordo com a atual legislação, caso condenado, ele estará apto a se candidatar novamente em 2030, aos 75 anos, ficando afastado portanto de três eleições até lá (sendo uma delas a nacional de 2026).

Bolsonaro embarca em Brasília para Porto Alegre, momentos antes de o TSE iniciar o julgamento - Gabriela Biló - 22.jun.23/Folhapress

Em sua manifestação no julgamento, o advogado Walber Agra disse que a ação, que foi motivada pela reunião do ex-presidente com embaixadores estrangeiros, "não se trata apenas de uma reunião dos embaixadores, se trata de uma pluralidade de fatos".

Segundo ele, essa pluralidade de fatos tem relação tanto com a eleição de 2018 quanto com a eleição de 2022. "Não está se tentando imputar responsabilidade por um conjunto de obra", disse.

O advogado afirmou que a minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro Anderson Torres é "o desfecho da tentação desses atos praticados", em referência aos ataques às urnas eletrônicos.

Agra também criticou a atuação dos advogados de Bolsonaro por terem tentado impedir a inclusão da minuta do golpe nos autos do processo.

"A defesa é feita através não da alegação do fato, mas é feita através da tentativa de óbices processuais. É feita através de mais uma fake news. Quando eu nego seu conteúdo, quem cala consente", disse.

Segundo o advogado, a minuta do golpe é um dos " desdobramentos de fatos da causa de pedir", disse. "A causa de pedir é prévia, mas vou negar o fato? Vou congelar o mundo finalmente?", argumentou.

E prosseguiu: "Fatos posteriores são desdobramentos. A narrativa é a mesma. Não há incorporação de nenhum fato novo, de nenhuma causa de pedir diversa".

A Aije (ação de investigação judicial eleitoral) contra Bolsonaro tem como foco a reunião com embaixadores realizada pelo então presidente em julho do ano passado, na qual ele repetiu mentiras sobre as urnas eletrônicas e fez ataques aos ministros do TSE e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Esse modelo de ação, a Aije, pode ser apresentada até a data da diplomação do candidato e tem como objetivo apurar condutas que possam afetar a igualdade de disputa na eleição, como abuso de poder econômico, de autoridade ou uso indevido dos meios de comunicação.

Homem branco, de cabelo preto, terno, gravata e óculos, sentado em poltrona de madeira, com parede de madeira ao fundo
Walber Agra, advogado do PDT que moveu ação pedindo a inelegibilidade de Bolsonaro - Divulgação

Se for declarado inelegível pelo TSE, Bolsonaro, 68, não poderá disputar eleições por oito anos —prazo que conta a partir da eleição de 2022.

Em julho do ano passado, Bolsonaro convidou dezenas de representantes estrangeiros para falar sobre o sistema eletrônico de votação do país.

O evento durou cerca de 50 minutos e foi transmitido pela TV Brasil. Na ocasião, a Secretaria de Comunicação do governo barrou a imprensa, permitindo apenas a participação dos veículos que se comprometessem a transmitir o evento ao vivo.

O PDT diz que Bolsonaro praticou abuso de poder político, que ocorre quando o detentor do poder utiliza de sua posição "para agir de modo a influenciar o eleitor", prejudicando a liberdade de voto.

Além disso, afirma que fez uso indevido de meios de comunicação social –ao usar redes sociais para veicular ataques à integridade do sistema de votação.

O partido aponta também que teria havido uso indevido do aparato estatal, pelo evento ter ocorrido no Palácio da Alvorada, com transmissão pela TV Brasil.

A fala do PDT acontece antes de o advogado de Bolsonaro, Tarcísio Vieira, iniciar a sua fala aos ministros.

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