Bolsonaro vê reveses em série de aliados, de Cid e Torres a Wassef, Silvinei e Zambelli

Advogado de Bolsonaro foi alvo de buscas nesta sexta-feira (11)

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São Paulo

Desde que foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por suas mentiras e ataques ao sistema eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem visto alguns de seus principais aliados acumularem reveses da mesma forma.

Os alvos mais recentes foram o advogado Frederick Wassef, alvo de buscas da Polícia Federal nesta sexta-feira (11) e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, preso na quarta-feira (9) sob suspeita de interferência da corporação no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, na foto ao lado do ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques e do ex-ministro da Justiça Anderso Torres durante cerimônia no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 21.fev.2022/Folhapress

Também estão na lista de aliados de Bolsonaro em baixa a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Abaixo, entenda a situação de cada um deles:

FREDERICK WASSEF

O advogado de Bolsonaro foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal no caso das joias enviadas ao ex-presidentes por autoridades sauditas. Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do governo brasileiro para "desviar bens de alto valor patrimonial".

Responsável pela defesa do senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2020, ele chegou a se afastar da defesa dos Bolsonaro após o policial aposentado Fabrício Queiroz ter sido preso na propriedade dele em Atibaia, no interior paulista. No mesmo ano, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar movimentações financeiras suspeitas na conta do advogado.

SILVINEI VASQUES

Preso pela PF, Silvinei foi um dos subordinados mais próximos de Bolsonaro e chegou a ser convocado no dia do segundo turno pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, para dar explicações sobre a atuação da PRF, sob risco de prisão.

A Folha revelou que a PRF ampliou naquele dia o número de abordagens a ônibus, descumprindo uma decisão do TSE que havia proibido operações que envolvessem transporte público.

Também no dia do segundo turno, Silvinei pediu votos para Bolsonaro nas redes sociais. Publicou uma imagem da bandeira do Brasil com as frases "Vote 22. Bolsonaro presidente". Apagou depois a postagem.

Segundo a PF, integrantes da PRF teriam direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro do ano passado. Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início daquele mês.

No segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado principalmente à região Nordeste. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal.

São também apurados crimes, como o de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, privar ou recusar no dia da eleição o fornecimento de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato.

CARLA ZAMBELLI

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo de uma operação da PF no dia 2 de agosto que prendeu Walter Delgatti, conhecido como o hacker da "Vaza Jato". Agentes realizaram buscas no gabinete na Câmara dos Deputados e endereços residenciais da parlamentar.

Zambelli e Delgatti são suspeitos de atuarem em uma trama que mirava Moraes e que resultou na invasão dos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão.

A deputada afirmou à imprensa que existe uma tentativa de envolver Bolsonaro no contexto das investigações contra ela. Ela disse não haver ligação entre o caso e o ex-presidente.

A parlamentar prestaria depoimento à PF nesta segunda-feira (7), mas a defesa pediu o adiamento, por não ter acesso aos autos da investigação.

ANDERSON TORRES

O ex-ministro Anderson Torres compareceu de tornozeleira eletrônica para prestar depoimento à CPI do 8 de janeiro nesta terça-feira (8). O uso do equipamento foi uma das condições impostas por Moraes em maio passado para que ele deixasse o Batalhão da Polícia Militar e fosse para a prisão domiciliar.

Torres foi um dos principais apoiadores das investidas antidemocráticas de Bolsonaro quando era ministro da Justiça. Ele é um dos investigados no inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar possíveis autoridades omissas nos ataques em Brasília.

O ex-ministro afirmou aos deputados que a minuta golpista encontrada em sua casa é "fantasiosa" e que não sabe quem redigiu o texto porque recebia documentos de "diversas fontes".

O documento golpista, revelado pela Folha, foi encontrado no armário da casa dele durante busca e apreensão feita pela Polícia Federal em janeiro. A proposta de decreto dava a Bolsonaro o poder de instaurar estado de defesa na sede do TSE.

MAURO CID

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid está preso desde maio por determinação de Moraes. Ele é alvo de investigações no Supremo e em outras instâncias, incluindo a que apura o caso das joias enviadas ao ex-mandatário por autoridades da Arábia Saudita.

Em julho, ele compareceu à CPI do 8 de janeiro, mas permaneceu em silêncio. No mesmo mês, um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou movimentações atípicas na conta de Cid e indícios de lavagem de dinheiro no envio de R$ 367 mil aos EUA.

Os parlamentares da CPI tiveram acesso a trocas de e-mails entre funcionários da ajudância de ordens da Presidência que indicam que Bolsonaro recebeu, em outubro de 2022, um envelope e uma caixa com pedras preciosas para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Documentos enviados à comissão, revelados pelo jornal O Globo, indicam que Cid tentou vender um relógio da Rolex recebido por Bolsonaro em 30 de outubro de 2019 durante almoço oferecido pelo rei da Arábia Saudita à comitiva brasileira.

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