PSDB resgata tucano, reabilita Aécio e busca caminho 'nem Lula nem Bolsonaro' após fracasso

Eduardo Leite diz que polarização vai acabar e que partido se tornará alternativa depois de derrota histórica em 2022

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Brasília

O PSDB realizou um seminário nesta quinta-feira (24) em Brasília para apresentar novas diretrizes da legenda após a derrota nas eleições do ano passado e disse trilhar um caminho que não represente nem Jair Bolsonaro (PL) nem Lula (PT).

O partido fez um movimento de resgatar diretrizes do passado, inclusive o tucano do logotipo, e reabilitou internamente o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), recentemente absolvido pela Justiça.

O parlamentar foi tietado por correligionários e recebido no palco com um desagravo do presidente da sigla e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) durante evento do PSDB em Brasília - PSDB no X

"Quero fazer saudação especial ao Aécio pelo fim do calvário extenso num processo que se instaurou e se revelou de denúncias infundadas e que foi agora cabalmente julgado pela Justiça improcedente", disse Leite.

"Por isso, você pode seguir agora, Aécio, adiante com tua biografia, com tudo que tu fizestes como governador pelo estado de Minas Gerais, como presidente da Câmara dos Deputados e uma extensa lista prestada de serviços ao Brasil. Pode seguir agora com a Justiça ao teu lado", completou.

No final de julho, o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) manteve a absolvição do deputado federal em acusação de corrupção no caso JBS, pelo crime de corrupção passiva, seis anos após a revelação de áudios de Joesley Batista.

No evento tucano, o dirigente foi amplamente aplaudido e quebrou o protoloco para passar a palavra para o deputado mineiro. "Nunca duvidei que esse dia ia chegar", disse Aécio, agradecendo ao "desagravo" feito por Leite.

O deputado, que foi candidato à Presidência da República em 2014, sendo derrotado por Dilma Rousseff (PT), disse ainda não ter dúvidas de que o partido voltará a ser protagonista da vida pública.

No ano passado, o partido teve o pior resultado eleitoral de sua história, em mais um capítulo da crise que levou a legenda a, pela primeira vez em sua existência, ficar de fora da disputa ao Planalto.

Os tucanos elegeram três governadores em segundo turno, mas perderam nas urnas o controle histórico que mantinham sobre São Paulo, não emplacando também nenhum senador. Na Câmara, a sigla viu sua já pequena bancada de 22 deputados federais ser reduzida a 13.

O PSDB de 2023 resgata o tucano no logotipo, extirpado há quatro anos, sob a gestão de Bruno Araújo. Na camiseta de Eduardo Leite havia uma frase de Fernando Henrique Cardoso, que diz: "Lutamos não para ganhar no dia seguinte, mas para criar um horizonte de alternativa".

O partido apresentou novos pilares, como uma economia competitiva e aberta ao mundo, mas sustentável, além de reforçar políticas públicas, mas com uma máquina pública enxuta.

Leite se queixou de que o partido foi, nos últimos anos, afetado pela polarização eleitoral Lula-Bolsonaro e seus dirigentes obrigados a tomar posição. No segundo turno do ano passado, o tucano ficou no muro.

Tucano voando sobre a sigla PSDB
Nova logo do PSDB - Divulgação

"A gente está aqui depois desse processo de discussão todo para dizer que não somos nem Lula, nem Bolsonaro. Não é simplesmente que não somos nenhum dos dois, somos PSDB, que tem DNA, visão, propósito para o país, uma forma de fazer política e a gente está buscando resgatar isso. Nessa reconexão com sentimentos originais do partido, naturalmente com visão atualizada dentro desse novo contexto", disse a jornalistas, após o evento.

Questionado se a avenida do centro é larga para correr, ele disse que, se não for, vai abrir espaço, porque acredita que a polarização eleitoral vai ser superada. "Tenho certeza que o Brasil não deseja permanecer com essa radicalização, tensionamento no ambiente político. Quando isso for superado, o PSDB vai ser alternativa", disse, esperançoso.

Sobre uma avaliação do governo Lula até o momento, o governador reconheceu "serenidade" no ambiente político, mas criticou declarações do presidente que, segundo ele, reforçam discurso do "nós contra eles".

"De um ponto de vista político, há um pouco de serenidade dos ânimos, embora muitas vezes o presidente acabe falando também em relativizar a democracia", disse, em referência às falas de Lula sobre democracia ser um conceito relativo.

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