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Dino encerra périplo pelo Senado, cita Bíblia e ganha reforço de ministros de Lula

Indicado ao STF e Paulo Gonet, indicado à PGR, passam o dia visitando gabinetes em busca de votos

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Brasília

Um dia antes de serem sabatinados, o ministro Flávio Dino e o procurador Paulo Gonet, indicados respectivamente ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à PGR (Procuradoria-Geral da República), passaram o dia no Senado em busca de votos para a aprovação.

STF
Indicado ao STF, Flávio Dino percorre o Senado na véspera da sabatina - Thaísa Oliveira/Folhapress

Para reforçar o apoio aos indicados, os quatro ministros que são senadores devem deixar os cargos para participar da votação desta quarta (13): Camilo Santana (Educação), Carlos Fávaro (Agricultura), Renan Filho (Transportes) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).

Os suplentes dos ministros —senadores Augusta Brito (PT-CE), Margareth Buzetti (PSD-MT), Fernando Farias (MDB-AL) e Jussara Lima (PSD-PI), respectivamente,— eram votos certos a Dino Gonet. Os ministros, no entanto, querem prestigiar os indicados ao STF e à PGR. Santana, Renan Filho, Dias e Dino também foram governadores de seus estados na última legislatura e têm boa relação.

Em entrevista a jornalistas nesta terça (12), o ministro da Justiça disse que soube da decisão dos colegas de Esplanada durante o périplo pelo Senado e que viu como um "gesto de carinho" e uma "homenagem". Dino citou a Bíblia e afirmou que "só tinha a agradecer".

"Eu visitei vários [senadores] que disseram que não votariam e sempre lembrei a todos uma passagem bíblica de que eu gosto muito, que é a Estrada de Damasco. Saulo era um e, na Estrada de Damasco, se transformou em Paulo. Então as pessoas mudam", disse.

"Tenho certeza que, nessa Estrada de Damasco aqui, muitos corações foram tocados. E quem sabe os votos não virem votos sim amanhã. E, se eventualmente não virarem, valeu a boa conversa. Que sempre foi muito educada, muito gentil."

Dino e Gonet conversaram separadamente nesta terça com as bancadas feminina e do PSD —a maior do Senado, com 15 membros— e visitaram diversos gabinetes. Dino também se encontrou com a bancada do MDB e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Os dois indicados devem ser sabatinados ao mesmo tempo pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) nesta quarta. O formato inédito para os cargos foi questionado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE) nesta terça-feira.

"São dois homens muito preparados, com carreiras jurídicas longas. Eles não precisam desse tipo de estratégia heterodoxa que o presidente [da CCJ] Davi [Alcolumbre] tenta aplicar", disse ele ao anunciar que fará uma questão de ordem na sessão.

A expectativa é que a votação no plenário do Senado ocorra nesta quarta ou no dia seguinte, 14. Para serem aprovados, os candidatos precisam do voto de ao menos 41 dos 81 senadores em votação secreta.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o governo está tranquilo em relação à votação e que Dino deve receber entre 45 e 52 votos.

O ministro da Justiça não quis fazer estimativas nem comentar a polêmica em torno da sabatina conjunta. Dino disse que sua projeção é "promissora", mas reforçou que o voto é secreto. Sobre o formato, afirmou que está à disposição dos senadores independentemente da regra.

Em sua busca por votos, o ministro da Justiça tem dito que sabe distinguir o papel de juiz —ocupado por ele ao longo de 12 anos como juiz federal— do de político —como deputado federal, presidente da Embratur, governador do Maranhão e, por fim, ministro.

Dino disse que dará atenção especial à harmonia entre os Poderes, se for aprovado. "Claro que, se tiver a honra de receber a aprovação do Senado, levarei comigo esse compromisso de ser um guardião, um facilitador do diálogo entre os Poderes."

Em tom bem-humorado, o ex-governador também comentou as especulações em torno do futuro ministro da Justiça. Segundo ele, Lula (PT) ainda não definiu quando ele poderá deixar a pasta, se for aprovado para o Supremo nem quem vai assumir a vaga.

"Primeiro, eu ainda sou ministro da Justiça e é meio desconfortável haver disputa de herança em vida. Em segundo lugar, são ótimos nomes. Homens, mulheres. A escolha é do presidente da República", afirmou, completando que deixará a mesma carta de recomendação a todos.

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