Aliado de Bolsonaro e embates com STF, Carlos e Felipe Neto; quem é Carlos Jordy, alvo da PF

Operação atinge deputado federal bolsonarista que é líder da oposição na Câmara

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São Paulo e Brasília

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), 41, foi alvo de buscas da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (18), na Operação Lesa Pátria, que investiga o planejamento, financiamento e execução dos ataques golpistas do 8 de janeiro às sede dos três Poderes.

A ação foi autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os mandados de busca e apreensão ocorreram na casa do deputado, em Niterói (RJ), e em seu gabinete no Congresso Nacional, em Brasília.

Jordy é o líder da oposição na Câmara dos Deputados e um dos principais aliados de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso. Já travou embates com o STF, com o youtuber Felipe Neto e com Carlos, filho do ex-presidente.

O deputado é suspeito de envolvimento em eventos antidemocráticos, como o bloqueio de rodovias e acampamentos diante de quartéis das Forças Armadas.

Homem falando cercado por microfones
O deputado federal Carlos Jordy, alvo da 24ª fase da operação Lesa Pátria, dá coletiva à imprensa em frente à sede da PF no Rio - Paulo Carneiro/Ato Press/Agência O Globo

Nas redes sociais, Jordy afirmou ser vítima de "medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal".

Relembre quem é Carlos Jordy, deputado federal em seu segundo mandato e atual pré-candidato à Prefeitura de Niterói:

Carreira política e chegada ao Legislativo

Jordy é natural de Niterói e viveu lá em boa parte da vida. É formado em turismo e hotelaria e pós-graduado em gestão pública municipal, e em 2011 iniciou carreira no funcionalismo público, na Prefeitura de São Gonçalo (RJ). Dois anos depois, foi aprovado no concurso para escrivão da Polícia Federal, e depois foi aprovado para a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

Estreou na política em 2016, eleito vereador de Niterói. Em 2018, lançou-se à Câmara, conseguindo o cargo e sendo reeleito em 2022. Ele foi escolhido para liderar a oposição na Câmara no início de 2023, superando uma disputa contra seu colega Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).

Desde 2016, já passou pelo Pros, PSC, PSL, União Brasil e PL, sua atual sigla.

Ataque ao STF

Em maio de 2022, Jordy participou de ato bolsonarista no Rio de Janeiro que promoveu ataques ao STF. O posicionamento de enfrentamento ao tribunal é recorrente nas redes sociais do político.

Naquele ato, Jordy estava ao lado de Daniel Silveira, ex-deputado federal e ex-policial militar preso em 2021 depois de fazer ameaças a ministros do Supremo.

O evento teve manifestações como "Supremo é o povo" e falas sobre a "explosão" do STF, além de frases sexistas.

Atrito com Carlos Bolsonaro

Jordy e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) já trocaram farpas públicas em meio a uma discussão entre bolsonaristas. Em janeiro de 2022, eles entraram em conflito público após um evento em que Jordy foi anfitrião ser palco de críticas contra o governo de Jair Bolsonaro.

Jordy também havia postado um vídeo nas redes sociais cobrando mais empenho do então presidente para que bolsonaristas conseguissem eleger mais senadores e deputados.

Na ocasião, Carlos afirmou que as críticas não eram construtivas e insinuou que Jordy fazia uso de drogas. "Sugiro cheirarem menos, serem mais gratos e não sujos", afirmou.

Jordy respondeu à época, à coluna Painel, da Folha, que o vereador precisava de "muita paz e luz" e tinha ideias que não correspondiam com a realidade.

"Tenho convicção que sou um dos deputados mais leais ao presidente e que mais atua em sua defesa. Acredito que haja ideias sendo plantadas na cabeça do Carlos que não correspondem a nada da realidade. Tenho minha consciência tranquila e continuarei sendo soldado da única pessoa que pode promover a mudança que o Brasil precisa: Jair Messias Bolsonaro", disse Jordy.

Ofensa a Moraes

Em fevereiro de 2021, Carlos Jordy chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de "vagabundo" nas redes sociais e insinuou que ministros do Supremo são ditadores. A fala se deu quando o político saia em defesa do ex-deputado Daniel Silveira, preso no dia 16 daquele mês por gravar vídeos com ofensas ao STF.

A prisão em flagrante havia sido determinada por Moraes e confirmada com unanimidade no plenário da corte.

"Chegou a hora do Legislativo mostrar que tem grandeza. Nem maior nem menor que o judiciário, IGUAL tamanho!", escreveu.

Na época, o deputado também afirmou que discordar da ilegalidade da prisão era "canalhice conveniente".

Ataque ao governo Lula

Jordy já protocolou, em março de 2023, um pedido de impeachment contra o governo Lula relacionado aos ataques golpistas de 8 de janeiro. O pedido defendia um suposto crime de responsabilidade do presidente nas invasões, com omissão para evitar os ataques, mas foi arquivado pela Câmara.

Oposição ferrenha ao atual governo, Jordy já afirmou que o governo Lula tem " sanha arrecadatória que nunca se viu antes no país" ao apresentar requerimento, derrubado em plenário, para adiar discussão na Câmara sobre projeto de taxação de super-ricos.

Indenização a Felipe Neto

Em junho de 2022, Carlos Jordy pagou mais de R$ 66 mil ao youtuber Felipe Neto depois de condenação pela Justiça do Rio de Janeiro por danos morais. A punição foi motivada por afirmação do deputado que associava Neto ao massacre em uma escola pública em Suzano (SP), em 2019. O deputado também foi condenado a se retratar publicamente.

Em 2019, Jordy escreveu nas redes sociais que os assassinos de Suzano tinham sido influenciados pelo conteúdo de Neto.

"Quando digo que pais não devem deixar os filhos assistirem vídeos do Felipe Neto, não é brincadeira. Em 2016, ele fez vídeo ensinando a entrarem em sites da deepweb. Agora descobriram que os assassinos de Suzano pegaram as informações para o massacre num dos sites após assistirem ao vídeo", escreveu Jordy à época.

Assessor envolvido em agressão

Jordy retrocedeu com a promessa de exonerar um assessor envolvido em confusão com parlamentares depois de sessão da CPI do 8 de janeiro que aprovou o relatório final da comissão. O documento pediu o indiciamento de Bolsonaro e de mais 60 pessoas.

No dia 18 de outubro de 2023, Rodrigo Duarte, lotado no gabinete de Jordy, envolveu-se numa confusão com os parlamentares, que caminharam até a praça dos Três Poderes depois da aprovação do relatório.

Ao tentar pegar um celular, Bastos acertou a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). "Na minha cabeça! Prende esse cara", disse a parlamentar na confusão.

No mesmo dia, o deputado afirmou que demitira o assessor, por entender que discutir com parlamentares demonstrava uma conduta "inadmissível" e "incompatível" com o cargo que ocupava. Depois, retrocedeu, alegando que não houve agressão.

Jordy não era membro da CPI do 8 de janeiro.

CPI das pesquisas

Depois do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, Jordy foi uma das principais vozes contra as pesquisas eleitorais e chegou a protocolar um pedido de CPI mirando os institutos, como coautor, ao lado de nomes como Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Segundo o pedido, o objetivo era investigar suposto uso político e eventual influência no resultado das eleições.

À época, parlamentares bolsonaristas atacaram os institutos após Bolsonaro ter obtido, no primeiro turno, desempenho superior às indicações das principais pesquisas nos dias anteriores. Os ataques ignoravam características de levantamentos eleitorais.

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