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Marta diz a Lula topar vice de Boulos, vai conversar com Nunes hoje e será demitida

Segundo aliados, prefeito está contrariado e preparou carta de demissão de ex-prefeita

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Brasília e São Paulo

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy indicou ao presidente Lula (PT) que aceita ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo e será demitida nesta terça (9) pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A entrada de Marta na campanha de Boulos dependia de uma conversa dela com Nunes —o prefeito a chamou para uma reunião na prefeitura às 17h.

Marta é secretária de Relações Internacionais de São Paulo e se encontrou nesta segunda-feira (8) com Lula no Palácio do Planalto, ocasião em que o presidente formalizou o pedido para que ela retorne ao PT e seja vice na chapa de Boulos.

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O presidente Lula posa para foto com Marta Suplicy, após reunião no Palácio do Planalto - Ricardo Stuckert - 8.jan.24/Divulgação

A secretária sinalizou na conversa com Lula que, antes de qualquer anúncio, queria conversar com Nunes e informar sua saída. Ela foi aconselhada a resolver a situação ainda durante suas férias, que começaram em meio às negociações para retornar ao antigo partido e terminam no dia 14. De acordo com petistas, há a preocupação de que sua saída da prefeitura ocorra sem turbulência.

Segundo aliados, Nunes ficou contrariado por ter sabido pela imprensa do encontro de Marta com Lula. Ao tomar conhecimento, por meio de políticos próximos a ele, de que a costura entre Marta e o petista estava avançada, resolveu marcar uma conversa com ela e preparou sua exoneração.

Ainda de acordo com relatos, a ex-prefeita não atendeu emissários de Nunes que ligaram para ela, mas eles conseguiram contato com o marido dela.

Auxiliares do prefeito dizem que a situação tem que ser resolvida nesta terça e que Nunes ficou magoado. Para eles, está nítido que o emedebista foi traído pela secretária.

A expectativa é que Marta se encontre com Boulos ainda nesta semana, provavelmente na quinta-feira (11). Ela também deverá se manifestar sobre sua decisão nesta semana.

A possibilidade de que Marta voltasse ao PT para ser vice de Boulos foi revelada pela Folha em novembro. Nesta terça, o G1 noticiou que ela disse a Lula aceitar o convite, indicação confirmada pela reportagem com aliados do presidente.

A informação na cúpula do PT em São Paulo é que a operação de retorno de Marta será concluída em breve —ou, nas palavras de um dirigente, está 99% fechada. Quem acompanha as conversas diz que Marta será a vice de Boulos e não há espaço para reviravoltas.

A pré-campanha de Boulos, oficialmente, diz que não está envolvida nas tratativas e reitera que, pelo acordo costurado com a legenda de Lula, a vice será oferecida ao PT. Boulos reforçou nas últimas semanas elogios à gestão da ex-prefeita, com quem nunca teve uma relação de proximidade. Aliados consideram positiva a dobradinha e avaliam que ela fortalecerá a chapa encabeçada pelo psolista.

Na segunda, a ex-prefeita chegou a posar para fotos ao lado do presidente e, depois, participou no Salão Negro do Congresso do ato Democracia Inabalada, gestado por Lula para marcar um ano dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

De acordo com pessoas que obtiveram relatos da conversa de Marta com Lula, ficou implícito o fato de que, caso confirme o ingresso na chapa de Boulos, Marta não fará ataques à atual gestão, até por participar dela até o momento.

Isso ficará a cargo do candidato do PSOL. Ela direcionará seu foco para elencar feitos de sua gestão na cidade, de 2001 a 2004.

Além disso, Marta tem bom trânsito em setores de centro e de direita, o que representará um ativo para Boulos.

As costuras têm sido intermediadas pelo deputado federal Rui Falcão (SP), ex-presidente do PT. A intenção é fazer um ato festivo para a filiação de Marta, com a presença de Lula e Boulos.

A intenção é passar uma borracha em mágoas do passado e entusiasmar a militância a acolhê-la mesmo após o traumático rompimento, que incluiu voto da então senadora pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Segundo interlocutores da ex-prefeita, um vídeo divulgado no fim de dezembro em que Nunes diz querer o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu a oportunidade para que ela, que sempre fez oposição ao bolsonarismo, abandonasse o emedebista.

Além disso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, também no fim de dezembro, que seu partido e o ex-presidente estarão na campanha de Nunes —ficou acertado que Bolsonaro definiria o nome do vice.

Questionado pela Folha sobre a saída de Marta, Nunes afirmou mais cedo que não via um fato novo que justifique a mudança da ex-prefeita.

"Não tem um fato novo, eu sempre falei de forma transparente do apoio do ex-presidente. Isso foi amadurecendo. Não é algo que apareceu agora, já é público para todo mundo", disse Nunes nesta terça-feira, enumerando seus encontros com Bolsonaro ao longo do ano passado. "Temos uma relação muito boa, de amizade. A Marta é minha conselheira."

A ex-prefeita foi um dos principais nomes do PT, tendo sido eleita para a prefeitura em 2000. Ela acabou sendo derrotada por José Serra (PSDB) na tentativa de se reeleger, em 2004. Disputou o comando da capital paulista outras duas vezes, em 2008 e 2016, mas não conseguiu voltar ao posto.

Após ter sido ministra do Turismo no segundo mandato de Lula na Presidência, se eleger para o Senado em 2010 e ser ministra da Cultura do primeiro mandato de Dilma, Marta rompeu com o PT e deixou a sigla em 2015. No ano seguinte, 2016, votou a favor do impeachment da petista.

Marta passou pelo MDB e Solidariedade e está, atualmente, sem partido. Ela chegou à Secretaria Municipal de Relações Internacionais depois de se engajar na campanha de Bruno Covas (PSDB) em 2020.

A ex-prefeita se reaproximou de Lula e do PT a partir de 2019 e, na campanha de 2022 chegou a ser cogitada para a vice do na chapa presidencial do petista, antes da bem-sucedida articulação com Alckmin. No segundo turno, atuou para consumação do apoio de Simone Tebet a Lula.

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