Descrição de chapéu Lava Jato

Moro e Deltan comparam Lewandowski em ministério a suspeição na Lava Jato

Ex-juiz foi considerado pelo STF suspeito em ações contra Lula; um dos motivos foi ter virado ministro de Bolsonaro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-procurador e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo-PR) ironizaram nesta quinta-feira (11) a indicação do ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski ao Ministério da Justiça de Lula (PT).

Ambos compararam a indicação ao cargo à declaração de parcialidade do ex-juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) na condução de casos contra o petista, em 2021.

A decisão do STF de declarar Moro parcial teve como consequência a anulação das provas coletadas nos processos contra ele na Operação Lava Jato.

Entre os motivos para Moro ser considerado parcial estava a ida para o primeiro escalão de Bolsonaro, também no Ministério da Justiça.

Nesta quinta-feira (11), o senador publicou no X (ex-Twitter) que aceitar cargos em ministérios "não é e nunca deveria ter sido causa de suspeição".

Já Deltan citou, na mesma rede, um conjunto de decisões favoráveis a Lula e ao PT, como o acesso de arquivos hackeados da Operação Spoofing e o despacho contra o uso de provas do acordo de colaboração da Odebrecht.

Mencionou ainda casos julgados pelo magistrado aposentado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e disse que as determinações serviram de base "para diversas decisões do TSE que beneficiaram a candidatura de Lula durante a corrida eleitoral".

"Agora que Lewandowski se tornou ministro da Justiça de Lula, as decisões que ele tomou em benefício de Lula e do PT serão anuladas? Lewandowski terá sua parcialidade pró-Lula e pró-PT reconhecida?", afirmou o ex-coordenador da força tarefa da Lava Jato.

A parcialidade de Moro foi decidida em sessão da Segunda Turma do Supremo por 3 votos a 2, sendo Lewandowski um dos que votaram a favor, junto de Gilmar Mendes e Cármen Lúcia.

O magistrado disse à época ver a aceitação "ainda antes do término do segundo turno das eleições presidenciais, de convite para ocupar o cargo de Ministro da Justiça" como uma demonstração de motivação política enquanto exercia a toga.

Lewandowski via a atuação de Moro em relação a Lula como "desenganadamente parcial e, ademais, empreendida com nítido propósito de potencializar as chances ou, mesmo, viabilizar a vitória de candidato de sua preferência nas eleições presidenciais [de 2018]".

Outras razões citadas pelos ministros para a declaração de parcialidade foram, por exemplo, a condução coercitiva do petista sem que houvesse negativa dele de prestar depoimento e a decisão de Moro de ter aberto o sigilo da delação do ex-ministro Antônio Palocci às vésperas da eleição de 2018 sem pedido do Ministério Público Federal.

O presidente Lula (PT) e Ricardo Lewandowski, magistrado aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) e futuro ministro da Justiça, em anúncio no Palácio do Planalto, em Brasília
O presidente Lula (PT) e Ricardo Lewandowski, magistrado aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) e futuro ministro da Justiça, em anúncio no Palácio do Planalto, em Brasília - Adriano Machado/Reuters

Durante seus 17 anos no STF, Lewandowski decidiu favoravelmente aos aliados de Lula em momentos como o mensalão e a Lava Jato. O magistrado é apontado como um progressista moderado, com bom trânsito inclusive entre bolsonaristas.

Isso o cacifou para ser considerado um eventual ministro da atual gestão petista desde que se aposentou do Supremo, em abril passado, um mês antes de completar 75 anos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.