Descrição de chapéu Folhajus TSE violência

Veja quem foi alvo da Abin sob Bolsonaro, segundo decisão do STF

Ação da PF investiga se agência foi usada para monitorar adversários do ex-presidente

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São Paulo

A Polícia Federal deflagrou na semana passada a operação Vigilância Aproximada sob autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

A ação investiga uma suposta organização criminosa que teria se instalado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) na Abin (Agência Brasileira de Inteligência), com o intuito "de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial".

Essa estrutura paralela dentro da Abin seria integrada por policiais federais e oficiais de inteligência próximos ao então diretor da agência, Alexandre Ramagem. Ele atualmente é deputado federal e um dos alvos da operação da PF.

Placa escrito o nome da Abin em frente a uma portaria e com a bandeia do Brasil ao lado
Fachada da entrada da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), no Setor Policial Sul, em Brasília - Pedro Ladeira - 20.out.2023/Folhapress

Já nesta segunda-feira um dos alvos é Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente. Na nova ação, a PF mira pessoas que foram destinatárias das informações produzidas de forma ilegal pela agência de inteligência do governo federal.

A ações recentes são um desdobramento da operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023 para investigar o uso do FirstMile.

Veja alguns nomes que foram alvo da Abin, segundo a decisão do STF.

Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes

A PF investiga se a Abin utilizou o software espião FirstMile e produziu relatórios sobre ministros do STF e adversários de Bolsonaro. Em um dos casos, segundo a PF, a chamada "Abin Paralela" tentou atrelar os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes à facção criminosa PCC.

As informações sobre a tentativa de ligar os ministros ao PCC foram encontradas pela PF em documentos apreendidos na Abin relacionados a uma operação chamada "portaria 157", que teria como um de seus objetivos a obtenção de informações sobre uma ONG que os agentes envolvidos entendiam ser ligada ao PCC.

"O desvirtuamento da diligência no sentido de tentar vincular a imagem do Exmo. ministro relator e demais deputados pode ter sido reação em razão das ações realizadas no cumprimento de seu mister constitucional", diz trecho do relatório da PF citado por Moraes.

Moraes é relator de uma série de apurações que têm como alvo Bolsonaro e seus aliados, tendo sido nos últimos anos alvo preferencial do bolsonarismo.

Rodrigo Maia e Joice Hasselmann

A PF afirma que a Abin sob Ramagem também se valeu do software para monitorar o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que era um desafeto do então presidente. Além da ex-deputada Joice Hasselmann, inicialmente aliada de Bolsonaro, mas que depois rompeu com o mandatário.

O monitoramento, diz a PF, foi feito pelo agente federal Felipe Arlota, um dos alvos da operação e afastado do cargo por decisão de Moraes. O policial é próximo do senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho de Bolsonaro.

Um trecho do relatório da investigação citada por Moraes diz que o proprietário de um carro Pajero foi monitorado apenas devido a um jantar em que também estava presentes Maia e Joice.

Camilo Santana

Atual ministro da Educação do governo Lula e na época governador do estado do Ceará, o petista Camilo Santana teria sido outro alvo de espionagem realizada de forma ilegal por membros da Abin, segundo a Polícia Federal.

A decisão de Moraes diz que a investigação identificou que o gestor do sistema FirstMile na Abin teria sido flagrado pilotando um drone nas proximidades da residência de Camilo Santana.

Promotora do caso Marielle

Na decisão em que autorizou busca e apreensão contra investigados, Moraes afirma ainda ter havido monitoramento de promotora responsável pela apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

Trecho de relatório da PF citado por Moraes diz que foi identificado um resumo do currículo da promotora e que o documento tem "a mesma ausência de identidade visual nos moldes dos Relatórios apócrifos da estrutura paralela".

Não é citado na decisão o nome de quem seria o alvo. As promotoras Simone Sibilio e Letícia Petriz integraram a força-tarefa de 2018 a julho de 2021.

Marielle e Anderson foram assassinados em 2018. O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do crime, fechou um acordo de delação premiada. O caso corre em sigilo no STJ (Superior Tribunal de Justiça), e a colaboração ainda precisa ser homologada pela corte.

Ajuda a filhos de Bolsonaro

Além do monitoramento de adversários, a PF encontrou indícios de que a agência atuou para fornecer informações sobre investigações em andamento para Jair Renan e Flávio Bolsonaro, filhos do ex-presidente.

No caso de Jair Renan, a Abin teria atuado para ajudar o filho do presidente que era alvo de investigação pela PF sobre as relações com empresas que mantinham e tinham interesse em contratos com o governo federal.

Agentes da Abin tentaram atrapalhar a investigação e coletar informações com o objetivo evitar "riscos à imagem" de Bolsonaro.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, teria sido beneficiado com a atuação da Abin para levantar informações contra auditores da Receita Federal.

O filho de Bolsonaro à época era investigado no caso da rachadinha da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e tentou apontar para irregularidades na Receita como forma de anular a apuração.

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