Descrição de chapéu Congresso Nacional

Bloco com Lira não tinha prazo de validade estabelecido, diz novo líder do PSB

Deputado Gervásio Maia afirma que saída do seu partido de grupo liderado por Lira não enfraquece presidente da Câmara e defende protagonismo da sigla

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Brasília

O novo líder do PSB na Câmara, deputado Gervásio Maia (PB), disse à Folha que a participação da legenda no bloco partidário liderado por Arthur Lira (PP-AL) não tinha um "prazo de validade estabelecido". Ele também afirmou que a decisão do partido de deixar o grupo liderado pelo parlamentar o ocorreu para dar maior protagonismo à sigla, dentro do Congresso e no cenário político como um todo.

Na segunda-feira (5), a bancada do PSB oficializou a saída do maior bloco da Casa, até então com 176 deputados (dos 513) dos seguintes partidos: PP, União Brasil, PSDB-Cidadania, PDT, Solidariedade, Avante e Solidariedade. Ele foi criado em abril do ano passado em reação à formação de um outro grupo que rachou o centrão e uniu Republicanos, MDB, PSD e Podemos.

O novo líder do PSB na Câmara, o deputado Gervásio Maia
O novo líder do PSB na Câmara, o deputado Gervásio Maia - Gabriela Biló/Folhapress

Gervásio Maia reconheceu que houve "certa resistência" dos líderes do bloco à saída do PSB, mas que as conversas começaram há cerca de dez dias e que o processo foi amadurecido. Segundo ele, houve diálogo com a bancada, lideranças da Câmara e o próprio Lira.

Ele afirmou que esse movimento não enfraquece "de forma alguma" o presidente da Câmara e que o partido "fará de tudo" para manter essa "relação positiva" com o alagoano, citando que a legenda ajudou a eleger Lira em 2023.

"No início eles não gostaram, porque eles não queriam que a gente saísse, sinceramente falando. Mas depois eu tenho certeza que eles perceberam que era uma questão da bancada do PSB de ter esse tempo para fazer a análise e, com mais prazo, fazer as suas escolhas. Quando nós montamos o bloco com esses partidos, não havia prazo de validade estabelecido", disse.

A saída do PSB coincide com movimentos de articuladores do governo Lula (PT) de aproximação com candidatos à sucessão de Lira na presidência da Câmara. Também ocorre num momento de maior tensão entre o parlamentar e o Planalto, especialmente com duras críticas de Lira ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Seguindo integrantes do Executivo, Lira reclamou com emissários do governo de uma tentativa de interferência na sucessão interna da Câmara. O líder do PSB, no entanto, disse que a eleição da presidência da Câmara não é pauta da legenda neste momento e negou interferência do Executivo na saída do bloco.

"Por conhecer o PSB, tenho certeza que o governo jamais ousaria fazer qualquer interferência. Não recebi um único telefonema e espero não receber. O PSB não se submete a pressão externa e tem a sua conduta e as suas próprias pernas para caminhar. O governo sabe e respeita muito isso."

Ele disse que na semana passada, em reunião no Palácio do Planalto, chegou a informar Padilha que havia a possibilidade de o PSB deixar o bloco —mas que naquele momento ainda não havia nada definido. Também participaram da reunião o novo líder do PT na Casa, Odair Cunha (MG), e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). "Eles ouviram silentes e silentes ficaram", completou.

De perfil mais alinhado ao governo, Maia disse que o partido deve ser aliado do Planalto. "O PSB não é apenas um partido do governo, mas que tem nos seus quadros o vice-presidente da República. Foi essa a opção que nós fizemos."

A liderança afirmou que ainda não há definições sobre o que o partido fará agora, se seguirá sozinho ou integrará outro bloco, por exemplo; e que a decisão do desligamento se deu para que o PSB tenha tempo de analisar os próximos passos.

"O principal fator foi a questão do prazo regimental e o tempo que a gente precisa para fazer uma avaliação. Em relação a tudo: ao partido na Câmara, à bancada junto ao governo, à realidade vivida por cada parlamentar em seu estado. A gente precisa realmente fazer isso, porque 2024, indiscutivelmente, é um ano muito importante. Vou realmente dedicar todos os esforços na condição de líder para a gente tomar conta de cada detalhe. Nosso partido tem história, é uma grife", disse o deputado.

O pessebista declarou que não está na pauta do partido, "neste momento", a sucessão de Lira. "Qualquer que seja a decisão do partido, de formação de bloco ou não, nós não colocaremos na mesa compromissos para a eleição da Mesa Diretora. Não é hora, está muito cedo, inclusive em respeito ao presidente Lira. Cada coisa no seu tempo. Lá para o final do ano a bancada começa a se movimentar. Por enquanto vamos ouvindo, conversando, dialogando".

Maia se esquivou de responder sobre a relação do governo com a cúpula da Câmara, marcada por períodos de tensão em 2023, dizendo que é a favor do diálogo. "Acho que o problema pode existir se, de repente, o diálogo for interrompido. Ele é a melhor ferramenta que nós temos e o Lula é um craque nisso."

"Quanto mais complexo o tema, mais diálogo você tem que ter. Na democracia isso tudo faz parte do processo de discussão. Aqui e acolá os ânimos se alteram um pouquinho, mas depois você dá um pouco de tempo e a serenidade chega", disse.

Ele também afirmou que cabe ao PP "e quem sabe ao governo" responder os recados que Lira deu em seu discurso na cerimônia que marcou a abertura do ano legislativo no Congresso. Segundo ele, as críticas ao ministro Padilha "não são o sentimento" do PSB. "Isso não é assunto do PSB. Não vou me meter nas questões do PP nem de qualquer outro partido. É assunto que se tiver que ser tratado será entre o presidente Lula e o presidente Arthur, que são chefes do Executivo e do Legislativo."

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