Eduardo Bolsonaro, Mourão e Damares criticam ação da PF contra ex-presidente, militares e ex-ministros

Deputado federal diz que a política hoje é feita no STF; Mourão fala em ataque à honra de militares

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Brasília

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) criticou a operação da Polícia Federal contra o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando nas redes sociais que "a política do Brasil hoje é feita no Supremo Tribunal Federal".

Eduardo sugeriu que as decisões do ministro Alexandre de Moraes foram motivadas por perseguição política. Ele ressaltou que a operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente em Angra dos Reis, na última semana, ocorreu um dia após o retorno de Bolsonaro às lives, e que a ação desta quinta-feira (8) também aconteceu um dia depois de um "grande ato" a favor do pai em São Sebastião (SP).

Em rede social, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ironizou boato de que teria "fugido para os Estados Unidos". Em vídeo, ela aparece ao lado de um assessor e mostra a janela, em Brasília. "Eu tô na Disney já?", diz.

Em outra publicação, relembrou comentário da atual primeira-dama, Janja, sobre a possibilidade de prisão de Bolsonaro. "’Se tudo der certo’... Lembram? Pois bem...", escreveu Michelle abaixo de reprodução sobre a notícia de que o marido precisaria entregar o passaporte.

Janja disse, em dezembro, em encontro do PT: "O inominável está inelegível, e se tudo der certo, logo ele vai estar...", sem completar a frase, mas fazendo o símbolo de cadeia com os dedos em formato de xadrez.

O senador e ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que "inquéritos eternos" sob a "pretensa tentativa de golpe" atacam a honra a integridade de chefes militares "que dedicaram toda uma vida" ao país.

Policiais vestidos de uniforme preto caminham por estacionamento de prédio com malas e malotes
Policiais federais saem da casa do general Heleno após operação de busca e apreensão - Pedro Ladeira/Folhapress

Nesta quinta, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros e militares —incluindo os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto— para investigar uma suposta tentativa de golpe.

"O país vive uma situação de não normalidade. Inquéritos eternos buscam 'pelo em ovo', atacando, sob a justificativa de uma pretensa tentativa de golpe de estado, a honra e a integridade de chefes militares que dedicaram toda uma vida ao Brasil", escreveu o ex-vice-presidente pelas redes.

"Enquanto isso, os ladrões de colarinho branco são anistiados e a bandidagem comum aterroriza a população que vive sob o signo da total insegurança."

Já a senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que encarou a operação "com indignação, mas nenhuma surpresa".

"[Recebi as informações] com indignação, mas nenhuma surpresa. A gente sabe como funciona o regime! O Brasil está vendo. Mesmo aqueles que não acreditavam quando a gente falava, hoje estão vendo como o regime atua. Que Deus tenha misericórdia do Brasil", disse.

O vice-presidente do PL, deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), divulgou uma nota em que afirma que a liderança de Valdemar Costa Neto no comando do PL é "inabalável". Valdemar foi alvo de busca e apreensão e acabou preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.

Capitão Augusto diz que o grupo está confiante de que, "em tempo hábil", todas as questões serão esclarecidas.

"Sublinhamos a importância dos princípios de ampla defesa e do contraditório, pilares essenciais de nosso Estado Democrático de Direito. Estamos confiantes de que, em tempo hábil, todas as questões serão devidamente esclarecidas", afirma o parlamentar.

"Valdemar Costa Neto conta com nosso apoio incondicional e confiança irrestrita. Sua liderança inspiradora e firme condução do Partido Liberal são inestimáveis", completa o deputado bolsonarista.

O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), afirmou pelas redes sociais que o "regime" instalado no país "acua, persegue, silencia e aplaca a oposição" para exterminar politicamente opositores.

"[O regime instalado] Acua, persegue, silencia e aplaca a oposição no Brasil querendo exterminar politicamente os seus opositores com a mão de ferro do Judiciário e a Polícia do Estado. Agoniza a democracia brasileira", declarou.

Integrantes do governo Bolsonaro ainda evitam declarações sobre a operação desta quinta, que investiga uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.

As informações que embasaram a ação foram coletadas na delação premiada do principal ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Entre os alvos das medidas de busca e apreensão estão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o assessor Tércio Arnaud Tomaz.

Ao todo, a PF cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão em 10 estados e no Distrito Federal. Entre os presos está o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara. O militar já era investigado no caso da fraude ao cartão de vacinação do ex-presidente.

Outro detido é Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro. Em nota, a defesa de Martins alega que não teve acesso à decisão que fundamentou a prisão e que "solicitou o acesso integral dos autos para estudo e posterior manifestação".

Também são alvos de mandado de prisão os militares Rafael Martins e Bernardo Romão Correa Neto. Eles aparecem em conversas com Mauro Cid falando sobre o planejamento e os desdobramentos da minuta do golpe.

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