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Nunes diz que Bolsonaro e PL indicaram ex-Rota como vice, mas nega definição

Prefeito afirma que vai discutir com outros partidos e que não há pressa; Tarcísio diz que não cabe a ninguém indicar um vice

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira (29), após reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que recebeu dele e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a sugestão de que seu vice seja o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo, mas que não há decisão tomada.

"Resumidamente, a gente vai apresentar para todo mundo que vai participar da nossa campanha e tomar uma definição. Não saiu nada definido, mas eu recebi a indicação do nome hoje", disse Nunes, que quer o embarque dos bolsonaristas no seu projeto de reeleição.

Jair Bolsonaro (PL) com o então presidente da Ceagesp, o coronel Ricardo Mello Araújo, durante evento no local - Bruno Santos - 15.dez.2020/Folhapress

Bolsonarista, Mello Araújo foi presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).

Já o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) opinou que a escolha de um vice deve partir de Nunes e, contrariando o movimento de Bolsonaro e Valdemar pela indicação da vaga, afirmou: "Não cabe a mim nem a ninguém ficar indicando vice para o Nunes".

O prefeito disse ainda não haver prazo ou pressa para o anúncio de um nome, algo que ele afirmou que costuma ocorrer próximo das convenções partidárias, em julho.

"Falamos que é importante apresentar para os demais partidos. É um bom nome o coronel Mello, mas a gente precisa agora ver os outros nomes que estão postos", completou Nunes.

Em nota divulgada à imprensa, Valdemar, que tem costurado a aliança entre Nunes e Bolsonaro por meio da vaga de vice, afirmou que levou ao prefeito o nome de Mello Araújo, que "foi muito bem aceito".

O presidente do PL também mencionou os outros nomes que estão credenciados, segundo ele, para ocupar a vice: o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Sonaira Fernandes (Republicanos), e a delegada Raquel Gallinati. "Nunes está me surpreendendo, todo mundo quer ser vice dele", declarou na nota.

Em live da noite de domingo (28), Bolsonaro indicou que pretende apoiar Mello Araújo como vice do emedebista. "Vamos entrar com bom vice, que tenha boa rota", disse, sem citar o nome de Araújo.

Como mostrou a Folha, Araújo era a sugestão que Valdemar levaria a Nunes no encontro desta segunda.

O coronel frequenta as manifestações bolsonaristas, como a de 26 de novembro passado, e chegou a convocar PMs veteranos para o 7 de Setembro de 2021. Na Ceagesp, entrou em conflito com o sindicato, que acionou o Ministério Público do Trabalho e o acusa de perseguição. Em 2017, ao assumir a Rota, afirmou ao UOL que a abordagem dos policiais nos Jardins tem que ser diferente da periferia.

Abduch, vice-líder do governo Tarcísio e bolsonarista, é simpático à ideia da vice, mas também é cotado para integrar a gestão de Nunes como secretário, um gesto que selaria a aliança entre Nunes, Tarcísio e Bolsonaro.

Já Sonaira, que é vereadora licenciada e pretende disputar a reeleição, tem dúvidas, segundo aliados, sobre topar ser a vice, embora esteja disposta a seguir o que Bolsonaro determinar.

Raquel é defendida por nomes do PL por ser mulher, suplente de deputada estadual, diretora da Adepol (associação de delegados de polícia) e ex-presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de SP).

"Não vou negar que fico feliz de receber de tantas sugestões de nomes. Se nossa campanha não estivesse em crescimento, não teria tanto interesse", disse o prefeito. Nunes vai fazer pesquisas qualitativas para testar os quatro nomes, segundo noticiou a coluna Painel.

"É uma construção, diferente de outros partidos, a gente tem uma frente ampla para discutir. [...] Para que a gente possa chegar em um nome de consenso entre todos", completou Nunes, fazendo referência ao seu rival, Guilherme Boulos (PSOL), que teve Marta Suplicy indicada pelo PT para ser vice em sua chapa.

Depois da reunião com Valdemar, Nunes esteve ao lado de Tarcísio no anúncio da construção de um piscinão e da canalização de parte do córrego Antonico, no Morumbi (zona sul). O evento ocorreu dentro do estádio do Morumbi.

Aliados de Bolsonaro, Nunes e Tarcísio se esquivaram de comentar a operação da Polícia Federal que investiga a chamada "Abin paralela" do governo passado e que fez buscas nos endereços de Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador no Rio e filho do ex-presidente.

Ao falar com a imprensa, o prefeito afirmou que vai levar em conta a opinião de Bolsonaro e de Tarcísio para a escolha do vice. Já o governador ressaltou que caberá ao prefeito escolher alguém da sua confiança.

Como mostrou a Folha, Tarcísio e Mello Araújo tiveram rusgas no passado. Interlocutores do coronel dizem que ele ficou contrariado ao ser chamado para a equipe de agro, e não de segurança, na transição.

Mello Araújo chegou a ser cotado para ser vice de Tarcísio ou para ocupar a pasta da Segurança ou da Administração Penitenciária na gestão estadual, mas o governador acabou deixando o coronel de fora, frustrando bolsonaristas.

Segundo interlocutores de Tarcísio, porém, o governador não tem ressalvas ao coronel e o considera um grande quadro. Eles dizem ainda que, por ser o nome de Bolsonaro, Araújo será escolhido vice.

De acordo com Valdemar, os próximos passos da escolha do vice serão uma conversa com Bolsonaro para avaliar os nomes levantados nesta segunda e a discussão dos cotados entre o prefeito e os demais partidos da coligação.

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