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Ricardo Nunes tem de buscar voto bolsonarista, diz Temer

Ex-presidente critica a articulação política e as polêmicas externas de Lula

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Dubai

Consultor da campanha de Ricardo Nunes (MDB) à reeleição, o ex-presidente Michel Temer (MDB) defendeu nesta quinta (7) que o prefeito de São Paulo siga atrás do voto dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).

"Quando o Juscelino Kubitschek foi apoiado pelo Partido Comunista [na eleição presidencial de 1955], as pessoas vieram questioná-lo. Ele disse: 'Olha, eu não escolho quem me apoia e não posso recusar votos'. O Ricardo Nunes não pode recusar votos. Sim, ele está atrás dos bolsonaristas, não do Bolsonaro", afirmou o ex-presidente da República (2016-2018).

Temer cumprimenta Ricardo Nunes em evento na Prefeitura de São Paulo
Temer cumprimenta Ricardo Nunes em evento na Prefeitura de São Paulo - Danilo Verpa - 19.fev.24/Folhapress

Temer comentava a presença de Nunes no palanque do ato de apoio a Bolsonaro que reuniu milhares de pessoas na avenida Paulista no dia 25 de fevereiro. Ele participa em Dubai de conferência empresarial do Grupo Líder, comandado pelo ex-governador João Doria (ex-PSDB), um de seus aliados políticos.

Questionado sobre o fato de a situação jurídica do ex-presidente estar se agravando, devido à investigação acerca da trama golpista no ocaso de seu governo em 2022, Temer também deu de ombros. "Quanto mais ele [Nunes] puder somar, mais útil para ele", disse.

Temer foi chamado para ajudar a campanha de Nunes, que enfrenta prioritariamente o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) no pleito de outubro na capital paulista. O presidente Lula (PT) já qualificou o embate em São Paulo como um tira-teima entre o lulismo, ao lado de Boulos, o bolsonarismo, com Nunes.

Aliados do prefeito têm dúvidas acerca da proximidade com Bolsonaro, temendo que a toxicidade eventual do ex-presidente atinja o mandatário na campanha. De saída, contudo, o ato bem-sucedido do ponto de vista de imagem para o bolsonarismo no dia 25 acabou sendo celebrado na campanha de Nunes, que foi cauteloso e não discursou no dia.

Próximo do ministro Alexandre de Moraes (STF), a quem indicou ao posto após tê-lo como titular da Justiça em seu governo, Temer evitou incluir na "pacificação" que defende no Brasil a anistia aos condenados pelo aliado devido ao envolvimento nos atos golpistas do 8 de janeiro de 2021.

"Ali é uma questão penal", disse.

O ex-presidente criticou discretamente a articulação política de Lula, envolvido novamente em polêmicas de política externa ao defender que a oposição venezuelana respeite a eleição que está sendo programada pela ditadura de Nicolás Maduro para o segundo semestre.

"Não acho útil para o Brasil, já que a Constituição prega a pacificação interna e externa", afirmou. Ele também lembrou a fala de Lula acerca da guerra em Gaza, na qual comparou as ações de Israel com o Holocausto.

"Em primeiro lugar, o Brasil sempre foi pelo multilateralismo. No episódio Israel-Palestina, a posição tradicional do Brasil é propor a paz, e a paz se consegue pela criação de dois Estados", disse, afirmando que Lula deveria dizer que foi "mal interpretado", disse. Ele considera que o episódio do embate Brasil-Israel foi "desnecessário".

Enquanto as polêmicas externas se acumulam, Lula tem tido derrotas seguidas na composição de comissões no Congresso. Para Temer, o presidente tem de ser o principal articulador político do governo, sob pena de perder controle da relação Executivo-Legislativo.

Temer afirmou ver "clima" para a aprovação do fim da reeleição pelo Congresso, com a instalação de um mandato presidencial de cinco anos —algo rejeitado por Lula. "Sou a favor, mas prefiro o semipresidencialismo", disse. Ante a realidade de que há um certo semipresidencialismo em vigor hoje sob Lula, ele relativizou: "Pode ser na prática, não de fato".

O jornalista viajou a convite do Lide

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