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PSDB-SP elege Vinholi como presidente em meio a racha entre grupos de Doria e Leite

Ex-deputado ligado a ex-governador volta ao cargo que ocupou de 2019 a 2023; reunião será contestada por ala da sigla

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São Paulo

O PSDB de São Paulo elegeu, na quarta-feira (6), o ex-deputado e ex-secretário Marco Vinholi para comandar a executiva estadual do partido. A realização da reunião, contudo, é contestada por uma ala da sigla.

Ligado a João Doria (ex-PSDB, que anunciou sua desfiliação no fim de 2022) e a Rodrigo Garcia (PSDB), Vinholi volta ao cargo que ocupou de 2019 a novembro de 2023. Hoje ele é um dos diretores do Sebrae-SP.

A escolha de Vinholi na reunião virtual, que teve a presença de mais da metade do diretório estadual, enfrenta oposição do grupo do agora ex-presidente estadual da sigla, Paulo Serra, que é prefeito de Santo André, ligado ao governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e integra o setor que rivalizou com Doria. Serra também preside a federação PSDB-Cidadania em São Paulo.

Tucanos paulistas acreditam que a polêmica vai ser levada à executiva nacional, comandada por Marconi Perillo. Há reclamação de que membros do diretório não ficaram sabendo da reunião e de que a escolha por Vinholi não pacifica o partido.

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O presidente do PSDB em São Paulo, Marco Vinholi - Mathilde Missioneiro - 27.mar.23/Folhapress

Em um aceno a Leite, Vinholi afirma que defende o apoio de São Paulo ao tucano para concorrer à Presidência da República em 2026.

A primeira questão a ser enfrentada por Vinholi é definir um rumo na eleição da capital paulista, que divide o PSDB entre uma candidatura própria, a reeleição de Ricardo Nunes (MDB) ou o apoio a Tabata Amaral (PSB).

À Folha Vinholi diz que a decisão do partido a respeito da capital será tomada "o mais rápido possível", mas evitou apontar um caminho. A janela de migração partidária teve início nesta quinta (7) e vai até 6 de abril.

"Estou assumindo hoje num diálogo intenso com as lideranças do partido", diz Vinholi. Ele afirma que vai ouvir líderes locais e nacionais, inclusive Leite, a respeito da eleição na capital. A direção nacional do PSDB já determinou que as principais cidades do país devem ter candidato próprio.

"O caso de São Paulo, pela importância da cidade, temos que ouvir todas as lideranças", afirma. Leite, por sua vez, afirmou ao jornal O Globo que rejeita o apoio a Nunes por causa da aliança do prefeito com Jair Bolsonaro (PL).

Opositor de Vinholi, o ex-senador José Aníbal assumiu o comando do PSDB na capital na semana passada e defende que o partido tenha protagonismo, oq ue passa pela candidatura própria —apesar da falta de nomes competitivos na legenda.

O diretório municipal estava sem liderança desde que o então presidente, Orlando Faria, deixou o posto e embarcou na pré-campanha de Tabata.

Boa parte dos tucanos, incluindo a bancada de vereadores, vai apoiar Nunes, já que sua gestão é a de Bruno Covas (PSDB), eleito em 2020 e que morreu no ano seguinte. O PSDB está entranhado na prefeitura com uma série de cargos.

Alguns tucanos defendem ainda que, caso a candidatura própria naufrague, o partido apoie Nunes, mas com a condição de ocupar a vice na chapa, posto já previsto para o PL de Jair Bolsonaro e cobiçado por outras siglas.

Vinholi afirma que o PSDB pretende lançar de 70 a 100 candidatos no estado neste ano. Em 2020, o PSDB elegeu 172 prefeitos, chegou a 238 em 2022 e hoje tem cerca de 30.

Fragmentado e diminuído após a derrota no estado em 2022, o partido buscou uma unificação em São Paulo e conseguiu apresentar uma chapa única para o novo diretório estadual, eleito no último dia 25.

Mas, na etapa seguinte, em que os membros do diretório elegem a nova executiva, voltou a haver impasse entre os grupos de Vinholi e Paulo Serra —reproduzindo a divisão que o partido enfrenta desde as prévias de 2021 entre Doria e Leite.

Serra controlava o PSDB-SP devido a uma intervenção de Leite que destituiu Vinholi, ato que, de acordo com tucanos, tirou a harmonia do partido e complicou a escolha de um novo presidente. O gaúcho foi presidente nacional do PSDB ao longo de 2023, o que representou a derrocada do grupo ligado a Doria.

Em 2026, Paulo Serra vislumbra concorrer ao governo paulista, enquanto Vinholi pretende ser candidato a deputado federal.

Desde o dia 25, a escolha do novo presidente foi adiada duas vezes, e a reunião desta quarta também chegou a ser cancelada por Serra, mas os membros do diretório resolveram entrar na sala virtual mesmo assim e votaram pelo não adiamento, elegendo Vinholi em seguida.

Aliados de Paulo Serra dizem que ele não tinha interesse em disputar o posto com Vinholi e que o prefeito trabalhou para que houvesse unidade na sigla.

A executiva escolhida na reunião contempla grupos diversos do PSDB-SP, inclusive o de Paulo Serra —o tesoureiro Luiz Oliveira é ligado ao prefeito. A secretaria-geral segue com Carlos Balotta, e o primeiro vice-presidente é Alexandre Araújo, prefeito de Aguaí.

Parte dos tucanos em São Paulo, como Aníbal, resiste a Vinholi, relembrando, por exemplo, a acusação de fraude em filiações de prefeitos para as prévias em 2021 e também a debandada de prefeitos durante sua gestão, após a derrota de Rodrigo em 2022.

Já aliados de Vinholi acusam o ex-governador e hoje deputado Aécio Neves (MG) de tentar interferir em São Paulo para barrar seu nome. Aécio faz oposição interna ao time de Doria, que tentou expulsá-lo do PSDB em 2019.

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