Boulos se esquiva sobre Moraes, e Nunes diz que Judiciário não pode ser pêndulo

Ministro usou TSE fora do rito para investigar bolsonaristas no Supremo, revelam mensagens

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou ver com preocupação a revelação da Folha de que o gabinete de Alexandre de Moraes no STF ordenou de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news.

Nunes, que concorre à reeleição com o apoio de Jair Bolsonaro (PL), disse que o Judiciário não pode ser "pêndulo" e que cabem esclarecimentos.

Na montagem, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB)
Na montagem, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) - Marlene Bergamo/Folhapress

"O fortalecimento e a consolidação da democracia necessariamente precisa passar por um Judiciário que não faça pêndulo, que não penda nem para um lado e nem para outro. Portanto, o que a gente espera é que a maior corte do nosso pais possa trazer à sociedade um esclarecimento", disse nesta quarta-feira (14), antes do debate realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, pelo portal Terra e pela Faap.

Principal adversário de Nunes na corrida, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) disse não ter lido as reportagens e que, portanto, não iria comentar.

"Eu estava no Jaraguá e em Taipas, eu estava focado na campanha aqui em São Paulo. Não tive nem a oportunidade, para ser franco, de ler a matéria e ouvir os áudios", afirmou.

Pablo Marçal (PRTB), que flerta com o bolsonarismo, afirmou, sem apresentar evidências ou provas, que a crítica sobre a atuação de Moraes tem o apoio do governo Lula (PT), que teria o objetivo de substituir o ministro.

"Eu não li a reportagem, mas o movimento me estranha muito. Sempre quando a imprensa se junta para sacrificar alguém é realmente interessante. Parece um movimento que é apoiado pelo governo federal para apoiar um nome novo, eu estou só querendo saber quem é o novo nome de ministro para o STF."

"Mas tá de parabéns a divulgação, não parece nada que a mídia tem coragem de mostrar. E a hora é agora né, senadores? [São] 81 senadores, vocês têm em mãos algumas denúncias que quem errou tem que pagar. Espero que vocês sejam homens e mulheres o suficiente para continuar com isso aí", completou.

Marina Helena (Novo), que costuma ter o Supremo como alvo de suas críticas, chegou a levar ao debate uma camiseta pedindo o impeachment de Moraes.

"Esses áudios que vazaram mostram que o problema hoje do nosso país está aqui. Passou da hora de ter um impeachment do ministro Alexandre de Moraes por todo abuso de autoridade, perseguição da direita e censura que ele está fazendo no nosso país", disse ela em vídeo gravado para a Folha.

Marina Helena (Novo) exibe camiseta pedindo impeachment de Moraes após participar de debate, em São Paulo

Depois, em entrevista à imprensa ao fim do debate, ela afirmou que o país vive "censura" e "uma verdadeira ditadura do Judiciário".

"Tem no nosso país um autoritarismo gigantesco do ministro Alexandre de Moraes, que manda prender qualquer um. Ele é a vítima e o julgador. [...] Aí explica bastante porque eles querem censurar tanto as redes sociais", disse ela.

Por fim, Marina Helena rejeitou um paralelo entre o caso atual e a Vaza Jato, que revelou conversas do então juiz Sergio Moro que colocaram a imparcialidade do ex-juiz em dúvida. "A diferença é que ali foi descoberto o maior esquema de corrupção do mundo. [...] Infelizmente, as pessoas foram soltas".

Tabata Amaral (PSB) disse que ainda não há informações suficientes para que ela faça um comentário em profundidade, mas defendeu que o assunto seja alvo de apuração.

"Tudo que eu li mostrou que tem muito pouca informação ainda. Estou esperando os próximos passos, os desdobramentos", respondeu a candidata ao chegar ao debate.

"Obviamente, se houve qualquer irregularidade, não importa de quem estamos falando, pode ser um ministro do STF, tem que se investigar e entender quais são as consequências, os erros. Todos estão sujeitos à lei", disse.

José Luiz Datena (PSDB), que também participou do debate, não chegou a ser questionado sobre essa questão.

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