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Em lados opostos, Erundina e Temer foram chapa em 2004; Marta não quis presidente como vice

Marcelo Ximenez - 7.out.2004/Folhapress
07.10.04.Sao Paulo.Marcelo Ximenez/Folha Imagem.Brasil. Entrevista coletiva concedida por Luiza Erundina, Michel Temer e Orestes Quercia na qual anunciaram que nao apoiarao nenhum candidato no segundo turno das eleicoes municipais paulistanas.
Michel Temer, Luiza Erundina e Orestes Quércia em foto da eleição de 2004

Atualmente em lados opostos do impeachment de Dilma Rousseff, Luiza Erundina, candidata do PSOL à Prefeitura de São Paulo, e Michel Temer (PMDB), presidente da República, já estiveram juntos na mesma chapa.

Foi nas eleições municipais de 2004, quando a deputada federal foi candidata na capital paulista pelo PSB e o peemedebista, seu vice. Compunha a coligação também o PMN (Partido da Mobilização Nacional).

"Eles se deram maravilhosamente bem", lembra José Yunes, aliado e conselheiro de Temer. "Agora Erundina está numa posição ideológica e partidária. À época, o entendimento entre eles foi muito harmonioso."

Na última quarta-feira (31), quando o Senado votou para cassar o mandato de Dilma, Erundina divulgou nota dizendo que "a história é implacável ao julgar conspiradores, golpistas e traidores do povo".

A candidata também participou da manifestação contra o governo de Temer neste domingo (4), em São Paulo. Muito aplaudida, a ex-petista afirmou que foi ao ato para "apoiar a luta contra esse governo golpista, ilegítimo".

Questionada pela Folha a respeito da chapa com Temer, a candidata afirmou que "naquele tempo, Temer era um constitucionalista, não era um golpista".

"Foi uma decisão partidária. A política de alianças é uma decisão de partido, não da candidata", disse. "Isso não significa que hoje eu não tenha todas as críticas e todas as cobranças a uma pessoa que traiu, que conspirou, que se tornou presidente fruto de um golpe."

Em 2004, no discurso que oficializou a coligação, Erundina elogiou Temer por "se dispor a uma condição [de candidato a vice] que não diria ser inferior, mas que está muito aquém do que é ele é". A candidata se referiu a ele como "uma liderança" e "um articulador respeitado".

Durante a campanha naquele ano, Erundina afirmou que ele não seria "figurante". "O nosso vice não será um mero figurante. Ele é um especialista em segurança e se dispôs a cuidar do problema da violência na nossa cidade", disse.

RESULTADO

A chapa terminou em quarto lugar, com cerca de 4% dos votos. José Serra (PSDB) venceu a disputa sobre a então petista Marta Suplicy (PMDB) –54,86% a 45,14%.

Nas primeiras pesquisas Datafolha, de maio e junho de 2004, Temer aparecia entre o sétimo e o nono lugar, dependendo do cenário, sempre com 1% ou 2% das intenções de voto. Erundina, em geral, ocupava o quarto lugar, atrás dos líderes Serra, Marta e Paulo Maluf (PP), mas despencou de cerca de 11% para aproximadamente 3% entre maio e agosto.

A hoje improvável aliança entre a líder esquerdista e o presidente foi costurada por Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB à época.

Segundo Yunes, a chapa foi montada depois que Temer desistiu de concorrer.

"Nós estávamos sem estrutura de campanha e não estávamos sentindo um apoio efetivo do Quércia e do PMDB. Então, Michel resolveu não mais disputar a eleição, e o Quércia sugeriu a Erundina", diz Yunes.

MARTA

Notícias da época relatam ter havido a possibilidade de Temer compor chapa com Marta, o que foi vetado pela então petista, hoje candidata à Prefeitura pelo partido do presidente.

Em entrevista ao "Roda Viva" em junho de 2004, Marta foi questionada sobre não ter aceito um vice do PMDB, contrariando pressões do diretório nacional do PT e do governo Lula.

"Eu não poderia ter um vice do PMDB que eu não teria confiança. E fiz firmeza mesmo pra não ter", respondeu.

Hoje, Marta se posicionou a favor do impeachment e diz que o presidente dá esperança para que o país saia da crise.

Questionado sobre a rejeição de Marta a Temer na época, Yunes, que é atual coordenador de campanha da peemedebista, disse não se recordar do fato.

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