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'Ser velho e rico é difícil. Ser velho e pobre deve ser impossível', diz candidata do PRB

Fotomontagem
Regina Manssur (à dir.) e Val Marchiori, em participação especial no programa "Mulheres Ricas"

Manhã do domingo, 2, dia de eleição. Em frente ao colégio Dante Alighieri, no bairro paulistano dos Jardins, a advogada e candidata a vereadora Regina Manssur, que estudou na escola de elite e lá formou seus filhos, faz uma confissão: "Eu rasgava o rosto dele dos meus santinhos. A cara dele não tem nada a ver com a minha". A advogada e ex-participante do reality show "Mulheres Ricas" se refere a Celso Russomanno, candidato à prefeitura paulistana pelo mesmo partido que ela abraçou, o PRB.

A vontade de se dissociar do partido tem duas razões. A primeira delas é falta de identificação. "Olha, 99% das pessoas que vão votar em mim não vão votar nele", diz a candidata, auto-declarada "recém-sessentona". "Era uma rejeição muito grande. As pessoas sempre diziam: 'O seu perfil é do Doria [candidato do PSDB]'. " Mas Manssur foi convidada a concorrer pelo PRB e aceitou. "Fui sem pensar nas consequências."
O segundo motivo é um sentimento de descaso da legenda com sua candidatura, afirma. "Eles demoraram 15 dias para entregar os meus santinhos. Mandaram meu nome errado para o cartório eleitoral, escreveram Patrícia Regina."

Procurado, o PRB não respondeu se gostaria de comentar.

Sua maior ferramenta de divulgação foi o Facebook, mas até ele lhe deixou na mão no dia anterior ao pleito. "Bloquearam o meu perfil depois que eu falei abertamente que o partido me deixou na mão." Além da campanha virtual, fez "um chazinho" na sua casa, no Morumbi, onde só o closet ocupa 200 m2. "Todo mundo amou minhas ideias."

Ela elegeu como bandeira o bem-estar dos idosos, com propostas de casas de repouso públicas. "Ser velho rico é difícil, você tem remédio, plástica, psicólogo. Ser velho pobre deve ser impossível."

Enquanto Manssur fala, Andrea Matarazzo, 59, vice na chapa de Marta Suplicy, sai do colégio. "Por que ela não está com ele, por exemplo? Está com aquele outro, pouco fino", questiona a dona de butique Suzete Costa, 54, que declarou voto em Manssur, mas preferiu votar em Marta Suplicy, do PMDB, para prefeita. "O Matarazzo sabe o que está fazendo, é um homem que não está na política pelo dinheiro. Até porque é dinheiro velho, que está na família há gerações. Quer o bem da cidade", disse a eleitora.

CONDE SOLITÁRIO

Outro abastado de berço que disputou uma vaga na câmara municipal pelo PRB foi o conde e economista Chiquinho Scarpa, 65. Scarpa educadamente declinou os pedidos de entrevista ou de que a reportagem o acompanhasse no evento que planejava para após o pleito. "Ainda são muitos pontos de interrogação", disse sua secretária. Mas a Folha apurou que o conde sentiu algum desamparo durante a campanha.

A começar pela estrutura política. Recebeu para convescotes na mansão que ocupa a praça Nicolau Scarpa (nome do seu avô) no Jardim América, que está vazia e à venda por cerca de R$ 80 milhões. Adesivou seu Bentley, avaliado em R$ 1 milhão, com seu rosto e o número do partido. Saiu em carreatas dentro de um conversível amarelo, acompanhado pela namorada, a empresária Marlene Nicolau, 51, e Pacheco Pafúncio Nicolau Scarpa, 3, o cão bichon havanês do casal.

Seus cabos eleitorais foram amigos da alta-sociedade. O dono de uma corretora imobiliária de luxo mandava santinhos virtuais para toda sua lista de contatos no Whatsapp. Após votar em um colégio na rua Padre João Manoel, nos Jardins, receberia um grupo de apoiadores na casa de Marlene.

"É Chiquinho na Câmara e Doria na prefeitura!", gritou o aposentado Marcos Carvalho, 67, quando o conde entrava para votar. Informado de que o candidato da chapa de Scarpa era Celso Russomanno, Carvalho reagiu: "Ele pode sempre virar a casaca e abandonar o cara que grita na televisão, não pode?"

Com 90% das urnas apuradas, Regina Manssur tinha 651 votos e Chiquinho Scarpa, 4.537.

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