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Campeã de votos, vereadora eleita em BH não vai votar em nenhum dos candidatos a prefeito

Candidata a vereadora mais votada em Belo Horizonte, Áurea Carolina, do PSOL, feminista e negra, não vai votar em nenhum dos dois candidatos a prefeito que chegaram ao segundo turno, mas promete diálogo com a ala mais conservadora da Câmara.

"Nenhum dos dois me representa", disse à Folha sobre João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS). Áurea também não poupa críticas ao governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), de quem chegou a ser subsecretária.

Eleita com 17.420 votos, a maior votação desde 2004 em Belo Horizonte, ela ajudou a eleger Cida Falabella (PSOL), também feminista e parte do coletivo Muitas pela Cidade que Queremos.

Patrick Arley/Patrick Arley
Áurea Carolina, do PSOL, vereadora mais votada em Belo Horizonte nas eleições de 2016
Áurea Carolina, do PSOL, vereadora mais votada em Belo Horizonte nas eleições de 2016

O coletivo, surgido há um ano e meio, organizou encontros e estudos que embasaram 12 candidaturas à Câmara filiadas pelo PSOL. "A ideia foi ocupar as eleições para que forças plurais tivessem representatividade", diz Áurea.

Juntas, as psolistas serão minoria na Câmara, que teve renovação de 56% –dos 41 vereadores eleitos, 23 não tinham mandato.

"A Câmara terá uma composição mais de conservadores do que de pessoas que defendem lutas sociais, mas nossa postura será de diálogo, de aproximação com todos", afirma Áurea. Questionada sobre a restrição do PSOL a alianças com partidos de ideologia distinta, a vereadora eleita ressaltou que "dialogar não é fazer aliança".

Entre abril e agosto do ano passado, Áurea ocupou o cargo de subsecretária das Políticas para Mulheres na gestão Pimentel, de onde pediu exoneração.

"Ali eu não teria condição de desenvolver o trabalho a que eu me propus. Não havia orçamento para novas políticas, o governo não priorizou essa área", diz.

Áurea afirmou ainda que o governo Pimentel "tem uma condução equivocada da política de segurança pública, com um modelo repressivo e de encarceramento em massa".

Ao deixar o cargo, ela voltou a atuar no Fórum das Juventudes da Grande BH, entidade civil que promove direitos dos jovens, "enfrentando o genocídio da juventude negra e periférica", afirma Áurea.

A vereadora eleita ressalta, porém, que a gestão Pimentel tem "muitos funcionários sérios e comprometidos com a luta". A atual subsecretária Larissa Amorim Borges, por exemplo, doou R$ 500 para a campanha de Áurea.

A própria candidata doou R$ 2 mil para si mesma e teve uma das maiores arrecadações entre os 12 membros do coletivo –recebeu cerca de R$ 20 mil em recursos e R$ 35 mil em doações estimáveis. O PSOL não fez repasses a nenhum desses candidatos.

Áurea atribui seu sucesso ao engajamento de amigos na campanha. Um vídeo, feito por colegas músicos de forma voluntária, teve mais de cem mil visualizações.

Graduada em ciências sociais e especialista em gênero, Áurea iniciou sua atuação política como cantora de hip hop.

Na Câmara, ela promete instituir um mandato coletivo, defender o direito à moradia e à igualdade, promover discussões sobre gênero e até propor a redução do salário de R$ 15 mil dos vereadores.

Ela e Cida já firmaram o compromisso de doar de 40% a 70% do seu salário a iniciativas sociais.

A vitória de Áurea não foi um caso isolado no PSOL. Candidatas do partido foram as mais votadas também em Porto Alegre, que reelegeu Fernanda Melchionna, Belém, onde Marinor Brito foi reeleita, e Niterói, com Talíria Petrone.

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