Erro em sistema da Fazenda multiplica dívida de empresa de Kalil, candidato em BH
Amira Hissa/Divulgação | ||
Alexandre Kalil (PHS) visita Barro Preto, em Belo Horizonte |
Um erro no sistema da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional multiplicou por 100 a dívida de FGTS da Erkal Engenharia, empresa do candidato à Prefeitura de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS). Os valores incorretos foram usados pelo adversário João Leite (PSDB) em ataques em dois debates e nos programas eleitorais.
Até a sexta-feira (21), a lista de devedores da Procuradoria apontava que a dívida da Erkal com a Fazenda Nacional era de R$ 148 milhões –R$ 132 milhões só de FGTS.
Nesta segunda (24), no entanto, o valor que aparecia no site era de R$ 17 milhões. A dívida correta de FGTS era de R$ 1,3 milhão. O erro foi reconhecido à Folha pela Procuradoria, que disse ter havido um "incidente na lista de devedores".
"O erro foi constatado na própria sexta, a lista foi retirada do ar e posteriormente recolocada, com a correção", informou o órgão, em nota.
No segundo turno da eleição, a campanha de João Leite tem recorrido ao tema das dívidas de Kalil para tentar desgastar o concorrente. A "dívida de R$ 140 milhões" foi citada no programa eleitoral desta segunda e em dois debates.
No último, da TV "Record", Kalil negou o débito e disse que a empresa não tinha porte para dever essa quantia de dinheiro.
Procurado, o coordenador da campanha do ex-cartola, Gabriel de Azevedo, afirmou que fica "surpreso com a atitude do candidato João Leite no segundo turno em relação ao primeiro".
"Ele disse que ia se pautar em propostas e só fala em Kalil, deve ser por causa do resultado desfavorável a ele nas pesquisas", disse.
Já a campanha de João Leite afirma, em nota, que "o fato de a PGFN ter refeito seus cálculos sobre a dívida de Alexandre Kalil não altera a denúncia". Também informa que as afirmações foram baseadas em documentos públicos.
"Não se trata de uma discussão de ordem de grandeza de números. O importante é destacar que é inaceitável e moralmente indigno um candidato ser milionário, ter carrões, motos de luxo e vários imóveis e não recolher o FGTS de seus funcionários, bem como estar até mesmo condenado à prisão em primeira instância por não repassar o INSS deles à Previdência", diz a campanha tucana. Kalil recorre da sentença em relação ao repasse de INSS e dito que não comenta o processo.
João Leite esteve à frente de todas as pesquisas de intenções de votos no primeiro turno e chegou ao segundo turno à frente, mas o último levantamento do Ibope apontou Kalil com 41% das intenções de votos contra 35% dos tucanos.
No primeiro turno, uma juíza decretou falência da Erkal Engenharia por causa de uma dívida de R$ 88 mil, mas a decisão foi suspensa.
Além dos R$ 17 milhões em débito com a Fazenda Nacional, a Erkal tem cerca de 2.000 títulos protestados em cartórios da capital mineira, inclusive com a própria prefeitura.