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Com escolas ocupadas, até supermercado vira local de votação no Paraná

Estelita Hass Carazzai/Folhapress
Com escolas ocupadas, até supermercado vira local de votaçãoeleitores votam em estacionamento de supermercado em Curitiba, neste domingo (30)
Eleitores votam em estacionamento de supermercado em Curitiba

Com quase 500 escolas estaduais ocupadas por alunos, eleitores do Paraná tiveram seus locais de votação remanejados e votaram em creches, igrejas, unidades de saúde e até em um supermercado.

Em Curitiba, parte do estacionamento de um supermercado foi ocupada por urnas de 11 seções eleitorais, que antes estavam num colégio estadual.

O espaço foi dividido com faixas de isolamento amarelas. Um carrinho de supermercado, em pé, ajudava a demarcar o caminho para o eleitor.

"Eleição é igual a parto: tem que sair, diz a servidora do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) Giovana Barbosa, que trabalha na coordenadoria de planejamento do órgão.

As urnas foram levadas de manhã bem cedo, para evitar furtos à noite. Numa parede aberta, uma lona foi estendida para evitar que chovesse nas urnas. "A gente já passou por alguns apuros, mas não igual a isso. Foi inusitado."

O TRE transferiu todos os eleitores que votavam em escolas estaduais no Paraná, por precaução, para evitar prejuízos à eleição.

Foram 700 mil eleitores deslocados, numa mudança que custou R$ 3 milhões. Em Curitiba, quase a metade dos eleitores teve alteração no local de votação.

OUTRAS CIDADES

No Recife, onde havia dois prédios ocupados por estudantes, foi feita a transferência de 7.913 eleitores.

Já em Belo Horizonte, o TRE fez acordo com os alunos e isolou com fitas a área ocupada no Colégio Estadual Central —onde votaram os dois candidatos à prefeitura e o senador Aécio Neves (PSDB).

Não houve manifestações durante a votação dos políticos, dentro ou fora da escola. Fiscais do TRE permaneceram no local para que os jovens não dessem entrevistas.

A mesma estratégia foi adotada em Maceió, no Instituto Federal de Alagoas, ocupado desde a última quarta (26). Militares fizeram a segurança do local e os alunos ficaram isolados no setor administrativo, longe das seções eleitorais, que ficam nas salas de aula.

Os estudantes protestam contra a reforma do ensino médio, proposta pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB), assim como contra a PEC do teto dos gastos públicos. Parte dos pais e alunos é contra as ocupações e pede a volta às aulas.

COOPERAÇÃO

"Foi tranquilo. Mas eu não apoio as ocupações. É uma falta de vergonha, já virou bagunça", opina o estudante Rodrigo Pereira, 21, eleitor da seção no supermercado.

A aluna secundarista Paula Oliveira, 18, que votou no mesmo local, tinha um pensamento oposto. "Eu sou a favor [das ocupações]. Tem que fazer algo para chamar a atenção do governo."

Segundo a servidora do TRE, a maioria das pessoas colaborou com a mudança. Cartas foram enviadas às casas dos eleitores, e um ônibus foi disponibilizado de graça para os locais de votação mais distantes.

Em frente aos colégios estaduais, três homens do Exército e um policial militar faziam a segurança e orientavam os eleitores que não sabiam sobre a mudança. Não foram registrados incidentes.

Até mesmo o local de votação do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), foi alterado. Ele criticou o transtorno e disse que "está na hora de parar com essa brincadeira", em referência às ocupações das escolas estaduais por alunos.

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