Descrição de chapéu Economia da Arte

Brasil precisa formar público para fomentar mercado interno de arte

Para museóloga, grandes exposições são porta de entrada para atrair e fidelizar público que não tem hábito de ir ao museu

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São Paulo

Despertar o interesse da população para a arte e a cultura e formar um público consistente é um dos maiores desafios para o crescimento do setor da cultura no país, concordaram os participantes do seminário Economia da Arte, realizado na segunda-feira (20), em São Paulo.

Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, lembrou do caso do Projeto Guri, iniciativa mantida pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de SP que leva formação musical gratuita para crianças e adolescentes. A gestão Doria chegou a anunciar, no início do ano, cortes no orçamento do projeto, mas voltou atrás após a reação da sociedade.

“Esse caso foi a grande virada de chave para sair do campo do contingenciamento imposto pelo cenário econômico e ir para o entendimento de que é preciso liberar recursos para a cultura”, disse Saron.

Maria Ignez Mantovani Franco, museóloga e diretora da Expomus, empresa que desenvolve exposições, ressaltou o papel dos museus na formação de público para as artes. “Os museus têm revolucionado ao trazer o público para dentro, mas ainda precisamos de mais programas que proporcionem descoberta e novas experiências. Precisamos inebriar o público”, afirmou.

Algumas opções seriam, por exemplo, realizar atividades especiais para crianças, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade social, manter um coral, organizar leituras e contação de histórias, fazer trabalhos sociais e executar projetos voltados para a população que reside ou trabalha na região da instituição. 

A museóloga afirma que as exposições grandes são como uma porta de entrada para atrair e fidelizar o público que não tem o hábito de ir ao museu. “A sustentabilidade do museu está ligada ao interesse público”, disse.

Maria Ignez lembrou que quase metade (46%) das mais de 400 mil pessoas que estiveram na exposição do escultor hiperrealista australiano Ron Mueck, em 2014, na Pinacoteca, nunca haviam entrado naquele museu antes.

Nas artes cênicas, a sustentabilidade depende necessariamente de incentivos e interesse do público, que pode ser fomentado pela educação, segundo o ator Odilon Wagner.

“Mesmo com ingresso de graça, as pessoas não vão ao teatro porque falta interesse. Precisamos de programas de incentivo que levem a arte até as pessoas”, disse.

“O teatro só é autossustentável em Londres e Nova York porque nesses lugares já se tornou uma indústria. A arte precisa de incentivos porque é importante, os gastos na área devem sair do campo das despesas e ir para o dos investimentos”, acrescentou.

Para estreitar de vez os laços com o público e ganhar respeito da população, falta  levar às pessoas o conhecimento sobre como é o dia a dia dos trabalhadores da cultura, segundo a empresária Flora Gil.

“É injusto dizer que artistas e produtores estão apenas se dando bem. O médico salva vidas, o dentista tira as dores e nós levamos emoção e conteúdo de cultura. O nosso trabalho é sério, mas não é levado a sério como deveria ser”, disse. “O respeito precisa ser tão importante quanto a beleza”, concluiu Flora.

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