Especialistas sonham com viagens a Marte e telescópio lunar

Ainda com longo caminho pela frente, Brasil pode liderar produção de novas tecnologias

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Duque de Caxias (RJ)

Com o recente investimento feito no setor espacial, cientistas e empresários já sonham com uma possível ida a Marte. O tema foi debatido no webinário "Por que ir ao espaço?", promovido pela Folha na quinta-feira (26) e patrocinado pela Embratel, com apoio do Santander.

Gustavo Silbert, diretor-executivo da Embratel, anima-se com os próximos passos das missões tripuladas. “Nós vamos ver o homem chegar a Marte e o começo da colonização do planeta.” Silbert, que é economista, foi um dos participantes do webinário Por Que Ir ao Espaço?, realizado na quinta-feira (26). Salvador Nogueira, autor do blog Mensageiro Sideral, foi o mediador.

Marcelle Soares-Santos, astrofísica brasileira e pesquisadora no Fermi National Accelerator Laboratory (EUA), vai além e imagina que, no futuro, possa existir um telescópio implantado na Lua feito com tecnologia brasileira. “Eu vejo uma oportunidade para a comunidade brasileira ter um papel de liderança nisso.”

Segundo ela, além da curiosidade intrínseca do ser humano de explorar o desconhecido, uma das principais motivações das missões é econômica: indústrias são favorecidas por descobertas, oportunidades de trabalho são criadas e tecnologias surgem para facilitar o dia a dia das pessoas.

A participação da iniciativa privada, para Silbert, pode ajudar a popularizar os avanços. “Onde há concorrência, os preços caem e o serviço para o cidadão que está aqui embaixo tende a ser melhor.”

Para Rodrigo Leonardi, coordenador de satélites e aplicações da Agência Espacial Brasileira, o entusiasmo com o setor tem se refletido nos acordos feitos pelo Brasil recentemente. Neste ano, foi enviado ao espaço o Amazônia 1, primeiro satélite totalmente desenvolvido no país, parte da Plataforma Multimissão, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). “É uma plataforma imaginada para ser reutilizada, reduzindo custos e prazos da entrega de novos satélites.”

Na opinião dele, o Amazônia 1 pode marcar o início de um futuro promissor para o país. Com duas bases de lançamento, uma em Alcântara (MA) e outra em Parnamirim (RN), a Força Aérea Brasileira selecionou, neste ano, quatro empresas estrangeiras para fazer a operacionalização da base do Maranhão. Isso inclui ficar responsável, por exemplo, pela plataforma do VLS (Veículo Lançador de Satélite).

“O importante é que essas empresas consigam estabelecer seus modelos de negócio e que nós possamos ter um centro que seja satisfatório.”

Com a expansão desse mercado, aumenta, também, o problema do lixo espacial. A Nasa estima que há, em órbita, mais de cem milhões de fragmentos não monitoráveis, que têm menos de cinco centímetros de diâmetro.

Segundo Leonardi, dados apontam que 11 mil artefatos já foram lançados ao espaço. “Isso é uma média de um satélite sendo lançado a cada dois dias de forma contínua durante 63 anos”, calcula.

O excesso de objetos em torno do planeta atrapalha a observação de cientistas. Soares-Santos diz ser necessário haver um diálogo entre aqueles que lançam os satélites em órbita e os pesquisadores.

“Não há uma discussão nem um acordo entre as entidades que estão promovendo a produção dos satélites e as comunidades astronômicas e as entidades interessadas em observar o céu”, afirma.

Ela cita leis criadas em regiões como o Chile, o Havaí e a Austrália —lugares de ótima localização para observação astronômica—, que impedem a poluição visual no entorno de observatórios.

Todo o conteúdo sobre o seminário, incluindo a entrevista com o astronauta Charles Duke, pode ser encontrado no endereço folha.com/porqueiraoespaco

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