Demanda por profissional que desenvolve aplicativos explode na pandemia

Evolução dos celulares permite investimentos em programas que trazem soluções mais eficientes

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São Paulo

A criação de celulares inteligentes que incorporam desde velocímetros até sensores de altitude tem aumentado a procura por profissionais que desenvolvem aplicativos capazes de buscar soluções mais eficientes e personalizadas para demandas do dia a dia.

A área de desenvolvimento de softwares já estava em alta antes da pandemia e explodiu com a digitalização de empresas durante a crise sanitária.

Levantamento da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) estima déficit de 260 mil profissionais de tecnologia no Brasil até 2024. Segundo a entidade, a maior demanda é por desenvolvedores mobile, responsáveis por criar ou fazer a manutenção de aplicativos para celular e outros dispositivos móveis.

O especialista em desenvolvimento mobile Matheus Gois, 25, no Mackenzie, em São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

O aquecimento do mercado também se justifica pelas transformações tecnológicas que possibilitam dispositivos ainda mais integrados e presentes no cotidiano.

"Hoje temos um escopo maior de dispositivos. Precisamos pensar em aplicativos para jornadas que começam de manhã, com o assistente virtual, que têm continuidade no carro e depois no trabalho, no laptop ou no celular", diz Michel Fernandes, coordenador do MBA em mobile development da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista).

Com a sofisticação dos dispositivos e aplicativos, é comum que os desenvolvedores façam coleta e análise de dados para melhorarem as ferramentas. Eles também usam recursos de inteligência artificial com a programação de softwares que leem algoritmos.

"Um chatbot, por exemplo, pode reconhecer a voz de uma pessoa jovem e usar uma comunicação mais apropriada para aquela geração. Se for uma pessoa mais velha, pode adotar outro tipo de linguagem para que ela entenda melhor", diz Fernandes.

Mesmo mais avançados, os aplicativos de hoje são mais simples de serem desenvolvidos, afirma Rodrigo Nicola, engenheiro de controle e automação do Instituto Mauá de Tecnologia.

Antes só existiam os chamados aplicativos nativos, que funcionam apenas em um sistema operacional, como Android ou iOS. Por exigirem versões diferentes, o desenvolvimento e a manutenção ficam mais caros.

Nos últimos anos, houve evolução de aplicativos híbridos, que funcionam em mais de um sistema operacional e sem perda de funcionalidade.

"Com ferramentas multiplataformas, empresas não precisam contratar uma equipe especializada em Android e outra em iOS. Há agilidade de desenvolvimento e de atualização", diz Nicola.

O desenvolvimento de páginas no navegador do celular adaptadas para se parecerem com aplicativos é outra alternativa que exige menos custos, diz Pedro Cacique, professor da faculdade de computação e informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Com a facilidade em criar aplicativos, mais profissionais têm se lançado como empreendedores e criado suas próprias ferramentas. Diante da efervescência de novos produtos, é fundamental a análise minuciosa do mercado e importante a busca por parcerias ou financiamento, diz Marcos Devaner, professor do curso de análise e desenvolvimento de sistemas da Universidade Anhembi Morumbi.

Foi o que fez Matheus Gois de Lima Silva, 25, formado em ciência da computação e que se especializou na área de desenvolvimento mobile.

A demanda por profissionais da área foi decisiva na escolha da especialização. Ainda durante o curso, ele desenvolveu aplicativos para eventos internos da universidade.

Em um dos projetos, entrevistou médicos e percebeu que poderia trabalhar na otimização de processos gerenciais durante tratamentos de quimioterapia. Segundo ele, a maior parte do cuidado aos pacientes internados é feita de maneira manual, o que torna processos mais demorados.

Gois e outros três colegas criaram um aplicativo que, entre outras funções, controla a bolsa de infusão dos pacientes, emitindo alertas quando o medicamento acaba. A ferramenta está em fase de testes em hospitais de São Paulo.

Ele divide o tempo dedicado ao projeto com o trabalho em uma instituição financeira.

Anualmente o mercado de desenvolvimento mobile cresce cerca de 40%, estima Fernandes, da Fiap. "Antes dizíamos que o cartão de visitas de uma empresa era a portaria. Hoje podemos traçar esse paralelo com a interface das aplicações e observar se ela faz sentido, é rápida e coesa."

Desenvolvedor mobile

Formação
Curso técnico, graduação ou pós em áreas como ciência ou engenharia da computação, análise e desenvolvimento de sistemas, sistemas de informação e jogos digitais

Salário inicial
R$ 4.000

Onde estudar
Mackenzie (graduação em ciência da computação), Instituto Mauá de Tecnologia (graduação em engenharia da computação), Anhembi Morumbi (tecnólogo em análise de desenvolvimento de sistemas), Fiap (MBA em mobile development)

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