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tema da semana: primeira demissão
O que se passa na sua cabeça ao pensar em demissão? Na primeira vez em que isso acontece, o processo pode ser especialmente difícil.
A demissão provoca um sentimento de rejeição que pode desencadear gatilhos para ansiedade e autocrítica, explica Emanuella Velez, psicóloga e consultora organizacional.
Então, como lidar com isso?
- Aceitar o que aconteceu é a melhor forma de atravessar o que a psicologia chama de os "estágios do luto";
- "Quanto mais você compreende o que está acontecendo, mas fácil você encontra formas de lidar", diz Velez;
- "Quanto mais você compreende o que está acontecendo, mas fácil você encontra formas de lidar", diz Velez;
- Tenha uma rede de apoio com família e amigos por perto;
- Não se cobre tanto e entenda o que é sua responsabilidade e o que é do outro. Há coisas que simplesmente não dependem de você, pontua Velez.
O que mais é indicado fazer:
- Descanse. Aproveite esse tempo para colocar as ideias em ordem;
- Planeje suas finanças e avalie qual a urgência da recolocação;
- Organize uma rotina pessoal e inclua buscas por emprego:
- Por que? No desemprego, a pessoa fica tão confusa que perde a rotina. Se o profissional chega em uma entrevista sem raciocínio organizado será difícil passar, afirma Alessandra Falsarella, gerente de carreiras e criadora do podcast Foca no Trabalho.
- Aproveite esse tempo para fazer cursos que agregam em seu currículo;
- Reflita sobre quais pontos pode melhorar para o próximo emprego e avalie de quais benefícios não abre mão;
- Não se identificava com o emprego anterior? Entenda se não é o momento para fazer uma transição de carreira.
Como falar disso no LinkedIn?
- Escrever uma publicação falando mal da empresa pode ter uma repercussão legal, mas um próximo recrutador ficará com receio de te contratar por pensar que fará o mesmo no futuro, alerta Falsarella.
- Faça uma publicação indicando quais foram suas entregas e projetos dentro da empresa.
- Exemplo: Trabalhei durante x anos e fui demitida. Comunico a minha rede que estou em busca de recolocação e conto com a ajuda de vocês.
- Por que postar? Para que sua rede de contatos saiba que você está em busca de emprego.
- Quem fez conta: A analista de suporte Nathália Magalhães, 30, passou por sua primeira demissão em janeiro deste ano. Ela fez uma publicação no LinkedIn e recebeu convites de ex-gestores para entrevistas.
Cuidados:
- A onda de emoções neste início pode te levar a escolher qualquer emprego;
- Não é momento para discussão com o gestor do trabalho que você está deixando;
- Agradeça pela oportunidade e lembre-se que isso preserva seu networking. Não deixe que as emoções tomem conta, diz Tamires Teixeira, mentora de carreiras.
Em entrevista para um novo emprego, como responder à pergunta: "por que foi desligado da empresa anterior?"
- Fale a verdade, mas sem criticar o trabalho anterior e foque nas experiências que teve;
- Leve o discurso que a empresa utilizou: se foi por corte de funcionários ou por desempenho;
- Seja honesto. O objetivo dessa pergunta, explica Teixeira, é avaliar como o candidato lida com as adversidades e o sentimento de rejeição.
Minha Primeira Demissão
Trabalhadores contam suas experiências com o desligamento.
→ Amanda afirma que o desligamento ocorreu por corte de gastos.
Os primeiros dias depois do desligamento... "De início é um choque. Eu tinha um carinho muito grande pela organização e tinha aquela ideia de 'vestir a camisa da empresa'. Mesmo que o motivo da demissão não fosse pelo meu desempenho, eu questionei a minha capacidade e se era suficiente para o cargo. Depois veio o medo de não saber como seria o futuro".
O que aprendeu com sua primeira demissão: "Não podemos nos iludir muito com a organização porque, no fundo, a empresa está preocupada com o lucro dela, mesmo que tenha uma cultura bacana. Temos que focar em estarmos preparados tanto no profissional como no emocional. A demissão acontece e faz parte da nossa carreira. Não quer dizer que somos incapazes".
→ Airton diz que a demissão ocorreu por conta das crises nas startups que sofrem com baixos investimentos e juros altos.
Nos primeiros dias depois do desligamento..."Você se sente incapaz, se pergunta 'será que deveria ter feito algo a mais?'. Fica tentando encontrar um motivo para a demissão. Mas vale parar e refletir. Depois de uma semana, olhei para as coisas boas que aprendi nesta experiência".
O que aprendeu: "Fechar ciclos também é o momento para novidades que podem agregar experiência na sua carreira. Consegui enxergar quais foram as minhas melhores atuações que serão importantes para uma próxima entrevista e quais dificuldades preciso melhorar".
Não fique sem saber
Explicamos dois assuntos do noticiário para você.
Entenda a crise sanitária na terra indígena Yanomami
No último dia 20, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a crise sanitária que atinge os yanomamis.
O que acontece: crianças e idosos sofrem com problemas graves de saúde como desnutrição e malária.
Origens da crise:
- Garimpo ilegal: tem associação direta com o aumento da desnutrição. O garimpo causa o desmate da terra, diminuindo terreno fértil para plantio, e introduz doenças entre os indígenas.
- Negligência sob Bolsonaro: o governo do ex-presidente deu aval inédito para garimpo próximo à terra yanomami. Bolsonaro rebateu as críticas e disse que "nunca um governo dispensou tanta atenção aos indígenas" como o dele.
Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a gestão anterior recebeu diversas denúncias, entre 2019 e 2022, sobre violações de direitos dos povos indígenas, mas não tomou providências.
O Supremo Tribunal Federal (STF) também detectou que o governo do ex-mandatário descumpriu decisões judiciais em relação ao plano de proteção dos yanomamis.
Reações: um inquérito de genocídio foi aberto para apurar os responsáveis pela crise como garimpeiros, operadores da logística do garimpo, coordenadores de saúde indígena e agentes políticos.
Tire suas dúvidas sobre os yanomamis, uma das maiores etnias indígenas do país.
Opinião: Povos originários sempre foram alvo de extermínio no país, escreve a colunista da Folha Ana Cristina Rosa.
O que a Folha pensa: Descaso agravado sob Bolsonaro leva a crise de saúde chocante no território, diz o jornal em seu editorial.
Ouça no podcast Café da Manhã os impactos materiais e na saúde dos yanomamis e os alertas ignorados do governo Bolsonaro.
O que é esse tal de ChatGPT?
ChatGPT é o novo chatbot desenvolvido pela OpenAI que ganhou destaque por ser uma nova ferramenta de inteligência artificial (IA).
- Funciona como um bate-papo em que é possível fazer perguntas ou dar instruções.
Por que chama atenção?
- A tecnologia é capaz de entender a linguagem humana natural e dar respostas precisas e coerentes de diversas perguntas. A ferramenta foi, inclusive, aprovada em um MBA de administração dos EUA.
- A Microsoft vai investir US$ 10 bilhões na dona do ChatGPT. A OpenIA é avaliada em US$ 29 bilhões e dará 75% dos lucros à Microsoft até recuperar seu investimento inicial.
- ChatGPT destaca uma nova fase de automação na qual a IA interage de maneira muito mais refinada com o usuário.
Preocupações: a ferramenta trouxe à tona discussão sobre futuro da tecnologia e da humanidade. Até mesmo as universidades começam a rever métodos de ensino, pois alunos usam a inteligência artificial para ter informação e explicar conceitos em trabalhos escolares.
E tem mais... profissões burocráticas e modelos de ensino baseado em "decoreba" podem estar com os dias contados, diz o neurocientista Álvaro Machado Dias em entrevista à Folha.
O que a Folha pensa: Programas criadores de textos que imitam humanos exigem atenção, não alarmismo, escreve o jornal em seu editorial.
Opinião: ChatGPT deveria dar humildade e motivação, não preguiça, afirma a colunista da Folha Suzana Herculano-Houzel.
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