Brasileiro recorre às redes sociais para escolher como se divertir

Veja marcas de entretenimento vencedoras de pesquisa do Datafolha

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São Paulo

Em meio a tantas possibilidades do que fazer, comer ou assistir, usuários recorrem às redes sociais para escolher como se divertir. Conteúdos que viralizam muitas vezes transmitem a ideia de que vale a pena se dedicar àquilo que já foi aprovado.

Esse comportamento do público está associado à sobrecarga mental gerada pela quantidade de opções de consumo, afirma Raquel Dommarco, especialista da WGSN. Na pesquisa "Estados emocionais do consumidor", feita pela empresa de previsão de tendências em 2023, a emoção mais citada foi a ansiedade.

Ilustração de menina sentada em sofá assistindo televisão
Grande quantidade de conteúdo faz usuários buscarem ajuda nas redes sociais para decidir o que consumir - Talita Persi

É importante, porém, identificar a capacidade do algoritmo das redes sociais de estimular comportamentos. "Estar atento aos seus interesses reais é fundamental, senão você pode acabar seguindo uma tendência com a qual não tem identidade", diz Leonardo Donato, líder de tecnologia, mídia e telecomunicações da EY.

O Datafolha detalhou as preferências de lazer e entretenimento entre os usuários brasileiros no levantamento O Melhor da Internet, que elegeu marcas vencedoras em sete categorias. Confira abaixo.

Plataforma de vídeo ao vivo - YouTube

Maior parte já vê transmissões online pela televisão

A maioria dos brasileiros já considera a televisão como mais um meio possível para estar conectado. Dos 2.010 entrevistados pelo Datafolha no mês de maio, 72% declararam possuir pelo menos uma smart TV em suas casas e 55% afirmaram ter TVs com acesso à internet.

Dados do YouTube mostram que os televisores foram os dispositivos que mais cresceram na plataforma nos últimos cinco anos. Em dezembro de 2022, mais de 20% dos espectadores brasileiros assistiram ao conteúdo praticamente só pela televisão.

Para o chefe de marketing do YouTube Brasil, Pedro Thompson, o aumento do consumo pela TV se deve sobretudo à demanda por vídeos ao vivo. A companhia venceu essa categoria na pesquisa Datafolha, com 60% das menções. Twitch e TikTok foram citados por, respectivamente, 6% e 5% dos entrevistados.

"Agora as pessoas também estão consumindo internet na sala de estar. Nosso diferencial está em prover um formato e um conteúdo que façam sentido para esse consumo", diz.

Thompson menciona a popularidade das lives, que se tornaram uma das principais opções de lazer na pandemia. Dos cinco maiores públicos de vídeos ao vivo no YouTube global, quatro são nacionais. No topo, está a live da cantora Marília Mendonça, de abril de 2020, que teve 3,3 milhões de visualizações simultâneas.

Além da música, o futebol ganhou relevância na plataforma a partir das transmissões de eventos como o Paulistão de 2023 e a Copa do Qatar de 2022, com o streamer Casimiro. Os jogos do Mundial ultrapassaram 500 milhões de views na CazéTV.

"Quem assiste a um jogo de futebol ou a uma live de música quer compartilhar aquele momento com a família ou amigos, não ver sozinho no celular", afirma Thompson.

YouTube
60% das menções
Fundação 
2005; no Brasil está desde 2007
Sede 
Mountain View (EUA); no Brasil, São Paulo
Usuários 
120 milhões de usuários mensais no Brasil
Canais digitais 
site e app


Streaming de música - Spotify

Sucesso dos podcasts impulsiona expansão da empresa no país

Considerado o segundo maior mercado de podcasts pelo Spotify, o Brasil tem visto sua produção nacional crescer dentro da plataforma, com 25 programas originais, disponíveis para os ouvintes apenas na ferramenta.

A empresa americana apareceu como o melhor streaming de música na pesquisa Datafolha. Dos entrevistados, 53% citaram o Spotify. O YouTube recebeu 16% das menções, e o Deezer, 8%.

Para a diretora de estratégia e operações da marca na América Latina, Roberta Pate, a popularidade da plataforma deve-se muito ao modelo "freemium" —combinação entre o serviço gratuito ("free") e a possibilidade de assinatura, que converte o usuário em "premium", com a liberação de novos recursos.

A atuação da marca no Brasil aproveita o sucesso dos podcasts para tentar definir tendências nesse mercado. "A indústria da música é centenária e rígida, mas nos podcasts temos a oportunidade de criar uma comunidade, explorar modelos e trabalhar com os criadores de uma maneira muito mais próxima."

No início de junho, porém, o Spotify global anunciou a demissão de 200 funcionários que trabalham com podcasts —2% do total de empregados. A assessoria da companhia no Brasil não confirmou se a decisão terá impacto sobre os projetos nacionais

Spotify
53% das menções
Fundação 
2008; no Brasil, está desde 2014
Sede 
Estocolmo (Suécia); no Brasil, São Paulo
Usuários 
515 milhões de usuários no mundo
Canais digitais 
site, app e redes sociais


Streaming de filmes e séries - Netflix

Plataforma aposta em artistas e produções nacionais

Com folga diante dos concorrentes, a Netflix foi apontada como melhor streaming de séries e filmes na pesquisa Datafolha, com 67% das menções. O levantamento foi feito pouco antes da nova política de senhas da companhia ser implementada no Brasil, em 23 de maio.

Agora, os usuários só podem dividir o acesso de uma mesma conta se morarem juntos. Pessoas que vivem em outras casas ainda conseguem usar a senha, mas o compartilhamento é restrito a um único perfil e exige cobrança extra.

A Netflix foi notificada pelo Procon de alguns estados, como São Paulo, Maranhão e Santa Catarina. O processo do órgão catarinense, por exemplo, considerou a regra abusiva e incentivou o registro de queixas contra o streaming, com multas de até R$ 500.

Para se manter firme no mercado nacional, a plataforma tem buscado incluir em seu elenco atores conhecidos, como Vladimir Brichta e Juliana Paes. Ambos estarão em "Pedaço de Mim", primeiro melodrama da plataforma.

Além disso, títulos brasileiros como "Sintonia" e "Bom Dia, Verônica" já têm novas temporadas encaminhadas. A plataforma deve estrear também o reality "Ilhados com a Sogra", que será apresentado por Fernanda Souza.

Procurada pela Folha, a Netflix não quis se pronunciar.

Netflix
67% das menções
Fundação 
1997; no Brasil, está desde 2011
Sede 
Los Gatos (EUA)
Usuários 
não divulga
Canais digitais 
site, app e redes sociais


Site de venda de livros - Amazon

Logística e descontos consolidam marca no mercado livreiro

As lojas virtuais superaram as físicas no faturamento de editoras no país. Em 2022, os canais digitais foram responsáveis por 35,2% das vendas, contra 26,6% dos títulos comprados em livrarias, segundo pesquisa da Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros e a Câmara Brasileira do Livro.

Destaque no setor, a Amazon segue empenhada em expandir sua presença no mercado brasileiro. A empresa apareceu como melhor site de venda de livros na pesquisa O Melhor da Internet, com 33% das menções.

A principal estratégia da marca é entender as necessidades do cliente e investir na experiência de leitura, diz Ricardo Perez, gerente de livros da Amazon no Brasil. Duas maneiras de fazer isso, segundo ele, são incentivar a produção independente e encurtar o elo entre autor e leitor.

O porta-voz destaca a capacidade logística da Amazon, que tem 11 centros de distribuição no país e um catálogo com milhões de títulos. A empresa está no Brasil desde 2012 com ebooks e desde 2014 com exemplares físicos —e segue apostando nos dois formatos.

Parte do mercado editorial, porém, considera que a Amazon oferece livros a preços abaixo da média —prática conhecida como dumping.

"A Amazon dá o desconto que ela bem quiser, porque não há lei para controlar. E isso enfraquece o ecossistema livreiro", afirma o vice-presidente da Associação Nacional de Livrarias, Alexandre Martins Fontes, também à frente da livraria Martins Fontes e da editora WMF Martins Fontes.

"Ela usa os livros para atrair o consumidor para comprar outros produtos, com margens maiores, em seu site", diz.

Perez refutou as alegações de prática de dumping e reforçou a presença de pequenas livrarias e editoras independentes no marketplace da Amazon. "O que a gente faz é conectar as pontas", diz.

Amazon
33% das menções
Fundação 
1995; no Brasil, está desde 2012
Sede 
Seattle (EUA); no Brasil, São Paulo
Usuários 
não divulga
Canais digitais
site, app e redes sociais


Site de venda de passagem aérea - 123 Milhas e Decolar

Pacotes ajudam portais a superar companhias aéreas

Na pesquisa O Melhor da Internet, Decolar e 123 Milhas empataram, dentro da margem de erro, na categoria melhor site de venda de passagem aérea. As plataformas foram mencionadas por 17% e 19% dos entrevistados, respectivamente. Na sequência, vieram Gol, Latam e Azul.

Para o vice-presidente de produtos aéreos da Decolar no Brasil, Bob Rossato, o resultado aparece no melhor momento da empresa no país.

No primeiro quadrimestre de 2023, as transações no mercado brasileiro cresceram 35% em relação ao mesmo período do ano passado e representaram 43% do total de vendas do grupo argentino, que deve seguir investindo no Brasil.

Na opinião de Rossato, o melhor desempenho da Decolar na pesquisa em relação às companhias aéreas tem a ver com a estratégia de não considerar as passagens o aspecto principal de uma viagem. "Quem compra passagem vai precisar de muito mais: hospedagem, transfer, passeios e ingressos para atrações."

Em março de 2022, o grupo comprou 51% das cotas da Stays.net para ampliar as opções de hospedagem disponíveis na plataforma e incluir imóveis por temporada.

Outra aquisição foi a da agência online ViajaNet, em maio do ano passado. Em 2020, a companhia comprou a fintech Koin, como uma aposta para melhorar as condições de pagamento da plataforma, com parcelamento via boleto.

O grupo tem testado quiosques itinerantes em shoppings para responder a dúvidas do público e prevê o lançamento de lojas físicas para o segundo semestre. Uma ferramenta do site permite fazer videochamadas com um agente especializado.

A 123 Milhas também tem oferta de pacotes e programa de fidelidade do cliente. Procurada pela Folha, a empresa não respondeu.

123 Milhas
19% das menções
Fundação 
2007
Sede 
Belo Horizonte
Usuários 
não divulga
Canais digitais 
app, site e redes sociais

Decolar
17% das menções
Fundação 
1999
Sede 
Buenos Aires (Argentina); no Brasil, Barueri
Usuários
29 milhões de usuários no mundo
Canais digitais 
app, site e Meu Agente Decolar


Site de venda de ingressos - Ingresso.com

Companhia planeja retomar a venda de peças e shows

A Ingresso.com deve voltar a vender entradas para peças de teatro, shows e espetáculos em geral. Neste ano, a plataforma planeja expandir sua atuação para além dos cinemas e do Rock in Rio.

A marca foi considerada o melhor site de venda de ingressos na pesquisa Datafolha. Das pessoas ouvidas, 12% mencionaram a companhia.

Em 2021, a plataforma foi comprada pelo UOL, no qual o Grupo Folha tem participação minoritária.

A Ingresso.com tinha restringido seus negócios ao cinema em 2017, após aquisição do site pela Fandango, companhia norte-americana do ramo audiovisual que pertence à NBCUniversal. Agora dentro do UOL, a marca deve impulsionar a retomada da parceria com teatros e casas de shows.

Aprimorar a experiência do usuário também faz parte da estratégia do site, que oferece devolução de ingressos facilitada. "A gente percebe que, para o cinema, o maior empecilho é compromisso. A pessoa pode hesitar em comprar antecipadamente com receio de que surja algum imprevisto", diz Mauro Gonzalez, diretor de negócios da empresa.

Por isso, o consumidor pode cancelar as entradas por conta própria até uma hora antes do início da sessão. O estorno é solicitado no mesmo momento, e o prazo para reembolso depende do método de pagamento utilizado.

Na visão do porta-voz, o destaque da Ingresso.com na pesquisa Datafolha extrapola o domínio no setor do cinema. "É uma área que ainda está se recuperando da pandemia, até por conta do número de filmes. Sinceramente, atribuo [o resultado da pesquisa] mais à nossa obsessão em tornar as coisas simples."

Outro dado chama atenção no levantamento: 38% não souberam responder ou não se lembraram de nenhuma marca. "Estou surpreso, porque hoje praticamente todos os eventos são vendidos pela internet, de shows a partidas de futebol", diz Gonzalez.

Ingresso.com
12% das menções
Fundação 
1995
Sede 
Rio de Janeiro
Usuários 
18 milhões
Canais digitais
site e app


Aplicativo de entrega de comida - iFood

Uso de inteligência artificial ganha força em app de delivery

Considerado o melhor aplicativo de delivery de comida na pesquisa Datafolha, o iFood tem apostado em modelos de inteligência artificial.

"Somos uma empresa que acredita muito no poder da digitalização para diminuir erros, eliminar fricções e facilitar a comunicação", diz Diego Barreto, vice-presidente de finanças e estratégias.

O iFood foi citado por 86% dos entrevistados. Os concorrentes apareceram com, no máximo, 1% cada um.

Segundo Barreto, há no momento 125 modelos de machine learning por trás da operação da empresa. A própria interação do consumidor com o aplicativo passa pelas ações de um modelo, que é capaz de reconhecer se o usuário responde bem à oferta de cupons ou em que período do dia reage melhor a notificações.

A companhia vai lançar em julho ferramentas como a seleção de itens a partir de um comando por voz e a padronização de listas de supermercado. "Se você falar que quer comer brigadeiro, o app vai conseguir te dar todos os itens necessários [à receita] para você apertar um botão e comprar no supermercado."

Presente em 1.500 municípios brasileiros, a plataforma atende 75 milhões de pedidos por mês, segundo o porta-voz.

Um estudo da Unicamp revelou em maio que 30% dos restaurantes na plataforma eram "dark kitchens", cozinhas voltadas ao atendimento de delivery. O modelo levanta discussão entre especialistas a respeito da transparência com os consumidores e condições higiênicas. Barreto desmente o dado e afirma que as "dark kitchens" são uma "minoria no iFood", além de garantir que o aplicativo não incentiva nem investe no modelo.

iFood
86%
Fundação 
2011
Sede 
Osasco (SP)
Usuários 
mais de 50 milhões
Canais digitais 
app, site e redes sociais

A pesquisa Datafolha foi feita entre 2 e 9 de maio de 2023, com 1.558 entrevistas online. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

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