Descrição de chapéu Fies Enem internet

Professora criada em favela do Rio é influencer de educação mais citada do Brasil, diz Datafolha

Rafaela Lima foi citada por 10% dos entrevistados de todas as regiões do país

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São Paulo

A professora Rafaela Lima ficou surpresa quando recebeu email da Folha. O texto dizia que 10% dos entrevistados de uma pesquisa Datafolha tinham afirmado que ela era a principal influenciadora digital de educação do Brasil. Rafaela ficara à frente de nomes como o do filósofo Mario Sergio Cortella.

"Eu imaginava que seria citada porque sou uma das referências na área, mas não me imaginava em primeiro", diz.

A professora Rafaela Lima, dona do canal Mais Ciências, no Youtube, posa para foto no Museu da Vida, no Rio de Janeiro - Zo Guimaraes/Folhapress

A pesquisa O Melhor da Internet foi feita entre 2 e 9 de março e contou com a resposta de 1.500 pessoas de todas as regiões e classes sociais do país. Vinte e seis por cento delas disseram não conhecer ou não se lembrar de influenciadores de educação, e 10% citaram Rafaela Lima.

Criada na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, ela se formou em biologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2010. Desde então, leciona ciências em escolas públicas da Grande Rio.

A presença na internet começou em 2015, quando ela criou o canal Mais Ciências, no Youtube, para hospedar vídeos sobre temas discutidos em sala "Fiz isso para que os alunos que não fossem às aulas conseguissem assistir; assim, não haveria desculpas." Naquela época, no entanto, poucos tinham internet suficiente para assistir aos vídeos.

O reconhecimento veio mesmo em 2017, quando seu canal acumulou 20 mil inscritos —atualmente, são mais de 200 mil. Grande parte deles é de adolescentes que querem estudar para provas.

Hoje, Rafaela tem vídeos com 400 visualizações e outros com quase 500 mil —o mais assistido é "Aula: Carboidratos, lipídios e proteínas", com 489 mil visualizações. A variação acontece porque, diz ela, a audiência é lenta e contínua; assim, o vídeo publicado nesta semana, por exemplo, será assistido por anos, o que contribui para um maior número de visualizações.

Tal reconhecimento faz dela uma edutuber, como os youtubers da área gostam de ser chamados. "Hoje, me entendo como uma influenciadora por ver que, de fato, influencio adolescentes e professores em atividades e estratégias pedagógicas", afirma.

O público docente também explica o fato de Rafaela ser citada por 12% dos entrevistados com 35 a 44 anos, 11% dos com 45 a 54 anos e 11% daqueles com mais de 55 anos. "Provavelmente, os pais dos alunos também devem ter me citado na pesquisa", diz. O estudo ouviu maiores de 16 anos.

Rafaela aproveita o sucesso na internet para aumentar sua renda. Ela é mestre de cerimônias e dá palestras e cursos para professores. Geralmente, também ganha dinheiro fazendo o que uma influenciadora faz: publicidade. Já divulgou conteúdos para Bienal do Livro, Museu do Amanhã e duas olimpíadas científicas.

Ainda assim, a maior parte de sua renda vem da sala de aula; Rafaela é professora de uma escola estadual em Duque de Caxias e de uma municipal em Queimados. A soma do salário dela nas duas escolas é de R$ 6.000 por mês. "A internet é instável; temos períodos muito bons em que a renda da internet vai ser muito maior do que a da sala de aula, mas há momentos em que ela vai ser muito ruim", diz. "Não posso largar a sala de aula nem tenho vontade."

Agora, ela faz pós-graduação em neurociência. O curso a faz refletir sobre como motivar seus alunos. "Não adianta só trabalhar com cuspe e giz, como eu aprendi, então eu intercalo com o ensino lúdico, jogo, atividade e vídeo."

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