Um ano após lançamento do ChatGPT, big techs estão no comando da inteligência artificial

Seja no desenvolvimento ou na produção de peças, gigantes da tecnologia estão na frente de outros setores

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Alex Pigman
Washington | AFP

Em 30 de novembro de 2022, o mundo conheceu as possibilidades oferecidas pelo ChatGPT, uma espécie de revanche dos "geeks", esses pesquisadores e engenheiros que constroem discretamente e nos bastidores a inteligência artificial generativa.

Um ano após o lançamento da ferramenta, a revolução da inteligência artificial está em andamento, mas a recente crise na criadora dessa ferramenta, a OpenAI, deixou claro que são os gigantes da tecnologia que comandam as ações.

Aluna usa ChatGPT em aula de redação em escola de São Paulo
Aluna usa ChatGPT em aula de redação em escola de São Paulo - Jardiel Carvalho - 15.ago.2023 / Folhapress

À medida que os usuários descobrem a capacidade de gerar poemas ou receitas em questão de segundos, o ChatGPT se tornou o aplicativo adotado mais rapidamente na história, antes de ser superado pelo Threads, a rede social lançada pela Meta em resposta ao X (antigo Twitter).

Isso é em grande parte devido a Sam Altman, o número um da OpenAI aos 38 anos e até então pouco conhecido fora do mundo da tecnologia. Esse ex-aluno da Universidade de Stanford —que abandonou os estudos antes de obter seu diploma— tornou-se uma espécie de grande sábio da IA, consultado por autoridades de todo o mundo.

Com a IA, "o trabalho consiste em fabricar e vender coisas que não podem ser tocadas", analisa a historiadora americana Margaret O'Mara, autora de "The Code", um livro que fala sobre o Vale do Silício. "Ter uma figura capaz de explicar isso, especialmente quando se trata de uma tecnologia de ponta, é realmente importante".

'Fundamentalismo religioso'

A devoção de Altman à IA parecia, às vezes, quase religiosa. Os adeptos da OpenAI acreditam que o mundo será um lugar mais seguro se tiverem a liberdade (e os recursos) para estabelecer a inteligência artificial geral, que teria as mesmas capacidades de aprendizado do cérebro humano.

Mas essa missão tem um custo: a OpenAI teve que se aliar à Microsoft, que se comprometeu a investir US$ 13 bilhões no projeto.

Para justificar o investimento, Altman redirecionou a OpenAI para o lucro, o que acabou levando a um conflito recente com o conselho, convencido de que era melhor manter as potências financeiras afastadas.

Há um "fundamentalismo religioso em jogo aqui", resumiu o investidor Dave Morin em um podcast para o site especializado The Information.

Demitido repentinamente como CEO da OpenAI, Altman foi reintegrado ao cargo cinco dias depois. A Microsoft estendeu a mão para ele e os funcionários da OpenAI o apoiaram ameaçando uma demissão coletiva, considerando que o futuro comercial de sua empresa era mais importante do que as discussões filosóficas sobre como a inteligência artificial deveria ser utilizada.

Essa questão sobre os benefícios e perigos da IA é constante.

Elon Musk, fundador da Tesla, SpaceX e proprietário da X, assinou uma carta pedindo uma pausa na inovação relacionada à IA antes de criar sua própria empresa no setor, a xAI, em um mercado cada vez mais disputado.

Google, Meta e Amazon prometeram incluir a IA em seus produtos e investiram em startups especializadas. Em todos os setores, as empresas estão começando a experimentar essa tecnologia. "Trata-se de disseminar as vantagens da IA para todos", declarou o presidente da Microsoft, Satya Nadella, este mês.

Mas os esforços de integração ainda são cautelosos, devido ao medo de que os robôs produzam conteúdo falso, absurdo ou ofensivo.

A explosão da IA faz temer desde a extinção da humanidade até a supressão em massa de empregos, passando por uma enorme desinformação.

O triunfo dos capitalistas

Seja qual for o futuro da IA, ele será construído com os gigantes da tecnologia a bordo. O gigante cofundado por Bill Gates pode obter um assento no conselho da OpenAI após a recente crise.

"Estamos testemunhando uma nova batalha no Vale do Silício entre os idealistas e os capitalistas, e os capitalistas venceram", ressaltou a historiadora Margaret O'Mara.

O próximo capítulo para a IA também será escrito em parceria com a Nvidia, fabricante de um ingrediente-chave dessa "receita tecnológica": a unidade de processamento gráfico (GPU), um poderoso chip indispensável para treinar a inteligência artificial generativa.

Gigantes tecnológicos, startups ou pesquisadores, todos eles precisam desses componentes fabricados em Taiwan, caros e escassos. Aí também, Microsoft, Amazon ou Google estão na linha de frente.

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