Eis que um ecommerce transformou a histórica rivalidade entre Brasil e Argentina em uma poderosa dobradinha.
Enquanto terminava seu mestrado em Stanford (EUA), em 1999, o argentino Marcos Galperin desenhou o plano de negócios do Mercado Livre -na época, apenas Libre.
Dezenove anos depois, o grupo opera em 18 países. Na América Latina, onde tem 234 milhões de usuários registrados, consolidou-se como o maior do setor de comércio eletrônico.
Seu principal mercado? O Brasil.
Por aqui, a cada segundo, nove compras são realizadas na plataforma. No ano passado, o volume bruto de transações foi de R$ 17,4 bilhões e a receita líquida ultrapassou os R$ 2,5 bilhões.
Além do alto faturamento, existe a força de marca : nesta edição da pesquisa Datafolha, o Mercado Livre venceu o Top Performance, prêmio dado àquela que mais cresceu no atual levantamento em relação ao anterior. O salto na categoria Site de Compras foi de seis pontos percentuais -de 17% para 23%.
A companhia está investindo R$ 2 bilhões no país em 2018 e revisitou sua estratégia de marketing, mudando o foco da performance para branding, conta Daniel Aguiar, diretor de marketing do Mercado Livre.
"Essa mudança foi essencial para trabalharmos campanhas voltadas à geração millennial, a fim de gerar maior identificação dos consumidores com o Mercado Livre e estabelecer a plataforma como seu principal destino de compra, explica.
Segundo o Datafolha, o estrato mais jovem responde pelo melhor desempenho da marca na pesquisa. Entre os que têm de 16 a 24 anos, foram 38% das citações.
Arte Folha |
Aguiar lembra que o ecommerce ainda responde por apenas 5% das vendas do varejo brasileiro. "As oportunidades neste mercado são imensas. Mas a logística continua sendo o maior desafio."
Para Eric Messa, coordenador do Núcleo de Mídia Digital da Faap, enxergar oportunidades é uma vantagem do grupo. "O modelo de negócios não deve ficar restrito."
Como exemplo, ele cita a Mercado Pago, uma fintech (termo que define empresas do setor financeiro fundamentadas em tecnologia).
Desde setembro, QR codes permitem que compras sejam feitas em lojas físicas parceiras.
O novo movimento da economia criativa também pode ter impulsionado a vitória da marca, diz Messa.
"Consumo sustentável é tendência. Cada vez mais gente usa apps e sites para comprar e vender produtos usados. No futuro, isso será ainda mais natural."