Basta observar o trânsito por poucos minutos para contar dezenas de carros com um telefone grudado em suportes no para-brisa ou na saída central de ventilação. São os motoristas de aplicativo transportando gente pela cidade.
O fenômeno recente merece a atenção da pesquisa Top of Mind, que estreia a categoria Aplicativo de Transporte.
O resultado foi o esperado: para metade dos entrevistados (49%) a Uber é sinônimo desse tipo de serviço.
Nas regiões metropolitanas, o índice de lembrança sobe para 56%. Entre os mais ricos, atinge 63%.
Os carros exclusivamente pretos já fazem parte do passado. Há dois anos, a empresa aceita parceiros com veículos de diferentes cores e categorias, mudança que fez sua popularidade disparar.
Adriana Gomes, diretora de marketing da Uber Brasil, afirma que 15 milhões de viagens são feitas diariamente em mais de 600 cidades mundo afora.
No Brasil, há 500 mil motoristas parceiros e 20 milhões de clientes cadastrados. Boa parte desse público é de usuários jovens. Entre eles, 68% citaram a marca ao Datafolha.
No geral, outros apps tiveram, no máximo, 1% das menções.
Adriana cita campanhas recentes que ajudaram a consolidar o nome da Uber. "Mostramos as inovações para manter a plataforma segura e seguimos valorizando também o 'sabor local' de cada região, como o investimento no patrocínio do Carnaval."
A empresa quer instalar um centro de desenvolvimento tecnológico em São Paulo, no qual pretende investir cerca de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos.
"Queremos que o app se torne uma plataforma em que o usuário possa escolher o melhor modal para seu deslocamento, incluindo transporte público", diz Adriana.
Carro
Fiat e Volkswagen disputam carro a carro a lembrança do consumidor em 2018. As marcas renovaram recentemente suas linhas de produtos, com foco em modelos compactos.
A Volks lançou o hatch Polo e o sedã Virtus, além das novas gerações do utilitário Tiguan e do Jetta. A marca italiana contra-atacou com Argo e Cronos e ainda colhe os bons resultados de vendas da picape Toro.
A disputa resulta em um empate técnico no Top of Mind: 25% a 22% para a VW, considerando-se a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. A igualdade se mantém mesmo após aferição do "awareness".
"A renovação da linha Volkswagen possibilitou a entrada da marca em segmentos de volume dos quais ela não participava. Dos 20 modelos previstos até 2020, nos últimos 12 meses já lançamos 11", diz Gustavo Schmidt, vice-presidente de vendas e marketing da montadora alemã.
Homens e moradores da região Sul fazem o índice da Volks subir (29% em ambos).
Jovens elevam as citações à Fiat para 26%. A marca tem investido em tecnologia para atrair esse público, aplicada tanto nos carros como no processo de compra.
"Antes de irem para as concessionárias, os consumidores já pesquisam na internet itens fundamentais como o preço, as condições de compra e as avaliações do produto. Assim, já sabem o que os outros estão falando do carro e já sabem também se ele cabe no seu bolso", afirma João Ciaco, diretor de marketing do grupo FCA (Fiat Chrysler) na América Latina.
Pneu
A Pirelli mantém a liderança na categoria Pneu (42%). O domínio maior se dá entre os homens (54%) e na região Centro-Oeste (47%). É a 16ª vez consecutiva que a marca é a mais citada -13ª com índice superior a 40%.
Investir em pontos de revenda oficial e no lançamento de pneus para o segmento de carros premium estão entre as estratégias destacadas por Fabio Juliato, diretor de marketing da Pirelli para a América Latina.
"Em 2017, nossa participação no mercado local dentro do segmento premium alcançou 38% no equipamento original e 18,5% na reposição. Somos líderes", diz o executivo.
Juliato afirma também que quase metade dos veículos produzidos no Brasil são equipados com pneus Pirelli, que têm 45% de participação no mercado.
A marca é hoje a fornecedora de pneus para a Fórmula 1 e também produz para carros superesportivos. No Salão do Automóvel de Paris 2018, apresentou um novo modelo da linha P Zero feito exclusivamente para as Ferrari Monza SP1 e SP2, carros capazes de atingir os 100 km/h em menos de três segundos.
Caminhão
Pela décima vez, a Mercedes-Benz é a marca de caminhões mais lembrada na pesquisa Top of Mind.
A empresa, que produz veículos pesados no Brasil desde 1957, teve 21% das menções -entre os homens sobe para 31%.
O bom resultado ocorre em um ano de recuperação para a indústria. A venda de caminhões acumula crescimento de 50,8% entre janeiro e agosto na comparação com o mesmo período de 2017. Foram 46,4 mil unidades comercializadas. A Mercedes é líder, com 28,2% de participação.
"O mercado está em ritmo gradativo de crescimento, puxado por demandas de setores do agronegócio, como transporte de grãos e de cana-de-açúcar, assim como da mineração, logística, madeira, transporte de combustíveis e produtos químicos", diz Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz do Brasil.
Segundo o executivo, a empresa dobrou as vendas de modelos extrapesados em 2018.
Para fortalecer sua presença no mercado, a Mercedes tem procurado estreitar o relacionamento com motoristas e frotistas.
Uma das ações recentes é a criação do cargo de embaixador da marca.
O caminhoneiro João Moita, 68, que tem 50 anos de experiência no setor, leva as demandas dos profissionais à montadora. O embaixador é apresentado ao público-alvo por meio de uma campanha que tem a participação do cantor Daniel.
Moto
Oito em cada dez motocicletas vendidas no Brasil são produzidas pela Honda. Esse dado explica o domínio da fabricante de origem japonesa no Top of Mind.
Nas seis vezes em que o Datafolha inclui a categoria Moto na pesquisa, a marca foi sempre a mais lembrada.
Há 47 anos no país, com produção em Manaus (AM) desde 1976, a Honda obteve 67% das citações neste ano. Entre os homens com idade entre 25 e 44 anos, o índice sobe para 73%.
Alexandre Cury, diretor comercial da Moto Honda, afirma que a rede concessionária, com cerca de 1.100 pontos de venda, ajuda a manter a marca na cabeça dos consumidores.
A variedade de opções é outro ponto destacado por Cury. "Atendemos as necessidades de uma gama bastante variada de clientes, desde a baixa cilindrada com a Pop 110 [R$ 5.600] até a alta cilindrada com a GL 1800 Gold Wing [R$ 156,6 mil], que retorna ao mercado em 2019."
Nos últimos cinco anos, a queda nas vendas de motos fez a montadora reduzir os volumes de produção. Também houve a necessidade de realizar cortes de funcionários.
"Neste ano, apesar de ainda estarmos vivenciando um período de incertezas, a empresa acredita na retomada da economia brasileira e prevê um crescimento entre 8% e 10% nas vendas", diz Cury.
Combustível
Embora a marca BR seja a utilizada pela empresa nos postos de abastecimentos, é o nome Petrobras que aparece entre os mais citados pelo público na pesquisa Top of Mind ao se perguntar sobre combustível.
A empresa é a mais lembrada desde que a categoria foi criada, em 2003. Neste ano, lidera as menções com 24%. Entre os mais escolarizados, o índice sobe para 33%.
"Apesar de a rede de postos ser conhecida como BR, a marca, de fato, é Petrobras, utilizada tanto para a Petrobras Distribuidora quanto para a holding", diz Gustavo Ferro, executivo de comunicação e sustentabilidade da empresa.
Gustavo lembra que os combustíveis premium trazem nos nomes a marca mãe: Petrobras Grid e Petrobras Podium.
O primeiro posto Petrobras foi inaugurado em 1960, no Distrito Federal. Brasília ainda estava sendo construída. Hoje, a rede tem mais de 7.000 postos espalhados pelo Brasil.
Óleo Lubrificante
Em seu segundo ano como parte da pesquisa Datafolha, a categoria já tem uma bicampeã: Lubrax, marca que a Petrobras lançou há 45 anos.
Foram 11% das citações neste ano, com índices maiores entre as classes A e B (16%), entre os homens (16%) e entre os mais ricos (17%).
A Petrobras tem hoje a rede de franquias Lubrax+, com 1.638 unidades que oferecem troca de óleo e outros serviços rápidos em todo o país. A marca de lubrificantes é parceira tecnológica da equipe McLaren de Fórmula 1 e fornecedora oficial da Stock Car Brasil.
Vale destacar o índice de entrevistados que não se lembram de nenhuma marca do produto (58%), elevado para os padrões da pesquisa.
Serviço de Entrega de Encomendas
Os Correios atingiram seu melhor índice na pesquisa Top of Mind (37%) -cinco pontos percentuais em relação a 2017.
Os melhores resultados aparecem entre as classes A e B (43%) e entre os mais escolarizados (45%).
Após anos de prejuízo, os Correios obtiveram resultado positivo em 2017. Houve lucro de R$ 667 milhões, atribuído a redução de custos com pessoal, revisão de contratos e mudanças na rede de atendimento.
A empresa fechou agências e segue em processo de reestruturação.
