Muitas vezes, quem mora numa cidade muito cobiçada por turistas acaba —talvez por um misto de indiferença, falta de oportunidade ou mesmo esnobismo— nunca visitando as atrações mais populares.
Assim como muitos cariocas nunca pegaram o bondinho do Pão de Açúcar ou foram assistir ao ensaio da Portela, é muito comum para quem vive em Londres torcer o nariz com tédio para as hordas enfileiradas que esperam horas na chuva para entrar no Museu de Cera da Madame Tussaud ou para assistir à troca da guarda da rainha no Palácio de Buckingham.
As partes da cidade que mais amo estão fora dos itinerários turísticos, não têm nenhuma relevância artístico-histórica, não têm arquitetura pitoresca e tampouco podem ser consideradas tipicamente “british”.
A área ao redor de Edgware Road, que é uma espécie de míni Oriente Médio ao lado do Hyde Park, parque no centro da cidade, é também uma das minhas prediletas.
Adoro sentar numa mesinha fora de um das muitas dezenas de restaurantes sírios ou iraquianos para comer falafel, fumar cachimbo de água árabe e observar as mulheres com burcas pretas caminhando ao lado de garotas de programa do Leste Europeu enquanto playboys do Golfo Pérsico desfilam em Rolls-Royces dourados e Lamborghinis com chapa de Abu Dhabi.
Esses são apenas dois pequenos exemplos num mar de pluralidade cultural tão único e tão essencial para a cidade e tão detestado pela maioria dos britânicos que votou pela saída do Reino Unido da União Europeia. Para quem não conhece, vale a pena descobrir logo. Antes que acabe.
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