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Depois da pandemia, hotel do futuro terá mais áreas abertas, estruturas móveis e tecnologia

Com coronavírus, setor se viu obrigado a refletir sobre o uso do espaço, de dados e do design

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São Paulo

Embora tenham sofrido um baque com a Covid-19, os hotéis seguem abrindo novas unidades. Há uma semana, o Hilton inaugurou, nos Jardins, em São Paulo, a primeira filial sul-americana do Canopy, bandeira que mistura arte e experiências locais. Ele integra os planos do grupo de ter 20 novos hotéis neste ano na América Latina —metade deles no Brasil.

Como em outros segmentos, o setor hoteleiro se viu obrigado a refletir sobre o uso do espaço, da tecnologia e do design após o coronavírus —e a responder questões sobre como a pandemia está transformando a experiência em hotéis e quais marcas deve deixar no futuro.

Antes de 2020, a hotelaria já havia começado a mudar com o surgimento do Airbnb, concorrente que acendeu a necessidade de oferecer design e experiências além da mera hospedagem, diz Nico Salto del Giorgio, sócio da Pitá, escritório de arquitetura com sede no Brasil e na França. "Agora, a encrenca será manter essa atmosfera em áreas sociais ao mesmo tempo em que se oferece segurança", afirma ele.

Empreendimentos com abundância de espaço ao ar livre, como resorts, têm sofrido menos com essa situação do que os mais urbanos —que terão de fazer esforços criativos para oferecer novas possibilidades ao cliente, diz Salto del Giorgio.

Entre essas ações, podem estar jantares pop-up em áreas fora do restaurante ou em bolhas, estruturas nas quais o hóspede pode fazer refeições isoladamente.

A diversificação das atividades oferecidas por hotéis também passou a ser mais uma tendência do setor —seja para atender ao cliente preocupado com protocolos sanitários ou agradar ao consumidor de lojas "one stop shop", aquelas que oferecem diferentes perfis de produtos em um só espaço.

No caso do Fairmont Copacabana, no Rio, opções de lazer antes terceirizadas agora ficam a cargo da equipe do hotel, afirma Michael Nagy, diretor de marketing da marca.

"Atividades que não eram do nosso métier, como aulas próprias de beach tênis e stand-up paddle, passaram a ser compradas no pacote da hospedagem. Isso veio com a mudança de perfil do cliente na pandemia", diz Nagy. Além disso, aulas de coquetelaria, comuns para clientes corporativos, agora são adaptadas para o hóspede que viaja a lazer.

Para atender a essas demandas, a flexibilidade de espaços é outro atributo incorporado aos empreendimentos hoteleiros. "Hoje, é quase impossível retirar uma cama do lugar em alguns hotéis. O novo design vai precisar de estruturas móveis", diz Nico Salto del Giorgio.

No Canopy, em São Paulo, um exemplo disso é a área do mezanino. Com varanda, mesa de reuniões, sala e cozinha, o espaço pode ser modulado de acordo com a necessidade. "É possível criar uma experiência 100% ao ar livre, integrar áreas internas e externas, anexar o bar ou criar um produto para almoço", diz Jorge Giannattasio, vice-presidente das operações do Caribe e América Latina do Hilton.

Outra marca da pandemia, a incorporação da tecnologia ao dia a dia, também provocou uma transformação no setor de hospitalidade.

O Hilton, por exemplo, está trabalhando em uma iniciativa batizada de "connected room", que permite o controle e a personalização de funções do quarto pelo telefone, com ajuda de um aplicativo. Com ele, o hóspede pode regular o ar-condicionado, acionar a televisão e sistemas de som e de iluminação. A ideia é que o projeto, em testes nos EUA, seja expandido mundialmente.

No Brasil, a empresa Zoox Smart Data implantou no mês passado o primeiro totem de autocheck-in na unidade do Blue Tree da avenida Faria Lima, em São Paulo —uma tecnologia desenvolvida durante a pandemia.

O sistema, que lembra a dinâmica de caixas de supermercados sem funcionários, permite que o cliente faça o procedimento de chegada sem contato humano e siga diretamente para o quarto em menos de dois minutos (antes, porém, é preciso fazer um pré-cadastro).

Além da funcionalidade, a empresa também trabalha para oferecer o serviço de inteligência de dados ao setor. A ferramenta, já utilizada pelo varejo, está sendo adaptada para gerar informações utilizadas em campanhas, produtos e clientes de turismo. "Hoje, hotéis são reféns de empresas de reservas. Com dados, podem promover venda direta com efetividade", diz Rafael de Albuquerque, diretor da empresa.

Outro benefício é personalizar a estadia usando as preferências de hóspedes armazenadas em uma base de dados. Por exemplo, se o cliente prefere vinho a cerveja, o frigobar pode ser previamente abastecido com a bebida.

A tecnologia, porém, só vale se utilizada de forma estratégica, diz Constantino Bittencourt, sócio-diretor do Grupo Fasano. "Mesmo que já seja possível entrar no quarto sem passar pela recepção, em hotéis como os nossos, você quer ter essa interação. É o momento de dar bom dia, de perguntar o que eu posso fazer por você", diz.

​O grupo tem três hotéis em desenvolvimento —um deles conectado ao shopping Cidade Jardim, em São Paulo. Ali, o espaço do topo ganhou expansão da área verde em projeto pensado no pós-pandemia. "Todos passamos a valorizar mais áreas externas", afirma Bittencourt.

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