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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O Felipão da Croácia

"Era contra a Estônia e todo mundo sabia ser só a Estônia, mas ele fazia questão de criar fatores para nos motivar, pensarmos que íamos ferrar o Brasil." A explicação do zagueiro Slaven Bilic, terceiro colocado na Copa de 1998 pela Croácia, tem como personagem o técnico da época, Miroslav Blazevic.

Ontem, Blazevic disse estar convicto de que a Croácia vai avançar às oitavas de final, como não consegue desde o Mundial da França. Falou grosso sobre a qualidade de Modric, Rakitic e Kovacic. "É o melhor meio de campo da Copa", diz. Em parte, Blazevic fala a verdade. Nunca houve um time croata, sérvio ou iugoslavo numa Copa com dois jogadores fundamentais em semifinais da Champions League -Modric do Real Madrid e Mandzukic do Bayern.

Em parte, Blazevic sabe que sua voz terá ressonância na concentração da seleção croata. "Estou confiante de que não perderemos para os brasileiros."

Felipão faz isso o tempo todo. Diz meias verdades para mudar o astral dos jogadores, da torcida, da imprensa. Muitas vezes dá certo. Dizem que Felipão é só motivador.

Não é. Ele reforçou na Europa a capacidade de montar times taticamente organizados, que marcam no campo inteiro e envolvem o rival. Quando se pergunta se o técnico do Brasil é melhor ou pior do que era em 2002, a resposta óbvia é a primeira: melhorou!

Em 2003, ele disse que Cristiano Ronaldo seria eleito o melhor jogador do mundo. Não estava só falando a verdade nem apenas motivando seu principal jogador.

É parecido quando bate no peito e afirma que o Brasil é favorito. Ia dizer que é azarão?

"É uma honra ser comparado ao Felipão. Não sei se é melhor técnico do que eu fui, pois ele teve uma sorte incrível: nasceu no Brasil, e eu, na Bósnia", diz Blazevic.

É mais fácil convencer um brasileiro de que pode ganhar a Copa do que um croata de que pode vencer o Brasil.

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