Pesquisa cataloga tradições culinárias do alto Rio Negro
Idária, Albertina, Bacilia, Lídia e Marilda são mulheres indígenas rionegrinas. Todas elas detentoras de uma sabedoria culinária local. Donas das receitas, como dizem
por lá. Outras Brazi que o país desconhece.
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Livro com receitas indígenas e visitas de chefs a tribos marcam interesse por essas tradições
Em "Comidas Tradicionais Indígenas do Alto Rio Negro", elas compartilham conhecimentos culinários das etnias de São Gabriel da Cachoeira e das aldeias do entorno.
Registro importante de uma cultura ameaçada especialmente pelo abandono dos rituais associados às práticas alimentares tradicionais. Mais de 80 receitas compõem o livro, organizado por Luiza Garnelo e pela baré Gilda da Silva Barreto.
Médica e antropóloga, Luiza visita a região há 25 anos. À Folha, conta ter ficado surpresa com a variedade de formas de preparo.
"A sabedoria do gerenciamento das relações com a natureza foi o que mais me impressionou. Elas aproveitam tudo, lidam muito bem com a escassez. Há receitas até para o peixinho de isca, quando não conseguem pescar um maior."
"O moqueado também. Quando demora para ser consumido, desidrata e fica duro. Tem muitas receitas para reaproveitar essa carne."
O consumo de formigas também chamou a atenção de Luiza. "Elas são uma fonte interessante de proteína."
"A capacidade de aproveitar o que se tem à volta é incrível. Moldam o gosto das gerações em função dessa disponibilidade. Raciocínio inverso ao nosso, que devastamos para plantar só o que queremos comer."
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