Acusado de obrigar jovens a pular de trem é condenado; um morreu
Acusado de obrigar dois jovens a pular de um trem em Mogi das Cruzes (Grande SP), Juliano Aparecido de Freitas foi condenado na noite desta sexta-feira a 24 anos e 6 meses de prisão pela morte de Cleiton da Silva Leite e tentativa de homicídio contra Flávio Augusto do Nascimento Cordeiro. Ele vai recorrer em liberdade.
Acusado de obrigar jovens a pular de trem nega crime
Mãe de rapaz obrigado a pular de trem diz viver 'martírio'
Renato Castroneves/Folhapress |
Olivina Rosa da Silva Leite, 66, mãe de rapaz obrigado a pular de trem em 2003, antes do julgamento de um dos acusados |
O crime ocorreu em 2003, e Freitas foi acusado de homicídio e tentativa triplamente qualificados (motivo torpe, meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima).
O júri, presidido pelo juiz Alberto Alonso Muñoz, foi realizado no plenário do Fórum de Mogi das Cruzes. Começou às 13h e terminou por volta das 22h.
O promotor Marcelo Alexandre de Oliveira pediu a pena máxima a Juliano. Na fala do promotor, o fato de ele ter ameaçado as vítimas com armas e gritos de "ou pula, ou morre" obrigou os jovens a saltarem do trem em movimento. "Se as vítimas não tivesse pulado, eles [acusados] teriam os matado dentro do vagão", disse.
Os outros dois homens que estavam com o réu também são acusados pelo crime. Os julgamentos de Vinícius Parizatto e Danilo Gimenez Ramos ainda não têm data para acontecer.
O júri começou com o depoimento de Flávio Augusto do Nascimento Cordeiro, que, perdeu um braço ao pular da janela do trem. Em seguida foram ouvidas mais duas testemunhas: uma de defesa e outra de acusação. As seis testemunhas restantes foram dispensadas.
Uma das testemunhas, que estava dentro do trem, disse que ouviu o trio dizer que mataria os jovens caso eles não pulassem.
Também ouvido pelo juiz, Juliano negou as acusações e disse apenas ter olhado para as vítimas e comentado sobre o estilo dos cabelos. Na fala do promotor, a versão do acusado é "infantil".
DEPOIMENTO
Durante o depoimento do réu, o promotor Oliveira questionou ainda se ele possuía armas como punhal, soco inglês e maça (objeto de madeira com uma corrente e uma bola de metal).
O rapaz confirmou que colecionava armas medievais, mas disse que não portava nenhuma delas no dia em que os jovens pularam do trem.
A afirmação contrariou o depoimento de uma testemunha que disse ter visto a maça na mão de um dos acusados quando eles seguiam as vítimas no trem.
MARTÍRIO
"Hoje é um primeiro passo. Minha vida virou um martírio após a morte do meu filho. Estou vivendo a base de remédios desde então. Agora espero que os outros dois acusados sejam julgados em breve", afirmou a mãe de Cleiton, Olivina Rosa da Silva Leite, 66, antes do julgamento.
Também antes do julgamento, Flávio afirmou que sua vida mudou bastante após o crime. "Foi muito difícil. Minha vida mudou muito, mas graças a Deus consegui arrumar um emprego", disse o rapaz, que hoje trabalha em uma indústria química. Ele tinha 16 anos na época do crime.
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