Polícia encontra crânios e fetos em terreno de universidade em SP
A polícia encontrou na tarde desta quinta-feira 15 crânios, um corpo de uma criança sem cabeça, um corpo de um adulto sem pernas, alguns fetos e um tonel com partes de corpos humanos enterrados no jardim da Universidade São Marcos no Ipiranga, zona sul de São Paulo. A polícia chegou ao local a partir de uma denúncia anônima.
Seis pessoas ligadas à universidade foram encaminhadas à sede do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Segundo o delegado Jorge Carrasco, um coordenador da universidade disse, em depoimento, que os corpos eram do curso de enfermagem e que, diante da necessidade de desativar o laboratório de anatomia, pediu para que o zelador enterrasse os materiais no jardim.
Em seguida, a reitora da São Marcos, Maria Aurélia Varella, foi ouvida no DHPP. Ela disse que o laboratório foi desativado em 2010 e que as ossadas estão na São Marcos há cerca de 20 anos. Varella ainda afirmou que, em fevereiro deste ano, ela foi avisada por uma funcionária do curso de enfermagem de que havia risco de contaminação, porque os restos mortais estavam com aspecto estranho.
Em abril, a reitora diz que informou aos interventores que estão administrando financeiramente a universidade --que foi descredenciada pelo MEC em março (leia abaixo)-- de que havia a necessidade de enterrar as ossadas do laboratório em um cemitério, o que teria que ser pago pela instituição.
Ela afirma que a sala foi transformada, no mês seguinte, em uma secretaria e que, quando houve a mudança, os corpos já não estavam mais lá. A reitora diz que não sabia que os restos tinham sido enterrados no jardim da São Marcos.
Christian Tragni/Folhapress | ||
Ossadas são encontradas em terreno de universidade |
"Essas ossadas devem ter sido tiradas de algum lugar. É um desrespeito humano, religioso, e é inadmissível que isso ocorra", disse Carrasco. O delegado ainda afirmou que a universidade deverá responder por ocultação de cadáver.
Segundo o professor de bioética da Faculdade de Medicina da USP, Reinaldo Ayer, o procedimento adotado pela São Marcos difere dos adotados pelas instituições de ensino. "Normalmente, esses restos mortais doados para as universidades são enterrados em cemitérios ou cremados", diz.
A operação pegou os estudantes da São Marcos de surpresa, já que as aulas foram suspensas de hoje até a conclusão da perícia no local.
DESCREDENCIAMENTO
O descredenciamento chegou a gerar protestos pelos alunos da universidade.
Entre os problemas apontados pelo ministério está o descumprimento de medidas cautelares que já tinham sido determinadas pelo MEC, como a suspensão do ingresso de novos alunos e outras ações para sanar os problemas verificados nos processos de supervisão.
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