Falha humana causou mortes em exames de ressonância, diz polícia
As três mortes de pacientes que se submeteram a exames de ressonância magnética em um hospital particular de Campinas (a 93 km de São Paulo), em janeiro, foram causadas por falha humana nos procedimentos, informou nesta quinta-feira a Polícia Civil.
Polícia descarta que mortes tenham sido criminosas
Segundo a apuração, uma auxiliar de enfermagem recém-contratada do hospital Vera Cruz aplicou perfluorocarbono nos pacientes, no lugar de soro.
O produto é usado em alguns procedimentos com a finalidade de melhorar as imagens, porém de forma não invasiva, ou seja, sem ser injetado. A auxiliar de enfermagem, segundo a polícia, injetou por engano 10 ml em cada uma das vítimas.
O nome da profissional não foi divulgado. O perfluorocarbono ficava guardado na última gaveta de um móvel, sem identificação, o que era de conhecimento dos profissionais mais antigos.
A técnica que o aplicou, porém, estava em treinamento havia dez dias e não sabia.
"Após 30 ou 40 minutos, as vítimas morreram por embolia gasosa, que é o que o produto provoca", disse o delegado José Carlos Fernandes da Silva. "Não tinha problema no contraste, como inicialmente se acreditava."
Contraste é uma substância aplicada nos pacientes para facilitar a visualização do exame.
VÍTIMAS
As três vítimas --Mayra Monteiro, 25, Pedro Ribeiro Porto Filho, 36, e Manoel Pereira de Souza, 39-- sentiram formigamento após o exame e morreram no hospital.
De acordo com Silva, a investigação se prolongou por três meses porque "o local não foi preservado" pelos funcionários do hospital, que recolheram os produtos para fazer uma apuração própria.
O delegado descartou ter havido dolo (intenção de matar) e afirmou que irá individualizar a conduta de todos os envolvidos antes de fazer o indiciamento.
As conclusões da polícia se basearam em laudos do Instituto de Criminalística e do Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp.
Após as mortes, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) chegou a emitir alerta nacional para lotes de soros e contrastes usados nos exames. Alguns desses produtos foram recolhidos.
A Folha não conseguiu contato com os responsáveis pelo hospital Vera Cruz na noite desta quinta.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha