Invasão da Câmara Municipal de Campinas termina com 138 detidos
A ação da Polícia Militar para retirar manifestantes que ocupavam o plenário da Câmara Municipal de Campinas (a 93 km de São Paulo) na noite de quarta-feira (7) terminou com a detenção de 138 pessoas, sendo 31 adolescentes.
Todos foram encaminhados para o 4º DP da cidade sob suspeita de dano ao patrimônio público. Ele chegaram à delegacia por volta da 1h, e os últimos a sair foram liberados por volta das 8h desta quinta-feira (8).
Cerca de 200 manifestantes invadiram a Câmara ontem, por volta das 20h. Eles reivindicam o passe livre no sistema público de transporte da cidade, a instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os contratos com as empresas que prestam o serviço e a saída do secretário municipal da pasta, Sérgio Benassi.
Manifestantes invadem plenário da Câmara Municipal de Campinas
"Contra essas pessoas, cadeia", diz presidente da Câmara sobre manifestantes
Segundo o delegado Cristiano Fávaro, os boletins de ocorrência serão encaminhados à delegacia da área para instauração de inquérito policial e investigação dos responsáveis pelos danos causados na Câmara Municipal.
Logo após a desocupação, um perito e um fotógrafo do IC (Instituto de Criminalística) estiveram no local.
Houve pichação da mesa diretora, da tribuna e de paredes do plenário. A porta do estúdio de som e de transmissão de TV foi arrombada, e extintores de incêndio foram utilizados.
As mesas e as cadeiras dos parlamentares foram usadas como barricada para bloquear as portas de passagem entre o plenário e o restante do edifício quando a Força Tática da PM chegou ao local.
Procurada, a assessoria da Câmara informou que vai divulgar balanço dos equipamentos danificado ainda nesta quinta-feira (8).
Lucas Sampaio/Folhapress | ||
Após ação da PM, ocupação de Câmara termina com mais de 70 manifestantes detidos em Campinas, no interior de SP |
BANDIDOS
O presidente da Casa, Campos Filho (DEM), que solicitou a desocupação à PM, chamou os manifestantes de "bandidos" e afirmou que novos atos serão reprimidos com o mesmo rigor.
"Uma coisa é reivindicar os seus direitos. Outra é depredar", disse o vereador. "Eles serão responsabilizados pelos danos que causaram. Não somos contra as manifestações, mas somos contra o que aconteceu aqui, contra invadir o plenário e destruir tudo como se fosse terra de ninguém".
"Contra essas pessoas, cadeia. É momento de fortalecer as instituições democráticas e punir quem depreda patrimônio público", disse o político, que até então vinha adotando uma postura menos dura contra os manifestantes. "Não vamos abrir mão da ordem. É saudável a participação popular, mas não assim".
OCUPAÇÃO
Cerca de 200 manifestantes se reuniram ontem à tarde no centro de Campinas e caminharam cerca de 3 km até a Câmara, onde ocorria a segunda sessão após as férias de meio de ano do Legislativo Municipal.
Campos Filho (DEM) disse que havia solicitado reforço da Guarda Municipal para as sessões de segunda-feira e ontem. Porém, como os agentes municipais estão em greve --reivindicam aumento no adicional de periculosidade--, apenas seis agentes faziam a proteção do prédio quando os manifestantes chegaram.
A entrada das pessoas no plenário estava sendo feita por senhas quando o grupo decidiu entrar todo de uma vez e invadir o local dos vereadores durante a sessão, por volta das 20h, em vez de ficar na plateia. Os políticos saíram do local por uma das portas que dá acesso ao restante do edifício e a Força Tática foi chamada.
DESOCUPAÇÃO
A ocupação durou cerca de 4h e os manifestantes pretendiam dormir no local --embora não tivessem levado sacos de dormir, comida e bebida--, quando cerca de 50 homens da Força Tática entraram no plenário.
Policiais tentaram negociar a saída dos 138 manifestantes que ocupavam o local de forma pacífica, mas eles se recusaram a deixar a Câmara quando a PM informou que todos, retirados à força ou não, seriam encaminhados à delegacia para serem qualificados.
Os policiais passaram, então, a retirar os manifestantes, que tentaram resistir pacificamente, um a um. Não houve utilização armas ou bombas durante a retirada, que durou cerca de 30 minutos, e dois ônibus fretados foram utilizados para conduzi-los à delegacia.
"Utilizar equipamento químico no local não seria apropriado", disse o tenente-coronel da PM Nelson Coelho, responsável pela operação. "O perfil e o comportamento da massa nos permitiu utilizar aquela técnica de retirada dos manifestantes."
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