É preciso acordo para autorizar PM na Unicamp, diz ministro
É preciso haver acordo da comunidade universitária e diálogo para permitir a entrada da Polícia Militar em campi de universidades públicas, afirmou nesta sexta-feira (4) o ministro Aloizio Mercadante (Educação).
O ministro esteve na Unicamp, em Campinas (a 93 km de São Paulo), para participar do lançamento de um centro de estudos sobre o futuro do Brasil, Nesta quinta-feira à noite, cerca de 200 estudantes invadiram o prédio da reitoria da universidade.
Parte deles dormiu no prédio, e nesta sexta-feira pela manhã a reitoria condenou a invasão e informou que a reintegração de posse foi pedida à Justiça. No momento, os estudantes permanecem no local.
Segundo os estudantes, a ocupação foi uma reação à decisão da reitoria de autorizar a entrada da PM nos quatro campi da universidade (Campinas, Limeira, Piracicaba e Paulínia), após a morte de Denis Papa Casagrande, 21. Alunos do campus de Limeira vieram de ônibus para Campinas para participar da ocupação.
Casagrande, estudante do curso de engenharia de controle e automação, foi morto com uma facada durante uma festa dentro do campus. Segundo a reitoria, a festa --que tinha cerca de 3.000 pessoas-- não tinha autorização para ser realizada.
"Como é que se protege a comunidade? A melhor forma é o diálogo e a comunidade encontrar uma solução que esteja todo mundo de comum acordo", disse Mercadante. "Porque do jeito que está, há desacordo. Se tem estudantes protestando é porque não há um entendimento da comunidade sobre como deve ser feita a segurança."
Os estudantes afirmam que a reitoria não consultou a comunidade universitária antes de tomar a decisão de autorizar a entrada da PM no campus. "Temos um projeto alternativo de segurança para que não haja mais casos como o de Denis", diz Lígia Carrasco, aluna de ciências sociais e integrante da Assembleia Nacional de Estudantes Livres (Anel) que participou da ocupação. "O reitor tem de ouvir a comunidade acadêmica."
A reitoria afirmou, na nota em que condenou a invasão, que "constituiu um grupo de trabalho para elaborar, com máxima urgência, um pré-plano de segurança a ser apresentado e discutido com toda a comunidade. Após essa discussão, o plano será submetido à aprovação do conselho universitário, órgão máximo de deliberação na universidade".
Na sexta-feira da semana passada, no entanto, a pró-reitora de desenvolvimento universitário, Teresa Atvars, afirmou que "a reitoria da Unicamp aceitou prontamente a oferta do governador para que a polícia pudesse entrar e circular no campus". Dois dias antes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) havia oferecido essa possibilidade.
"Essa atitude [de aceitar a PM] era desnecessária porque a polícia sempre teve competência constitucional para fazê-la", afirmou Atvars na ocasião. "A polícia já está no campus. A PM tem delegação constitucional para entrar em qualquer lugar do país, sempre que julgar necessário."
"Eu venho de uma geração em que a polícia entrava para prender estudantes e torturar, inclusive assassinar", disse Mercadante, "e não é isso que estamos debatendo aqui". "Felizmente nós não assistimos mais a polícia entrando para reprimir estudantes."
Segundo o ministro da Educação, "quem discute a segurança na universidade é a comunidade universitária". "Tem de ter mais segurança, e a solução tem de ser encontrada através da comunidade."
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