Comércio a caminho do estádio do Itaquerão é visado por marcas
Um lote de 12 imóveis com paredes pintadas em vermelho com pequenas ondas em branco. É quase impossível passar pela rua Doutor Luís Aires (Radial Leste), ao lado do metrô Artur Alvim, e não se lembrar da Coca-Cola.
Mas, ao entrar no imóvel situado no número 37, a resposta destoa. "Nunca vendi um refrigerante", diz o sapateiro Robson Moia Bonfim, 37.
A menos de um ano para o início da Copa, o bairro é visado por marcas porque fica em uma das principais rotas para o Itaquerão, palco da abertura do mundial.
Cabeleireiro, dentista, psicóloga e outros comerciantes da região contaram ter assinado um contrato de fidelidade de um ano em troca da recauchutada na fachada. Assim, não podem pintar a fachada até o final da Copa.
A epidemia vermelha começou em agosto, quando a dona de uma banca de jornal Cleide Pereira, 42, aceitou personalizar o seu comércio. "Primeiro trouxeram uma geladeira que eu havia pedido há meses. Depois, a empresa colocou um toldo e fez a pintura personalizada". Ela acha, porém, que a região poderia receber mais investimentos. "A Copa está próxima e a zona leste está morta", comenta.
A cerca de 2 km dali, na avenida Líder, quem domina as fachadas é a Brahma.
Além da reforma na fachada, a empresa faz até grafites em alguns comércios, mas há uma regra: a parede externa deve ser vermelha com faixas douradas. O estabelecimento também pode receber um toldo com a logomarca da cerveja e a da seleção.
O lava-rápido Jomar ganhou toldo e fachada personalizada pela Brahma. O dono, Josué Silva, disse que a Coca-Cola também foi procurá-lo. "O problema é que eles chegaram atrasados e até perguntaram se eu tinha recebido dinheiro. É uma disputa entre eles. A única coisa que fiz foi assinar um contrato", afirmou.
A personalização também chegou às ruas paralelas à Radial Leste.
FISCALIZAÇÃO
A prefeitura informou que agentes farão uma vistoria para verificar se há infração à Lei Cidade Limpa. Caso sejam constatadas irregularidades, os comércios serão multados.
A prefeitura ressaltou que, segundo a Lei Cidade Limpa não são permitidos nos imóveis a colocação de "banners ou outro elemento, dentro ou fora do lote que vise chamar a atenção da população para ofertas, produtos ou informações que não aquelas estabelecidas nesta lei".
Também não é permitido o uso de imagens, fotos, pinturas, textos e apliques nos imóveis visíveis ao público "com fins promocionais ou publicitários, que visem chamar a atenção da população para ofertas, produtos, marcas comerciais, promoções, liquidações".
A multa prevista é de R$ 10 mil mais R$ 1.000 por metro quadrado excedente do permitido pela lei.
A Coca-Cola Femsa informou que seguiu "todas as normas e leis" na ação em Itaquera. A intenção, segundo a empresa, é levar melhorias ao bairro e criar um ambiente de "boas-vindas".
A Ambev informou desconhecer esse tipo de ação publicitária naquela região e que a iniciativa partiu de revendedores da marca.
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