Djokovic ser quem é, nas circunstâncias em que cresceu, é extraordinário, diz biógrafo
Autor de "A Biografia de Novak Djokovic, o jornalista sérvio Blaza Popovic disse à Folha que considera o tenista "extraordinário" e um "fenômeno" por ele se ter transformado em número um do mundo apesar das condições nas quais cresceu em Belgrado, sob bombardeios da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), guerra civil e crise econômica no fim do século passado.
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Divulgação |
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Capa de "A Biografia de Novak Djokovic", de Blaza Popovic, ed. Évora, R$ 59,90, 588 págs. |
Folha - Quando e como você decidiu acompanhar a carreira de Djokovic e escrever sobre ela?
Blaza Popovic - Eu tenho feito entrevistas com Nole e outros tenistas profissionais para a TV sérvia desde 2009, e também escrevi algumas reportagens para revistas esportivas da Sérvia nos últimos dois anos. A ideia de livro veio do Brasil, da editora Évora.
Como uma editora brasileira lhe encontrou?
O primeiro contato foi em novembro de 2011 por meio de Diana Gabanyi, ex-relações públicas de Guga Kuerten. Ela me indicou à editora.
Você e Djokovic são amigos?
Nós somos amigos em um nível profissional, uma relação entre jornalista e tenista, e, claro, nós crescemos na mesma cidade, Belgrado.
O que pensou quando soube que a biografia seria lançada primeiramente no Brasil?
Eu apoiei. É importante para o livro ser publicado primeiro, se não na Sérvia, em um país onde as pessoas apreciam esporte, neste caso o tênis, e onde as pessoas são semelhantes aos sérvios, como os brasileiros.
A guerra civil, os bombardeios, enfim, a situação da Sérvia teve uma grande influência na formação de Djokovic?
Passados 20 ou mais anos ainda é uma marca profunda na história da Sérvia. Nos encontramos em uma situação muito estranha e ruim. Enquanto as nações da Europa foram se unindo e todo o mundo caminhava em uma direção, as pessoas na Sérvia estavam cercadas de injustiça, pobreza e derrotas. Eu não estou exagerando quando digo que as consequências do que aconteceu ainda são imprevisíveis. Muitas gerações foram perdidas, o que é mais trágico. Eu não chamaria isso de nacionalismo. Faço parte desta nação, assim como Novak Djokovic, por isso queria escrever a história dele sobre o contexto dos acontecimentos que marcaram sua infância.
Qual você acredita que é o grande tema do livro?
Nole é um fenômeno. Com cinco anos de idade ele tinha um tremendo desejo de se tornar um campeão. O fato de ele ter se tornado quem é hoje, mesmo sem as melhores condições de treinamento, e nas circunstâncias em que cresceu, sem o apoio que outros atletas talentosos tem, é extraordinário.
O que mais vai surpreender o leitor?
Que o mais importante para o sucesso é o caráter. O caráter humano. Talento é importante mas me parece que não é decisivo. É uma característica de grandes atletas se levantar depois de uma derrota, aprender uma lição, e ser mais bem-sucedido na próxima vez. Eu diria que Nole, em seu crescimento, tinha muito o que aprender e muitos obstáculos a superar em sua carreira para se tornar um campeão. Todos nós, em nossas vidas, estabelecemos metas. Com a história de Novak Djokovic podemos aprender como alcançá-las.
Editora Évora/Divulgação | ||
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O tenista Novak Djokovic, em 2001, com a camisa do clube Partizan, de Belgrado, na Sérvia |
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