Contra violência, governo e entidades discutem medidas como tirar pontos de times
Depois da pancadaria entre torcedores no jogo entre Atlético-PR e Vasco, no último domingo, em Joinville (SC), o governo federal, CBF e outras entidades iniciaram nesta quinta-feira a discussão de medidas para garantir mais segurança nos estádios e endurecer as punições, incluindo a perda de pontos para os times.
No total, o grupo de trabalho montado estabeleceu nove pontos para discutir e implementar nos próximos meses. Muitas delas, contudo, ficam no campo das "orientações e sugestões" e não há prazo.
Uma das medidas mais polêmicas será discutida pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e pelo Conselho Nacional do Esporte, para aumentar a responsabilização dos clubes em episódios de vandalismo.
Segundo o presidente do STJD, Flávio Zveiter, o tribunal irá propor três medidas: aumento das penas de multa, aumento do número de perdas de mando de campo e até a perda de pontos para casos "gravíssimos". Zveiter disse que as medidas já podem valer para o campeonato de 2014.
"Será uma sugestão ao Conselho Nacional do Esporte, que poderá discutir para aceitar ou não. Seria viável para o campeonato brasileiro do ano que vem. Para os estaduais de 2014, não", disse.
A proposta teve o apoio do ministro Aldo Rebelo (Esporte). "O clube teme mais perder três pontos do que R$ 3 milhões. A cobrança por três pontos será muito mais dura pela torcida em cima dos dirigentes. O dinheiro ele pode pedir emprestado", disse.
Na reunião, o governo evitou tratar do episódio de violência entre as torcidas de Atlético-PR e Vasco. Mas Aldo Rebelo disse que, se houvesse efetivo policial, todos os presentes poderiam ter sido presos em flagrante.
MEDIDAS
Alguns dos pontos discutidos na reunião não poderão ser implementados de imediato, por dependerem de mudanças na lei e apoio dos Estados. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) evitou falar em prazo, mas disse que o governo e as entidades vão "correr".
A ideia é fazer três reuniões antes de bater o martelo sobre as medidas. Haverá reuniões com secretários de segurança pública, com os conselhos nacionais de Justiça e Ministério Público, além de CBF e STJD.
São nove pontos: criação de um guia de segurança nos estádios, sugestão aos Estados para a criação de juizados de torcedores, sugestão de criação de delegacias torcedores, nacionalizar e efetivar o cadastro de torcedores impedidos, aumentar a responsabilização dos clubes, integração e uso da inteligência policial para prevenir brigas, melhoria de estádios que não são da Copa, criação de uma câmara técnica no Ministério da Justiça sobre intolerância esportiva e encaminhar ao Congresso um projeto de lei sobre segurança privada.
A reunião é consequência da briga entre torcidas no jogo entre Atlético-PR e Vasco, no qual quatro torcedores saíram hospitalizados. A segurança foi feita uma empresa privada --a PM ficou do lado de fora.
Cardozo disse que a lei é "clara": a polícia deve estar dentro e fora do estádio.
Enquanto o governo escalou dois ministros para discutir o assunto, a presença dos dirigentes de futebol foi mais tímida. O presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa, José Maria Marin, não participou da reunião. Vieram somente um dos vice-presidentes da CBF, Weber Magalhães e o procurador Fernando Capez, além do gerente de segurança do comitê, José Hilário Medeiros.
Essa não é a primeira que vez que o governo se reúne com entidades e representes dos times para tratar do futebol. Em setembro, o Ministério do Esporte começou a debater soluções para tratar do preço dos ingressos nos estádios. As medidas, contudo, ainda estão em discussão.
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