'Mais notícias ruins virão', diz Blatter em abertura de congresso da Fifa
O local escolhido para a abertura do 65º Congresso da Fifa nesta quinta-feira (28), em Zurique foi um teatro. Na plateia estavam os principais cartolas do futebol mundial, dirigentes de 209 federações.
No palco, subiu o presidente da entidade, Joseph Blatter, 79, constrangido, um dia depois da operação que prendeu sete cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, acusados pelas autoridades norte-americanas de envolvimento num esquema de corrupção de pelo menos US$ 150 milhões.
O espetáculo durou aproximadamente uma hora e 20 minutos, com imagens, performances e músicas exaltando a Suíça e o futebol.
O ato principal coube a Blatter e durou apenas seis minutos. Em discurso, o presidente da Fifa buscou se desvincular do episódio que atinge a imagem da entidade às vésperas da eleição marcada para esta sexta-feira (29) e que deve reelegê-lo para um quinto mandato.
No cargo desde 1998, Blatter admitiu à plateia que a Fifa vive crise "sem precedentes", mas atribuiu a terceiros a responsabilidade por colocarem a entidade máxima do futebol no centro do maior escândalo de sua história.
Disse não poder "monitorar todo mundo a toda hora" e afirmou que não permitirá que "poucos" destruam um "árduo trabalho" feito pela maioria pelo futebol.
"Ações individuais trazem vergonha e humilhação e demandam ação e mudança de nós todos", disse.
A imprensa foi colocada no andar superior do auditório do teatro, sem chance de enxergar a reação dos cartolas presentes nas cadeiras.
"Os corruptos no futebol são uma pequena minoria, como na sociedade", disse o dirigente. "Não pode haver lugar para qualquer tipo de corrupção. Os próximos meses não serão fáceis para a Fifa. Estou certo de que mais notícias ruins virão", disse.
Antes de subir ao palco, Blatter foi recebido no auditório por uma discreta salva de palmas por alguns dirigentes a dez minutos do começo da cerimônia de abertura.
Os cartolas chegaram em carros luxuosos e protegidos por seguranças que impediam o contato dos dirigentes com os jornalistas.
Um desfile de bandeiras de federações e confederações continentais abriu a cerimônia. Uma delas era a da Concacaf, entidade que reúne os países da América do Norte, Central e Caribe, cujo presidente, Jeffrey Webb, foi um dos sete cartolas presos na ação policial na quarta-feira.
UEFA
Mais cedo, Blatter cancelou presença em um evento para comparecer a uma reunião de emergência com os presidentes das confederações continentais –com exceção do da Concacaf, obviamente, porque está preso.
Entre os presentes estava o presidente da Uefa, a confederação europeia de futebol, o francês Michel Platini.
A entidade, que faz oposição a Blattter, se reuniu à tarde e recuou da ameaça de boicotar a eleição desta sexta.
Platini disse que pediu pessoalmente para Blatter renunciar ao cargo. "Ele disse que era muito tarde, que o congresso já iria começar."
O ex-jogador francês afirmou ainda que, com a provável vitória de Blatter nesta sexta, as relações entre a Uefa e a Fifa vão mudar.
Não descartou nem mesmo boicotar a Copa. "Todas as opções estão abertas. Se ele vencer, vamos discutir nossas relações com a Fifa", disse o dirigente francês.
Marcelo Pliger/Editoria de Arte/Folhapress | ||
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