Torcida pede saída de empresa de Hawilla do comando de time dos EUA
Reprodução/Facebook | ||
Jogadores do Carolina RailHawks (de laranja) em partida contra o Minnesota United FC, nos EUA |
Controlado pela Traffic USA, braço norte-americano da companhia do empresário brasileiro J. Hawilla, o time de futebol Carolina RailHawks acabou envolvido indiretamente nos problemas da empresa com a Justiça. Agora, seus torcedores querem a Traffic fora do comando.
A principal torcida organizada do clube, Triangle Soccer Fanatics, publicou uma carta aberta ao presidente da liga em que jogam os RailHawks, a NASL –uma espécie de segunda divisão do futebol americano–, pedindo a saída da empresa.
"A TSF acredita que não é mais do interesse da comunidade ser afiliada de qualquer forma com um proprietário que se declarou culpado de acusações criminais", diz a carta.
Os torcedores querem que a liga revogue os direitos da Traffic sobre a franquia e assuma o controle do time, até que um novo comprador apareça. A ideia é que um grupo local assuma o clube.
"Achamos que essa é a forma mais eficiente e, legalmente, o jeito mais limpo de fazer as coisas", afirmou Jarrett Campbell, presidente da organizada, à Folha.
"Estamos bastante preocupados com as consequências das investigações do Departamento de Justiça. A última coisa que queremos é que o nosso time seja envolvido no meio disso, que eles congelem os nossos recursos ou algo assim", disse.
A Traffic comprou o clube em 2010, à beira da falência. A companhia tinha interesse em manter o time vivo para jogar na NASL, em que investiu US$ 4,5 milhões (R$ 14 milhões), segundo o site esportivo Northern Pitch.
"Na minha opinião, a Traffic comprou o time porque ele era parte da NASL, em que eles estavam investindo. Nunca achei que eles tivessem uma visão de longo prazo para o time", disse Campbell.
Hoje, a NASL tem 12 times –o maior destaque é o New York Cosmos, em que Pelé jogou nos anos 1970. Nesta semana, a liga anunciou a entrada de mais uma equipe na próxima temporada, o Puerto Rico FC, cujo principal financiador é o jogador de basquete no NY Knicks, Carmelo Anthony.
Grande projeto de J. Hawilla nos EUA, a liga ainda é, em parte, controlada pela Traffic. Até a revelação das investigações da Justiça americana, Aaron Davidson, presidente da Traffic USA, era o presidente do Conselho da NASL.
Indiciado no processo, ele foi retirado do cargo, de acordo com comunicado divulgado pela liga no dia 27 de maio.
"Após a revelação das investigações em andamento pelo Departamento da Justiça, a NASL decidiu suspender o presidente do Conselho, Aaron Davidson, além de todas as suas atividades de negócios entre a liga e a Traffic Sports, a partir de agora", afirmou, no texto.
Além disso, segundo a liga, as atividades do Carolina RailHawks deveriam continuar normalmente, sob administração da gerência local.
Mas, para os torcedores, nada está claro. "Pelo comunicado, parece que eles não estão mais associados com a Traffic. Mas nós não acreditamos que isso seja verdade", disse o presidente da organizada.
"Então estamos pedindo que a liga responda nossas perguntas sobre o que é, de fato, verdadeiro. Qual é o tipo de influência que a Traffic ainda tem na liga?"
Procuradas, a NASL e a Traffic não responderam aos pedidos de entrevista da reportagem.
Hawilla, 71, se declarou culpado das acusações de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça em dezembro do ano passado. Ele fechou acordo com a Justiça dos EUA para devolver US$ 151 milhões (pouco mais de R$ 475 milhões) e vive em liberdade no país.
Davidson é um dos 14 indiciados no processo do Departamento de Justiça. Ele pagou US$ 5 milhões de fiança para aguardar os desdobramentos das investigações em liberdade.
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