Advogado que vai conduzir reforma na Fifa quer ficha limpa na entidade
Mike Blake - 16.ago.2004/Reuters | ||
François Carrard vai conduzir o processo de reforma da Fifa |
Responsável pelo processo de reforma do COI (Comitê Olímpico Internacional) após escândalo de corrupção, o advogado suíço François Carrard, 77, terá um trabalho semelhante na Fifa.
Ele foi anunciado nesta terça-feira (11) como presidente de uma comissão que levará aos cartolas da entidade sugestões de melhoria de gestão e criação de regras que diminuam a corrupção. Seu nome foi indicado à Fifa por membros da Uefa.
Carrard começará trabalhando com três bandeiras, conforme apurou a Folha.
São elas: 1) limitação de mandato dos dirigentes e dos integrantes do Comitê Executivo da Fifa; 2) divulgação dos salários dos membros da entidade; 3) criação de mecanismo que impeça que pessoas com problemas na Justiça recebam cargos, medida que, se vingar, seria uma espécie de ficha limpa da Fifa.
O suíço prevê a elaboração de normas para evitar suborno por parte de dirigentes nas eleições para a escolha das sedes da Copa –existem suspeitas de que houve propina para que o Qatar ganhasse a concorrência para Copa-2022.
A Fifa atravessa a maior crise da história, após a prisão de cartolas acusados de receber propinas para fechar acordos comerciais.
A investigação feita pela Justiça dos EUA levou o presidente Joseph Blatter a anunciar a sua renúncia e convocar novas eleições, que serão realizadas em 26 de fevereiro de 2016.
"Vou criar um conselho de consulta independente, constituído por representantes de fora do futebol, para apoiar o trabalho da comissão e fornecer uma camada adicional de peritos", afirmou Carrard em nota divulgada pela Fifa.
Diferentemente do trabalho no COI, quando ocupava o cargo de diretor-geral na investigação de suborno na escolha de Salt Lake City para os Jogos de Inverno de 2002 (leia mais à direita), Carrard não terá função executiva na Fifa. Comandará um grupo formado por 14 pessoas, além dele, mas sem "caneta" para promover mudanças.
A Fifa, porém, promete votar tudo o que for indicado durante o Congresso que elegerá o novo presidente.
A comissão é formada por 12 membros indicados pelas seis confederações continentais –não há brasileiros. Os outros dois representantes serão escolhidos por parceiros comerciais da Fifa, o que é uma novidade.
As denúncias minaram a relação da federação com patrocinadores, que ameaçaram até romper os contratos.
Por isso Blatter passou a ouvi-los mais. Um dos pedidos foi o de que o presidente sacasse o suíço Domenico Scala, anunciado inicialmente como o homem que elaboraria o projeto de reforma.
Scala era considerado muito próximo a Blatter, marca vista como ruim para que conduzisse as reformas.
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