Contrato de amistoso entre Argentina e Bolívia foi assinado na cadeia
Fredy Perez/AFP | ||
O presidente da FBF, Carlos Chávez, dá entrevista na cela após ser preso, em julho |
O amistoso entre Argentina e Bolívia, nesta sexta (4) à noite, em Houston, nos EUA, foi formalizado na cadeia.
Preso por denúncias de corrupção, o presidente da Federação Boliviana de Futebol, Carlos Chávez, assinou o contrato com os organizadores da partida no Centro Penitenciário de Santa Cruz de la Sierra.
A informação foi revelada pela BBC e confirmada à Folha pelo vice-presidente da entidade, Marco Ortega.
Segundo ele, o contrato foi assinado no início de agosto e pegou a atual administração de surpresa.
Em meio à crise detonada pelas denúncias de corrupção e prisão do dirigente, a FBF não tinha dinheiro sequer para pagar as contas do dia a dia, e a seleção boliviana não tinha um técnico.
"Tivemos que fazer uma vaquinha entre os clubes para pagar as passagens dos jogadores para Houston", contou Ortega, que ficou em Cochabamba.
O técnico da seleção boliviana Júlio César Baldivieso foi anunciado na última segunda (31) e assumiu a equipe que foi convocada pelos dirigentes na sexta (28).
A pressa acabou prejudicando a convocação da Bolívia, que chegou aos EUA sem lateral esquerdo.
Segundo o jornal boliviano "Página Siete", os dirigentes se esqueceram de indicar um jogador para a posição. Outros atletas não puderam embarcar porque não conseguiram tirar a tempo o visto para entrar nos EUA.
"Morreremos de pé", disse o treinador assim que chegou a Houston, nesta quinta (3), em um momento de sinceridade extrema.
Segundo reproduziu o "Página Siete", Baldivieso disse que esse é um jogo que "ninguém queria jogar".
Aizar Raldes/AFP | ||
O técnico da Bolívia, Júlio César Baldivieso, durante a sua apresentação |
COMO COMEÇOU
O amistoso entre Argentina e Bolívia foi organizado pelas produtoras argentinas Torneos Y Competencias (TyC) e Full Play, investigadas por casos de corrupção na Fifa.
Os dirigentes das duas empresas estão presos. Alejandro Burzaco, da Torneos, foi extraditado para os EUA. Hugo e Mariano Jinkis, da Full Play, estão detidos na Argentina e aguardam decisão sobre sua extradição.
Segundo a imprensa argentina, 13 seleções rejeitaram jogar contra a Argentina, por não querer se envolver com as duas empresas neste momento, entre as quais a seleção brasileira.
Procurada, a TyC não quis comentar a informação.
Segundo o jornal "La Nación", para garantir a partida – um teste para a seleção argentina a um mês do início das Eliminatórias da Copa da Rússia –, a seleção argentina baixou seu cachê de US$ 1 milhão para US$ 500 mil.
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