CBF nega falta de transparência e negocia acordo com catarinense
Joel Rodrigues - 9.out.2014/Folhapress | ||
Walter Feldman, secretário-geral da CBF |
O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, disse nesta segunda-feira (7) que "não houve restrição" ao presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, para ter acesso ao balanço financeiro da entidade.
Na tarde deste domingo (6), o dirigente catarinense obteve na Justiça uma liminar que suspendeu a reunião para aprovação das contas do mandato de Marco Polo Del Nero na CBF.
A reunião estava marcada para esta segunda.
"As contas estão abertas para todos os dirigentes aqui na CBF desde o mês passado. Fora isso, ainda deixamos os advogados do Delfim ver o material na sexta, mas eles se recusaram", disse Feldman.
A assembleia-geral teve início no final da manhã, mas foi interrompida logo em seguida.
"Esperamos que isso se resolva logo, sem criar problemas jurídicos", afirmou o secretário-geral.
Os dirigentes da CBF tentam convencer Peixoto a aprovar as contas na tarde desta segunda. Mas o cartola resiste.
A liminar foi concedida pelo juiz Paulo Assed Estefan.
Na sexta, advogados do dirigente foram à CBF pedir o balanço financeiro da entidade, que seria discutido na assembleia desta segunda. Eles tiveram acesso aos documentos, mas não foram autorizados a levar o balanço.
"Desse modo, presente o fumus boni iuris [fumaça ou aparência do bom direito] e atento, ainda, ao princípio da transparência, defiro parcialmente a liminar pretendida e determino a suspensão de deliberação", escreveu o magistrado.
Peixoto alega que recorreu ao judiciário para ter acesso de forma detalhada ao balanço da entidade, o primeiro da gestão Del Nero.
O presidente licenciado da CBF é investigado pelo FBI e pelo Comitê de Ética da Fifa. Ele é acusado de participar de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior.
José Maria Marin, seu antecessor na CBF, cumpre prisão domiciliar nos EUA acusado pelo mesmo crime. Uma CPI no Senado também investiga Del Nero.
As contas de 2015 da entidade foram feitas pelos dois dirigentes. Marin comandou a entidade até abril, quando passou o cargo para Del Nero.
O cartola paulista é investigado pelo FBI e pelo Comitê de Ética da Fifa. Ele é acusado de participar de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior.
"Não posso aprovar as contas da CBF no escuro. Eles sempre apresentam os números de uma forma bem resumida. Desta vez, diante das investigações, não podemos agir mais assim", disse Peixoto.
"Esperamos que isso se resolva logo, sem criar problemas jurídicos", acrescentou o secretário-geral.
Peixoto foi representado na causa pelo advogado Gerson Arraes, do Escritório Costa Barros.
No final desta manhã, um oficial de Justiça notificou o presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, 77, sobre a decisão. A assembleia está marcada para o meio-dia e teve início logo em seguida. Presidentes de federações de todo o país participam da reunião.
Mas os cartolas não devem votar as contas da entidade. A pauta prevê também a indicação dos integrantes do novo Conselho Consultivo e a apresentação do relatório financeiro da entidade.
"Desde sexta, estou pedindo o relatório de uma forma detalhada e não nos passam nada. Só me restou ir ao judiciário", acrescentou o dirigente catarinense de 75 anos.
Vice da CBF, Peixoto era o primeiro na linha sucessória até dezembro, quando Del Nero articulou um "golpe", como os opositores classificam a manobra, para afastar o catarinense do poder.
Numa eleição convocada às pressas, os aliados de Del Nero elegeram o presidente da Federação Paraense de Futebol, Antonio Carlos Nunes, 77, para entrar na vaga de vice deixada em aberto por Marin após a prisão no exterior.
Pelo estatuto da CBF, o vice mais velho assume em caso de renúncia. A CBF tem cinco vices. Além de Peixoto, Marcus Vicente e coronel Nunes, Fernando Sarney e Gustavo Feijó também são vices na confederação.
Del Nero está afastado do poder desde dezembro, quando o FBI o acusou de se beneficiar do esquema de recebimento de propina.
Em janeiro, Nunes começou a comandar a CBF.
Peixoto é o presidente de federação mais crítico aos métodos de comando da atual diretoria.
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