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Crise
dá show de desinformação
Gilberto
Dimenstein
O ministro
da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que a cúpula do
governo estava desinformada sobre o tamanho dos riscos de
racionamento - e, assim, demorou a agir. "Houve seguramente
uma falha de comunicação e coordenação
entre as várias partes do governo", reconheceu.
A cada
dia que passa, em meio a projeções tenebrosas
sobre o impacto da escassez energética, vemos como
a crise foi movida, em larga medida, a desinformação.
A desinformação
vai da alta cúpula do governo, a começar do
presidente da República, até o mais humilde
dos consumidores. A verdade: ou os técnicos não
advertiram o governo, ou o governo foi advertido e não
fez nada. Ou, quem sabe, os técnicos também,
não sabiam. Não se sabe o que é pior:
a ignorância ou a omissão. A julgar pelo tamanho
da crise, misturaram-se ignorância e omissão.
A desinformação
atinge a imensa maioria dos brasileiros, mesmo os de maior
poder aquisitivo e educacional. Pela primeira vez, os consumidores
estão recebendo informações sobre os
gastos de energia de diferentes aparelhos eletrodomésticos.
Quantas pessoas, por exemplo, sabiam que uma hora de chuveiro
elétrico equivale a seis horas de computador. A verdade
é que, graças à sensação
de abundância eterna de energia, ninguém se preocupava
com os desperdícios - nem mesmo quem deveria alertar
o país sobre os riscos.
Se, a
partir de agora, a nação ficar mais atenta à
administração desastrada dos recursos naturais,
a crise terá tido, pelo menos, algum efeito pedagógico.
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