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ACM é um fenômeno de antimarketing

O senador Antonio Carlos Magalhães está dando uma monumental aula de marketing - mais precisamente, de antimarketing.

Da condição de todo-poderoso, temido, reverenciado, manipulador da mídia, empunhador da bandeira da moralidade, padrinho de ações sociais, ele, agora, vê-se cercado, acuado, correndo o risco de ser cassado, acusado de comandar a violação da votação secreta que cassou Luiz Estevão. Sua situação ficou ainda mais complicada ontem devido à confissão pública do senador José Roberto Arruda, confirmando as informações da ex-diretora do Prodasen, Regina Borges. Na prática, igualou-se, aos olhos da opinião pública, a Jader Barbalho, seu maior rival.

Esfrangalhou-se rapidamente a imagem nacional que ele vinha construindo e já lhe rendia pontos nas pesquisas sobre sucessão presidencial. É um dos principais responsáveis por três ações, no ano passado, que, isoladamente, garantiriam prestígio a qualquer político: aumento do salário mínimo acima do índice fixado pelo governo; CPI do Judiciário; e Fundo de Combate à Pobreza.

Pela primeira vez, ameaçou-se a prepotência do Judiciário. A CPI teve efeitos que encheram as manchetes: Lalau encanado e a cassação, pela primeira vez na história, de um senador. O Fundo de Combate à Pobreza separou R$ 4 bilhões no orçamento, drenado, especialmente, para o programa bolsa-escola. É, hoje, o maior programa social brasileiro, graças a esse bombeamento de recursos - nada poderia tirar tanta gente da condição de indigência em prazo tão curto e com efeitos tão positivos nos indicadores educacionais.

ACM pode defender-se quanto quiser: pouca gente vai acreditar que ele não esteve por trás da violação do painel de votação. Até porque ele, em conversas reservadas, contava que sabia dos resultados - e muita gente no Congresso, a começar dos jornalistas, sabia disso.

Ele foi vítima de si próprio. Na sua arrogância e prepotência, acostumado quase sempre a vencer, não poderia imaginar que a sociedade estivesse mais atenta e organizada para flagrar deslizes. Por mais que apanhe em Brasília, desgastado no resto no país, ACM vai ser figura popular na Bahia, quase um personagem mitológico. Mas as chances de reverter sua imagem nacional acabaram - ele teria de ser muito mais jovem e a opinião pública tem muito menos memória.

 
 
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