Perto
da incompetência, a corrupção é
o mal menor
O prejuízo
do racionamento de energia elétrica vai ser de R$ 30
bilhões. Esse cálculo está num relatório
de economistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e
mostra que, comparada ao custo da incompetência, a corrupção
consegue ser um mal menor.
É
fácil de entender. Estimava-se que o Produto Interno
Bruto - a soma da produção de bens e serviços
- cresceria este ano 4,5%. O impacto do racionamento, segundo
os técnicos, deve ceifar o crescimento, limitando-o
a 1,5%. Esses 3% podados do bolso dos brasileiros significariam
os R$ 30 bilhões. Some-se o corte de empregos (algo
como 800 mil) para se ter uma pálida idéia da
tragédia.
É
consenso que essa crise foi provocada essencialmente pela
escassez de competência - inclusive da imprensa, incapaz
de detectar um problema tão grave, advertido, nas próprias
páginas da imprensa, por técnicos.
Quantos
golpes nos cofres públicos seriam necessários
para angariar R$ 30 bilhões? Não há a
menor dúvida de que os erros de políticas públicas
são mais devastadores do que a roubalheira.
Mas existe
uma questão de marketing. Notícias sobre corrupção
atraem mais atenção, entronizadas na guerra
entre o bem e o mal: são notícias com cara e
alma de personagens conhecidos projetados nas trevas.
Acompanhar
políticas públicas e detectar erros exige paciência
de acompanhamento de longos e intricados processos, o que
não tem charme para o leitor comum. Quantas pessoas
teriam interesse em acompanhar as negociações
sobre o preço do gás que, afinal, impediram
a construção de usinas termoelétricas
e ajudam a explicar a entender a escassez de energia?
O problema
é que nem sempre vemos nitidamente os efeitos da incompetência;
no caso da energia, vemos nossas casas escuras. Imagine se
pudéssemos acompanhar e avaliar os custos de erros
das políticas educacional, de segurança, de
saúde, agrícola, industrial, entre outras, nas
esferas da União, Estado e Municípios.
O amadurecimento
político do país será medido pela capacidade
de o cidadão ter mais recursos para prestar menos atenção
no show e olhar os processos decisórios.
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