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27/10/2003
Excluído do transporte vira "morador de rua"

O faxineiro Nelson da Silva, 30, tem casa e salário, mas leva a vida de um morador de rua - ao menos de segunda a sexta-feira, quando dorme num albergue da zona sul. Nos finais de semana, mora com a família - mãe, irmãos e sobrinhos - em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo.

A "escolha" de Silva de passar seis das sete noites da semana numa habitação coletiva, ao lado de desconhecidos, com horário para entrar e sair, regras rígidas para alimentação e convivência, é motivada pela despesa para se deslocar da sua casa ao serviço. "Não sobra para a condução", diz.

Silva faz parte de um contingente de trabalhadores que, embora tenham família e até teto, se misturam aos demais moradores de rua em razão dos custos para se deslocar todos os dias. Não se trata de nenhum grupo dominante entre a população que dorme nas calçadas e albergues. Mas é um fenômeno que tem chamado a atenção de especialistas.

"Não temos ainda como quantificar e não se pode generalizar. Mas não são casos isolados. É um subgrupo que está crescendo", diz Silvia Maria Schor, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP), que coordenou, há três anos, a mais abrangente pesquisa sobre os moradores de rua na capital paulista e que finalizou, na última semana, a fase de coleta de dados de um novo levantamento, a pedido do governo Marta Suplicy (PT).

Schor conta que, recentemente, identificou casos de moradores de rua "com teto e sem dinheiro para a condução" especialmente entre os catadores de lata e de papelão. Ela lembra do caso de seis homens, residentes em Franco da Rocha (Grande São Paulo), que trabalhavam na Barra Funda durante a semana, dormiam dentro dos carrinhos e só voltavam para casa, juntos, no sábado.

No levantamento feito em 2000, a Fipe apontou a existência de 8.706 moradores de rua em São Paulo, dos quais 42% frequentavam albergues. Mais de 60% trabalhavam em alguma atividade (catador, camelô, pedreiro e carregador, por exemplo) e a renda média mensal atingia R$ 284.

De 1995 a 2002, a média de usuários dos ônibus urbanos no país caiu 30%. Em São Paulo, a queda beirou 50%. A principal razão foi a elevação da passagem -que subiu de 28,7% a 62,2% acima da inflação no Plano Real, conforme levantamento em oito capitais brasileiras.

 

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